sábado, 31 de dezembro de 2011

Esnobe






Sempre fui assim, acanhada; despercebida, low profile. Foragida de gritos escandalosos, abraços demasiadamente apertados, ou barracos em lugares cheios. Cética, escolhia ficar de fora de todo esse tráfego intenso de movimentos e superficialidades. Observadora das sensações alheias, interrogadora de dores e delícias, questionadora de posicionamentos, virtudes, e verdades. Contudo, mantendo tal barreira divisória e indivisível; necessária. Aquele ponto crucial entre se tornar, ou ficar apenas na especulação. E aí, às vezes, vinha alguém e comentava com não sei quem outro, fulano de tal, o que chegava até mim: é metida. Ou diziam então, que: ela é esnobe. Enjoada. Quando na verdade, era só essa minha mania infantil de observar o movimento dos corpos, suas alegorias endógenas e restritas, tentando decifrar sempre, quando é que o ser que somos de fora, se une à toda essa intimidadade oculta que carregamos dentro de nós. Ver, antes de agir; sempre. Sem nunca encontrar a resposta, me permitindo teorizar que, alguns vinham para a vida carregados de uma sorte que, outros só teriam em pensamento - ou sonho. E falavam então, que ela olhava de cima, por entre o nariz empinado, e o pescoço erguido (com um ar superiormente egípcio que nem eu mesma havia conhecido em mim), com desprezo e dó por todos esses e aqueles que por entre o cotidiano atravessavam. Enquanto não passava de uma menina com olhos atentos e vivos, a boca semi-cerrada , figurando a mesma cara amarrada de sempre. Insegura, descabida em si. Olhando para os pés, ou mesmo decifrando o chão e quaisquer desigualdades nele postas, caminhos ainda incompreensíveis, distintos. Ajeitando as roupas meio amassadas, e fingindo pouco ligar pro resto do mundo: feliz apenas em estar consigo e ninguém mais; completa numa solidão cúmplice de ser sozinha - e não se descabelar por conta disso. Tendo em mente que em sua própria companhia, não há margem para o erro, não existe quem a trairá. E se com cuidado me amedontra estar com os outros, e expor minha opiniões e gostos, isso é medo puro, e não falta de vontade. Cuidado, e não efusividade. Porque as conclusões exatas, só podem ser tiradas do forno quando conhecemos o não só as lágrimas, quanto o sorriso alheio. As graves faltas, os desejos mais profundos e disseminados. Convencidos somos todos nós, das próprias crenças, daquilo que nos cerca e podemos atingir. Talvez por isso, assim quieta e desinteressada nos fatos comuns, nas histórias repetitivas, e das pessoas sem sal nem pimenta, assim: esnobando a vida, se resguardando em si. Don't be shy

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Andressa Responde: : A querida e o coitado típico






Oi Guria,
Primeiramente, gostaria de agradecer por este ano de 2011, pelos seus textos, tweets e afins. Tua paciência e solidariedade de doar um tempo do seu dia para responder e aconselhar à muitas leitoras em situações tensas! 


Ó, mas muito obrigada, dona moça.


Meu agradecimento vai um pouco mais além, afinal é a segunda vez que te escrevo. Segui seu conselho quando me respondeu sobre a ciumeira do meu querido e, it works! O ciúmes já não era mais um problema, foram outros fatores que me levaram a refletir e repensar a possível continuidade ou não de uma caminhada juntos, e eis o meu desabafo e pedido de ajuda.


Vambora, então.

Quatro meses de namoro, tudo estava correndo bem...Se não fosse pelo "coitadismo" dele (sim, depois de ler o seu texto sobre o assunto decidi que era a melhor hora para escrever). Por 4 meses acho que pude sentir o que é "ser o homem da relação" e você entenderá bem o porque disse isso.


Ui, medo. Vamos adiante ver o porque então.



Sempre fui uma pessoa positiva, "pra cima", que gosta de rir e fazer piada até da própria desgraça, alegre, e super ativa com tudo, tentei fazer da minha vida uma aventura a cada dia, correndo, conquistando e lutando até o fim por algo que queria muito! Essa sou eu: típica sonhadora que, quando quer algo, não apenas sonha, mas torna real. Já ele, é uma pessoa "tranquila", prefere o silêncio. Sempre com um motivo para lamentar e cheio de crises existenciais e problemas familiares. Um Don Juan, galanteador com as palavras (aliás, sabe usá-las como ninguém) mas com atitudes de menino, e não de homem.


Daí, realmente complica. Acho difícil lidar com os problemas alheios. Tá certo, ter um companheiro ao lado ameniza, faz com que a gente se sinta mais confortáveis, enfim. Agora, cada vez que surge algo, mínimo ou não, fazer disso um mimimi que não acaba nunca, não dá. Cadê momento de felicidade à dois que antes existia, né? É complicado ver morrer assim relacionamentos porque as pessoas querem ser 2 em 1. Individualidade, gente, é bacana também e deixa que o namoro respire.

Todo mês (sim, TODO mês) tinha algo para se lamentar: era o fato de termos vidas diferentes financeiramente (ele tinha uma condição inferior à minha, o que pra mim não é algo tão relevante assim) ou o fato de estarmos em cidades diferentes...


A vida financeira ser diferente é um pouquinho hard level, ok. Mas nada que muito amor não supere. Essa coisa de relacionamentos entre classes sociais distintas tem muito que a telenovela injetou no comportamento cultural do povo, não acham? Hoje em dia, se as pessoas se esforçam, isso quase nem transparece mais - a não ser que seja algo absurdamente desnivelado. Agora, cidades diferentes, pra mim ainda é o que já disse: BEM complicado e digo por experiencia própria por sofrer com isso diariamente. Em algum momento acaba sendo péssimo e a distância abre a porta para a carência que deixa a janela aberta, e quando vê, se não souber lidar, já era o relacionamento.



E quando ele não tinha esses espasmos emocionais, de repente apareceu (do nada) a mãe dele (que o abandonou com a irmã há uns 3 ou 4 anos atrás) que encontrava-se no hospital por causa de um acidente de carro e..E enfim: sempre um chororô diferente, todo mês! Naturalmente eu, como uma boa namorada, sempre apoiei e ajudei, consolei e fiz de tudo que estava ao meu alcance, mas tem uma hora que cansa né? E essa hora chegou...


Se a vida dele tá sendo barra e coisa e tal, ele vai ficar ainda mais arrasado e ser mais "coitado" do que já aparenta. Agora, se está fazendo o encantamento em relação ao amor que sentiam sumir, não tem mesmo jeito. A gente já tem problema demais pra que, a pessoa que a gente escolheu pra dar leveza ao dia-a-dia o pese. Se quiser terminar, a hora é mesmo agora. Final de ano cai bem pra essas situações.

Se for pra ser assim 2012 inteiro, prefiro parar por aqui. Triste, mas não posso carregar um fardo maior que meus ombros conseguem suportar. E depois de demoradas conversas por telefone, ele disse que viria pra minha cidade para terminar de modo decente, afinal, terminar por internet e telefone é muito comodo. Tudo bem, aceitei.


Só espero que ele não te faça mudar de ideia. Claro, é mesmo uma covardia acabar por telefone, celular, internet. Mas sabe, ao vivo a gente tende a não cair a ficha, a cair na conversa, cuidado. Vá certa do que quer.


Acredito que seja a melhor forma, até porque, tem coisas que a gente se adapta, mas caráter e personalidade são coisas imutáveis e se quatro meses já foram iguais, porque deveria acreditar que seria diferente daqui pra frente?


Verdade, eu concordo. Não acho que o falte esses dois componentes, mas sim que, ele não dá crédito à si mesmo. E conviver com quem a gente constantemente tem que ficar colocando pra cima é dose, né? Não nos acrescenta, assim como a pessoa não evolui.


E tem outros dois fatores que agravam a situação: meus pais não aprovam nosso namoro (mas permitem mesmo assim) e ele não tem o perfil de trabalhador (não quero alguém rico, mas que seja trabalhador, que se sujeite) e como conviver assim, eu trabalhando e lutando pelo meu espaço na sociedade, ralando o dia todo e ele no facebook e twitter o dia todo, estudando à noite e dando aula de Ed. Física uma ou duas vezes na semana? (até porque ele não se sujeita em trabalhar em outra coisa que não seja "na área dele")


Ah, daí não dá MESMO. Os pais não aceitarem mas vocês conseguirem contornar a situação, ok. Agora, isso de ele ter uma tendência ao vagabundismo também é algo que não rola. Como pensar em futuro com quem não se esforça? Ainda mais quando a gente o faz. Não, não, não..Procure alguém que seja como tu, que compreenda o teu esforço. Acho que te darás melhor.

Ok, ele vem amanhã e resolveremos tudo, sem levar problemas para o ano que se iniciará...Mas como dizer pra ele tudo o que te disse? Não sei como colocar em palavras concretas e coerentes na hora H. Me dá uma luz amiga!


Olhe, só fale. É isso. Você quer terminar mesmo. Não serão amigos de uma hora pra outra, né? Ele já vai estar com raiva, acho que é a deixa perfeita para que você transpareça tudo isso que me contou: que era um peso ele colocar um tanto dos próprios problemas em você, que ele não se esforçava para ser alguém na vida, que ainda tem os seus pais que não aprovam, enfim..Acredito que esteja bem nítido que tu consegues coisa melhor e que, se ele sofre MESMO de coitadismo, era só um vampiro emocional desses que sugam todas as nossas energias boas, até não poderem mais. Enfim, boa sorte, um ÓTIMO 2012, acho que dará tudo certo e o melhor a se fazer é ser sincera - pra ver se ele amadurece um pouco e pra ficar como dica pros relacionamentos futuros do próprio. Beijoca!


Quer também participar do Andressa Responde? Vem bem linda com a história redigida em e-mail pra dessagoncalves_@hotmail.com e espere que daqui um pouco, aqui está.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Segura

Se o cara abre a porta do carro, não assoa o nariz em lenço que guarda no bolso e ri das suas piadas: segura, amiga! Caso ele não note a diferença entre você de maquiagem e sem, a leve para jantar, apresente aos amigos, mande mensagem inesperada e realmente fique triste quando você disser que não anda muito bem: agarre a oportunidade e fisge o rapaz como der, não deixe fugir. Vai que ele não fale muito, mas a escute quando convir, coma de boca fechada, não combine estampas, compreenda a sua TPM e aceite numa boa ver os filmes melodramáticos que nós, mulherzinhas, amamos: cuide bem do bilhete, aka. homem, dourado e valioso que, no presente momento possui. Se ele não pensar só em sexo e não tiver vadias e volta nem ex-namorada obcecada, se não houver nem bafo, nem chulé, nem asa, se ele beber e não escandalizar: possua, não perca, que o mercado anda fraco, e a concorrência, em cima. Mãos dadas e carinho em público, cinema à dois e cobertor de orelha no inverno, que fiquem. Se há abraço apertado e um estoque cheio de beijinhos inocentes (ou não), se a partilha de humor se fizer presente, se acaba a bateria do celular e você nem liga porque está sorrindo em frente à única pessoa que poderia ligar e colorir seu dia de alegria: fique. Nem tudo é perfeito, mas com o tempo se adapta, transforma e nos surpreende. Caso o cara lhe deixe segura e apresente para a família, use bastante xadrez e nunca as inovações bregas da moda feminina adaptada para homens, seja discreto e prefira cores sóbrias e sapatos simples: valorize. Basta andar na rua mais cheia da cidade para notar que bom gosto, hoje em dia, é também indicativo de sucesso - tamanha a quantidade de pessoas cafonas o mundo tem abrigado. Caso ele goste ele goste tanto da sua coxa grossa como você adora o cabelo dele bagunçado, caso cada um aceite o outro exatamente como é: se gostem, se apeteçam, se curtam. Se ele gosta de cachorros e crianças, prefere algo mais caseiro à festas lotadas de gente se caçando nos outros sem se encontrar em si mesmo, se a paz deixada por ele tem efeito duradouro, dias à dentro: atraque, antes que uma biscate qualquer o faça e estrague um potencial homem decente para o futuro. Sem medo de romantismo, sem vergonha de você pelas ruas (ao contrário, orgulho), partilhador da própria vida e curioso pela sua: vale a pena, deixe fluir, se atente ao querido. Se você se imagina numa boa rainha do mundo ao lado dele, rei; se a vida, as outras pessoas e o tempo param de existir quando juntos, se ele compreende a sua paixão por sapatos assim como você gosta que ele adore carros: se preservem. Não se percam, vedem os espacinhos imaculados para que os intrometidos espiem e opinem. Se ele cozinha, ou pede o seu prato favorito, se até mesmo o domingo ao lado dele se torna um dia perfeito, se o povo anda incompreendendo esse sorriso que não sai nem borra da sua face: pegue logo e não solte. Esconda um pouquinho afim de despistar o olho gordo. Se as respostas faltam e as perguntas, sem rodeiros respondidas, se há claridade, falas sinceras e confissões secretas, olho-no-olho: confio. Sem se jogar de imediato, mas dando um salto à entrega quando notar que não cairá sozinha caso se machuque. Caso a admiração seja mútua e o incentivo também, caso um sinta a falta do outro na hora de dormir sozinho, caso os signos nem mesmo combinem mas o gosto musical se case: vá, mas ainda não fundo. Sentir aos poucos é prolongar a sensação. Se todos os casais do mundo são nojentos e dão raiva quando não são vocês, se a vontade de estar juntos for tanta que o dia de amanhã fica pro pensamento da manhã seguinte, se até mesmo a cosquinha que ele faz no seu pé ou na cintura ficar registrada como um dos melhores momentos da vida: com jeitinho, se enlace e deixe que do lado esquerdo dele, com liberdade e um desejo de desbravar mistérios, também queira se apegar no mesmo laço que tem prendido tudo isso. Forte e com fita mimosa; delicado, porém consistente. Quem sabe, a mão que segura seja mesmo amor.

Andressa Responde: Reciprocidade, uma importância

Oi Andressa! Sou leitora do seu blog há um bom tempo e, consequentemente, me sinto íntima para pedir um "help" pra você.

Se lê há tempos, é digno mesmo. Pois então, que comece o dilema.
Comecei um namoro e estava tudo às mil maravilhas, mas ele mudou do nada e começou a ser frio.

Indecisão, insegurança? Ou arrependimento?

Pediu um tempo e ficamos quase um mês separados, porém, nos falávamos todos os dias e ele sempre disse que me amava.

Que tempo foi esse? Quando se dá um tempo de um relacionamento - coisa que também não consigo acreditar, quando o casal volta, NUNCA é a mesma coisa - é pra sumir mesmo do campo de vivências do outro, certo? E ainda dizia te amar. Olha, pra mim, ele pediu para vocês se afastarem temporariamente, foi curtir a vida por aí e, como desejava te manter bem ali, na palma da mãozinha dele, ficava com esses "eu te amo" desnecessários para ver você quando bem entendesse.

Um dia desses, o garoto aparece chorando, pedindo desculpas e querendo voltar.

Só eu que vi certo desequilíbrio emocional no rapaz? Como ser feliz com alguém inconstante a esse ponto? Acho complicado.

Por amar - ou somente gostar muito - voltei, e estamos levando nosso relacionamento. O problema é que o dito cujo insiste em ficar de papinho com várias, e eu não aguento mais. Quando reclamo, ele diz que sou muito melosa e que ele não gosta disso. Quando não reclamo ele diz que não me importo com ele, que não o amo mais. Sinceramente? Não sei mais o que fazer.

Acabe. É simples. Ele parece reclamar até se você respira, e amiga, isso de dar papo pra várias não é algo normal, não. Que namorado decente faz isso no mundo? Temos que ser observadoras sim, e se você nota isso, imagina o que ele pode fazer nas suas costas, sem que tu nem imagines..

Queria que ele demonstrasse para mim o mesmo que demonstra para outras, no mínimo um afeto, mas ele não consegue, parece que tem medo de demonstrar e acabar se machucando. O certo não seria esse medo ser meu?

O certo seria nenhum dos dois ter medo de demonstrar nada. Quando gostamos de alguém, isso se torna algo espontâneo. Fique atenta mesmo, pois se você sente essa falta de reciprocidade do garoto, é porque geralmente já se deu demais onde ele em nada contribuiu para fazer você se sentir única. Se ele não demonstra, será que gosta mesmo de você ou é imaturo demais para ter qualquer relacionamento ainda? Pra mim, que não conheço o cara mas estou lendo aqui, fica uma mistura das duas opções, sendo sincera.
Feminismo à parte, mas cá entre nós: mulheres tem muito mais medo de se entregar por completo. Eu tinha que estar com medo e não estou, me entreguei para esse relacionamento e até agora, não recebi nada em troca. Esperava um pouco mais de sentimento da parte dele, ou melhor, atitude. O que eu faço pra ele demonstrar? Me ajuda.

Não existe receita milagrosa, e muito menos feitiço. Assim como não tem maneira que o obrigue a demonstrar, as coisas tem que acontecer por natural. Se ele não demonstra e isso te deixa mesmo muito triste, a ponto de questionar o quanto se doa e se sentindo inferior, meio babaca, acabe. As pessoas sentem umas pelas outras e gostam de demonstrar. Se ele não se preocupa com isso ou faz pouco caso, repense bem, se esse é o homem que vai te trazer alegrias, que pode construir contigo uma história bonita, ou que realmente se preocupe contigo. Na minha opinião, tu mereces coisa melhor. Acho que levar um namoro assim é bem difícil, e só dá espaço para que a insegurança, o medo, e a rejeição plantem suas ervas daninhas e criem ninhos de minhoca na sua cabeça. Espero que eu tenha ajudado, e boa sorte, guria!

Quer enviar a sua história/dúvida/dilema também? É só escrever bem linda e com discernimento, bom português e sem se prolongar demais que daqui uns dias aqui está! Envie para dessagoncalves_@hotmail.com e just wait

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Andressa Responde: Traição, namoro à distância e a culpa


Olá, Andressa! Acompanho seu blog há algum tempo e diante da minha indecisão, do momento que estou enfrentando, decidi enviar o email. É sempre bom ouvir a opinião de alguém que admiramos. Enfim, minha história é longa e cheia de pontos de interrogação.


Mas então bora lá tentar desvendar esse enigma, né?

Namoro há quatro anos com o mesmo menino, ou seja, desde os 16. Meu namorado é uma pessoa admirável, parecido comigo em diversos aspectos, querido, me apóia sempre e nunca me deu motivos para desconfiar do seu caráter. No início do relacionamento, me mostrei uma namorada ciumenta (também pela imaturidade, afinal, nunca tinha namorado antes), implicava com coisas banais e por N motivos. Terminamos após quase dois anos de namoro e nos afastamos por seis meses.


A imaturidade era algo normal, você era novinha quando começaram. Voltar depois de afastamento é que acho complicado. Reatar, inclusive, é algo que não recomendo e nem confio: penso que quando algo tem que acabar, é porque teve motivos - e foi a hora certa. E mesmo porque, sempre quando retomamos algo depois de um espaço de tempo onde preenchemos com outras pessoas, costumes diferentes, experiências novas, tanta coisa se perde no meio do caminho, não é mesmo? Mas continuemos.


Nesse meio tempo, conheci e me encantei por outro rapaz, bem diferente de mim. Sempre fui tímida ao extremo, com um círculo de amizades mínimo. Passei minha adolescência trocando baladas e meninos por livros e noites na frente da tv. Ao meu contrário, ele era popular, conhecido, já havia vivido muita coisa, conhecido muitas pessoas. Dono de um currículo enorme, estava sempre rodeado de muitas garotas.


Opostos tendem a se atrair, mas só permanecem juntos se estiverem mesmo dispostos, como diz alguma frase que circula por aí. O diferente nos encanta, mas será mesmo que tem força suficiente para se manter? Fica a dúvida.

Enquanto eu estava solteira (quando havia rompido meu namoro), o interesse partiu apenas da minha parte. Conversamos pouco, mas o encantamento imediato só partiu de mim. O tempo passou, e logo voltei a namorar. Sofri muito durante o término e me senti imensamente feliz quando voltamos. Tudo ia bem, até que em uma conversa no MSN, esclareci para este outro rapaz minha fascinação e ele enfim disse que sentia por eu ter voltado a namorar, pois gostaria de ter me encontrado. Sentia muito pelo que nunca havia acontecido. 


E quando você foi iniciar essa conversa, estava namorando, certo? Se sim, me explica, amada: por quê? Poxa, se voltou com o "mor" não era pra nem pensar em mais ninguém, não concorda? Desculpem se sou cega e fidelíssima ao extremo quando apaixonada, mas pra mim apenas a pessoa existe e deu. O resto masculino do mundo - e as piriguetes - que se explodam.


Desde então, me senti confusa e levei a história em 'água morna'. Continuei mantendo as conversas, confessando que me sentia dividida.


Wrong, wrong and wrong way...Tipo da coisa que não se faz, até porque, se fosse o TEU namorado, aposto que rolaria briga, né? Achei muito feio, sorry.


Certa noite, meu namorado que mora em outra cidade, disse que não poderia vir no fim de semana e então, decidi sair um pouco com algumas amigas pra fazer qualquer coisa simples.


Algo a ser chamado a atenção: eu não acredito em namoro a distância. É, isso mesmo: descreio. Isso sempre acaba acontecendo. Quem precisa ir buscar amor onde não vive é porque muito já colheu na própria cidade, essa é uma das minhas teorias - mas que, parece não se aplicar nesse caso, ok. Mas gente, não insistam: sempre acaba dando merda. É assim, numa saída banal pra fazer qualquer coisa que não seja estar com o namorado, opa, traiu. Namorem se realmente puderem ter tempo e ficar com a pessoa sempre. Do contrário, é complicado demais manter acesa a confiança, o amor e o desejo. Fora as piriguetes, é claro. Sempre algo a se comentar.
Como uma peça pregada pelo destino, encontrei o dito cujo na primeira esquina e, ao me ver sozinha, logo me chamou para conversar. Com o coração prestes a pular pela boca, fui sem pensar duas vezes. Ele foi claro, disse que não se importava com o meu namoro, que gostaria de ficar comigo. Não resisti e aceitei. Minha consciência 'dizia', 'gritava' que aquilo era errado, mas ao mesmo tempo, sentia que era necessário.


Putz guria. Me perdoa se eu for grossa, mas é que poxa, dá até certo nojo de ler essas coisas - mentiria se dissesse que não. Traição é o tipo da coisa que eu me recuso a entender e fico puta. Realmente incompreendo POR QUÊ, guria. É sério. Se tinha esse desejo e mantinha essas conversas, que acabasse o relacionamento vigente e fosse ser feliz, afinal, era um alerta de que, com o seu cornamorado não estava rolando.

Não podia manter um namoro com aquele ponto de interrogação, aquele desejo pelo que poderia ter sido e não foi. Era necessário passar por aquela situação para que visse o que era melhor. Enfim, sei que pode parecer errado, mas foi o que pensei na época.


Acho que não ameniza o que tu fizeste, mas talvez sirva como consolação, sei lá. Nunca passei por isso, e realmente, acho que não conseguiria. Penso que sempre há um jeito de que a gente possa frear essas vontades repentinas e que depois virão só arrependimento. Enfim, feito, acho que terias é que terminar com o namorado. Pensa também nele, coitado. E falar a verdade, que é pra não sobrar remorso nenhum dentro de ti.

Me senti extremamente culpada depois. Contei tudo para minha mãe, a única pessoa que iria me ouvir sem me julgar. Decidi deixar aquele momento arquivado na lembrança, como único, raro e bonito, mas levar meu namoro em frente, porém o problema seguiu comigo - os pontos de interrogação se multiplicaram e não consegui esquecer o rapaz em questão, assim como tinha a certeza de que não queria terminar meu namoro.


Por honra e respeito ao teu namorado, na minha opinião, o melhor era ele saber e deixar que ele terminasse contigo se não conseguisse perdoar.

Acabei cometendo o tal erro mais algumas vezes, fiquei com o moço e no fim das contas, saia com a sensação de que aquilo havia terminado ali, mas sempre procurava notícias através de redes sociais, mensagens no celular, ligações, notícias recebidas através de amigos em comum e etc.


Ou seja, você até quis que acabasse ali. Mas não. O inconsciente procurava a sarna pra se coçar e os estragos a serem feitos. Acho complicadíssimo, mas mantenho minha opinião. Deu peninha do seu namorado.

Ele continuou seguindo da mesma forma, ficando com várias, frequentando noitadas, bares, sempre na companhia de vários amigos. Meu namoro resistiu à tudo. Algumas vezes, confesso que descontei no meu namorado a minha dúvida, camuflada em distância, brigas, indiferença.


Mais pena do seu namorado que, por mais que more em outra cidade, parece realmente gostar de você. É complicada mesmo essa carência que a gente sente e não consegue suprir, e de repente, acha que quem estar perto acaba servindo, quando tudo que sobra no final é culpa e remorso. Achei tudo triste.


Iniciei um tratamento psicológico, pois não aguentava mais viver com aquilo. Segundo a terapeuta, eu sofria pois idealizava o rapaz como alguém perfeito, gostava do proibido e apesar de amar meu namorado, era escrava das minhas idealizações e desprezava o que estava ao meu alcance, pelo simples fato de já possuir.


Concordo duas vezes: por ter procurado ajuda e uma opinião neutra e com a sua terapeuta. Mas acho também que é um tanto que imaturidade sua, e que, com o tempo, tu conquistas.

No fim das contas, quando olho para o lado, quando vejo um companheiro, um amigo, um exemplo, alguém que poderia passar a vida toda, quando me vejo velhinha, vejo meu namorado ao meu lado. Apesar de não ser perfeito, de estar longe do que imaginei um dia, ele é a pessoa que escolhi. Parece feio dizer isso, logo após relatar que o trai. Um amor egoísta, que feriu, que quebrou um elo quando cometi o erro de ficar com outro mesmo estando com ele (que não sabe e nunca saberá dessa situação). Me sinto culpada, suja, quando penso no que fiz, mas enfim, gostaria de pedir sua opinião de tudo isso. Não consigo me afastar do outro, para quem sou a última opção. Não sei exatamente o que, mas qualquer palavra, por mais simples que seja, significa muito, pois me sinto perdida em meio a uma situação que eu mesmo criei. Agradeço desde já.
Beijos, beijos.


Poxa, menina...Então. Fui pontuando ao longo do que me escreveste, como de costume, mas acho que, sabe o que é? Acho que tu deve curtir um desafio, isso sim. E ter uma auto-estima baixa, e estar com ela ainda mais lá no chão depois de tais acontecimentos. Tem contigo alguém que parece dar valor, que te curte, cuida e gosta, mas aceita ser pisada por um cara que não está nem aí, o típico bon vivant que toda mulher tem em sua história. Como já disse: fale ao seu namorado. A culpa diminuirá, e a consciência, ficará vazia. Limpinha. Foi bem feio mesmo o que fizeste, esqueceu a razão sabe-se lá aonde, mas: para não estragar ainda mais, para não deixar que outras pessoas o façam, fale você. Arque com as consequências dos seus atos, é assim que a gente cresce. E então, espere que o seu namorado decida se deseja continuar como seu parceiro, se além de aceitar, perdoa, ou se ele prefere ser chamado de ex. Dê ao menos esse gostinho a ele, já que o estrago foi você quem fez. Se gosta tanto dele como diz, o quer sendo otário por anos a fio? Acredito que não. Por mais duro e difícil que seja, espero que meus conselhos tenham servido para algo. E boa sorte!


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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Eu ousei

"Feliz dois mil e ouse". Frase clichê mais dita, até mesmo por mim quando se deu a largada desse 2011 que hoje será apenas mais uma página do calendário virada. A dica para a vida era ousar muito, afinal, já se deixava a primeira década do século XXI para trás, e transgredir é também aprender. Mudar. No final das contas, fortalecer.

Incrível a sensibilidade que nos atinge essa época de finaleira anual, e que consegue fazer um balanço entre bons, ruins, prós e contras dos tantos quase 365 que ficaram para trás. Parando bem para refletir, mês a mês, eu ousei. E como. Encontrei uma força interior que nem eu mesma saberia se existir, se as situações extremas não se fizessem presentes. As cicatrizes - algumas fechadas, outras ainda em processo de otimização - finalizam seus ciclos, uma a uma: ter esperança é tudo que a gente consegue exprimir quando o futuro ali na frente é ainda sombra ao invés de foto revelada. Colorida.

Muitas mudanças, uns tantos tropeços, mas, felicidade: depois de aprender, fica fácil decidir entre o que deveria ter sido e aquilo que, de jeito algum, poderia ser. A gente, que gosta de passar a virada anual na praia, se puder quase enterra todos os erros afim de, assim de repente, acertar. A correria é louca, esses últimos dias se tornam um caos, mas dar um abraço apertado em quem fez nossos dias melhores e um beijo verdadeiro e recíproco assim que o relógio apontar 00:00 é quase uma dádiva. Ousei ao largar o conforto em troca da liberdade. Na escolha de, para se machucar menos, usar do afastamento ao invés de insistir naquilo que aprofundaria ainda mais os machucados que o tempo revela.

Mais uma vez, me atrevi e vi o quanto é bom ter a própria grana, poder sentir o peso de manipular o dinheiro ganho, e o quanto é importante trabalhar pelo que se quer; sonhar, mas também ir à luta pelo que se almeja. Arrisquei também ao decidir compartilhar a minha individualidade com quem a intuição tinha certeza que valeria a pena - e que de fato, ainda tem validade prolongadíssima. Maduramente, me permiti, além de me doar, também a delícia que pode ter a reciprocidade que é o amor. Aquele verdadeiro e bom, que só nos deixa com a sensação elétrica de desejar ser cada vez melhor, sabem? O próprio.

Podem detestar 2011 em paz. Eu deixo. Tive anos em que nada acontecia e achava a vida um tédio. Hoje, realmente não sei se quem não percebia o mundo em volta - ocupada demais comigo mesma, meus livros e vontades secretas - era eu, ou era a civilização toda atrolhada do que fazer que não me percebia decentemente. Acumuladas e torrencialmente, vieram todas quase juntas nesse dois mil e onze que se termina, muitas das mudanças que tanto quis ou já aspirei em tempos nórdicos. O resumo é contente, a retrospectiva, favorável. Acho que quando a gente se ocupa tendo realmente o que fazer, tendo com fidelidade e propósito a quem amar, e buscando cada vez um lugar melhor para estar em, tudo aca conspirando a favor. Se o mundo de fato vier a acabar num dezembro praticamente próximo, espero que eu possa fechar os olhos e agradecer, como será na meia-noite do primeiro dia quem que se iniciará logo mais. A ousadia ainda é a dica mais perspicaz. Porque só continua andando quem se encontra em movimento, e eu? Quero é correr!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Validade

Com pasta de dente que promete proteger por 12 horas, e desodorante que não vence por 24, cadê amor que dure mais de uma semana? É incrível como sonhamos com amores adequados, de laços duradouros e juras de eternidade que realmente se cumpram, e nos pegamos saboreando com gosto paixões instantâneas prontas em minutos. Ou três dias. Fugazes, breves, estonteantes. Tal como fosse prolongada, sem calcular o peso do dia de amanhã, a medida drástica de se entregar sem exigir nota fiscal. Se não de felicidade, de alguma segurança. Capenga, ou até insegura, mas de cabeça erguida, sono leve e mente tranquila: é normal, é cabível, é viver a vida com intensidade e muita vontade. 
Aprendemos a conviver com a superficialidade quase que por ordem, nos fizeram aceitar ser a personagem frívola na vida alheia, sem amarras e maiores preocupações. No meio dessa confusão inexata, a qual chamamos carinhosamente vida, descobrimos até mesmo que pode ser saudável a liberdade extrema, que a paz é o preço desse contrato assinado sem nem ao menos ler as letras miudinhas logo abaixo. Nada dói, tudo passa, e amanhã é outro dia. O leque é vasto, e as possibilidades se ampliam em esbarrões de ruas, em informações pedidas, num elevador compartilhado, naquele barzinho de sempre. As opções nunca foram tantas. Esquecemos as pessoas em casa, nos contatos do celular e cada dia somos diferentes do que ontem éramos. Uma nova versão, atualizada a cada manhã. Tudo é forte e fugidio, avassalador e acometedor. Hoje atração, amanhã gestos apaixonados, depois de amanhã insegurança, na semana seguinte, nunca mais. Sumiço, desfechos entreabertos, brechas para o futuro; buracos para o passado. Qualquer dia, na casualidade, um outro encontro, novo tom de sentimentos, um enredo inovador praquilo que deixamos para mais tarde.
Em consumo, buscamos a durabilidade daquilo que hoje não dispomos, sentimentalmente, talvez. O incomum tornou-se totalmente capaz: normal é não dar certo. Comum é saber a hora exata de cair de amores, e saber o momento ideal de levantar com vida. Ser sábio é notar em cada pessoa que nos atravessa o caminho a validade do destino que carregam em nosso caminho. Desencontros de anos. Reviravoltas de meses. Namoro longo, casamento, separação. Dois dias, três noites, e os melhores flashbacks para toda uma vivência. Válido, na verdade, é saber discernir do que nos alimenta cada um desses que cruzam o caminho: é de paz interior, e integridade? Com gosto de índole, e inteligência, desenvoltura? É no paladar que ou somos ganhos, ou nos deixamos perder. Por entre beijos, romanticismos, surpreendentes atos. Nos acertos, quando o mundo mostra que cada vez mais, é um lugar errôneo. Nos erros que, ironicamente, aprendemos a cultuar. A grande verdade é que, o tempo corre, e é minguado. Esgotado, sempre. Se damos nosso melhor, um passo e tanto para a vitória. Em recorde temporário. Caso nos encontremos com o prêmio de consolação no colo, por entre as mãos ou ao lado em uma sala de cinema, a sensação é tal a de perder não por incapacidade, e sim, por falta de ocasião.
Bom mesmo é crer que o perecível, se finda na hora exata: quando sua legitimidade termina. Alimentados de mistério e liberdade, identidade e maturidade, é de relacionamentos perenes que merecemos nos deliciar. Quem encontrar a mina de ouro, o brinde para a loteria, ou o caminho mais curto para a felicidade estável, conte. Espalhe. Chega de páginas puladas, e capítulos desordenados. A melhor mágica é poder descobrir o outro a cada dia, e se surpreender; o outro que pode ser o mesmo. Facetas, defeitos, manias, singularidades. Observar com atenção, e reinventar constantemente. É de início, meio e fim que nossas historietas precisam - nada de novelas intermináveis, com arroubos de ventura e agudas tristezas. Que seja válido enquanto dure.

Andressa Responde: E então, ela descobriu a senha do namorado no Facebook...

Oi guria, tudo bem?
Adorei saber que você também é capixaba, acompanho teu blog já faz um tempo mas sempre sinto vergonha de comentar nos teus posts, teu talento é incrível, não tem um dia que não passo por aqui, mas tá, vou parar de enrolar.

Que lindinha. Adoro ver as capixabas que leem cada vez mais aparecendo por aqui. Então, vamos lá que eu também não curto enrolação.

Namoro um cara já fazem 3 meses, tenho 17 anos, sou virgem e ele tem 20. Tive um outro relacionamento, assim, sério, que durou dois meses e só. Ele teve um que durou 1 ano e 2 meses. Sou tri ciumenta, e sofro por antecipação, isso é muito difícil pra mim.

Entendo bem o ciúme e a ansiedade, estamos quase dentro do mesmo clube. Três meses de namoro, idades praticamente regulares, prossigamos.

Há um tempo - não me pergunte porque - descobri a senha do facebook dele.

Cagada. Cagada, cagada e cagada. A gente namora, mas tem que ter uma vida paralela à da pessoa. Não tenho e não faço a mínima questão de ter a senha do meu namorado. Além de achar ridículo os casais que trocam e entram frequentemente para "rondar" o perfil alheio. Enfim, não faz meu tipo. Eu tenho até é medo de acessar e descobrir facetas, falas e contatos que meu namorado estabelece e que podem me frustrar, admito. Mas então, a sua desconfiança agiu com má fé - um pouquinho foi, vai - e você teve acesso à parte do mundo secreto do seu lindo. E claro que isso só podia feder ainda mais.

Acho que foi uma das piores coisas que já fiz, e não tô exagerando.

Eu realmente imagino.
Da primeira vez que entrei, vi nas mensagens ele dizendo a um amigo que é apaixonado por mim. Fiquei tão, mas tão feliz...

Ótimo. E é lógico que existiria uma segunda vez.
Da segunda, o vi dizer que pretendia ter a nossa primeira relação sexual em breve. Válido, gosto demais dele.

Concordo. Três meses está em tempo, homem quando não tem sexo procura aonde possa encontrar. Só isso que tenho a dizer.

Mas o problema veio na terceira vez que entrei na conta dele. O vi conversar com um amigo sobre um "passeio". O amigo perguntou como havia sido, e ele disse que a guria era muito chata, que disse pra ela que tinha namorada e que não ia só dar "beijos" nela (fiquei sem saber se o "nela" era "n'eu", ou "nela" mesmo).

Tô chocada, tô pasma e acho que, assim: podia ser nela, guria. Ele não te chamaria de chata, e deve "passear" com você com frequência. Putz.

Que essa guria diz uma coisa pelo msn, e ao vivo faz outra. E aí ele a levou pra casa. Andressa, comecei a pensar e a tentar entender, porque parecia tudo muito confuso.

Eu já teria tido um ataque com ele, diria que li, e que ele estava me traindo. Porque, olha amiga..Complicado, hein. Pra mim, essa garota não era você, ele tava atrás de sexo - deve ser alguma que ele já tem noção de que o "acesso" seja fácil - e enfim, pelo que descreveste a chance de ele ter traído é grande (na minha opinião).

Pensei que ele estivesse buscando sexo fora do nosso relacionamento, já que comigo ainda não conseguiu, mas por uma questão de tempo. Prometi pra mim mesma nunca mais fazer isso, de entrar no facebook. Sabe, tenho um blog, e atualizo constantemente. No dia em que fiz essa burrada de invadir a privacidade e colocar coisa na cabeça que não existe, escrevi. Preferi guardar comigo essa desconfiança que talvez não faça sentido algum e não disse nada a ele. Comigo ele é um anjo, a pessoa mais querida e atenciosa que já conheci. Sempre arruma um jeito de tocar no meu cabelo e diz constantemente que me ama, pede, implora que eu não o deixe e que quer passar o resto da vida ao meu lado.

Eu já disse que desconfio MUITO da perfeição amorosa? Então.
Eu noto claramente a sinceridade em seus olhos, e sou perdidamente apaixonada por ele. Quando estamos juntos, somos um. Aí longe, eu sinto essa desconfiança, mas quando estamos perto, parece tudo mentira. Decidi, infelizmente, entrar no facebook dele pela quarta vez.

Lá vem, gente. Eu sabia que amor demais não podia ser tão amor quanto um amor normal - e saudável - deve ser.

Encontrei lá, nas mensagens, uma colagem do que eu havia escrito, era um trechinho pedindo a fidelidade dele. Foi a ex quem enviou, e disse no final: "P.S.: Você está fazendo isso errado, panaca hahahahaha" Não soube o que concluir. Só pensei "Puta merda, pra que fui fazer isso outra vez?"

Puta merda também repeti eu aqui. Acho que, sendo sincera e tentando falar isso de uma maneira que não te machuque, talvez tu seja corna e todo mundo saiba - menos tu. Até a ex, gente. Fala sério. Se ele mantém contato com a ex, fala de uma garota que não parece ser você num papo estranho com o amigo e demonstra excessivamente que te ama, cuidado, guria! Por favor. A culpa não é sua de ter descoberto a senha. Vai ver foi o destino você desconfiar ou saber o quanto antes disso tudo pra poder se afastar e se tocar.

Desculpa o vocabulário, mas me diz o que se pensa numa hora dessas? Já não é de hoje que eu vejo essa ex se metendo na vida dele. No aniversário dele, ele estava lá em casa e ela ligou. Achei também um sms de "Feliz aniversário, panaca" no celular com o nome dela. Nome não, apelido. E quando estamos juntos, tudo isso se anula, ele me ama e eu fico sem saber se ele é um ótimo ator, ou se eu sou uma péssima namorada ciumenta que fica vendo coisa onde não tem. Eu sei lá se fico pensando demais, isso é perigoso pra mim às vezes. Olha, isso é o que mais me aflige no momento Andressa. Obrigada, e um beijo enorme da tua leitora gaúcha e envergonhada.

Então. Fui opinando ao longo do que a menina escreveu, como de costume, mas é isso. Converse com ele. Encare frente à frente. Entre uma última vez, imprima as coisas que viu e leu - provas concretas não deixam dúvidas - e fale com ele. Por mais doloroso que seja admitir para ele que você descobriu a senha dele e fuxicou e viu coisa que não te fez bem. Na minha opinião, a sua intuição é que faz a confiança diminuir porque, lá no fundo, sabe que aí tem. Acho que olhos nos olhos e verdades postas à mesa, tu saberás bem o que fazer como prosseguir, parece ser uma garota bem inteligente. Boa sorte, viu? Beijoca!

Quer enviar o seu drama/dilema/dúvida também? Escreve bem lindo pra dessagoncalves_@hotmail.com e depois basta aguardar na fila, que tá grandinha e só aumenta!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Temperamental

No pacote recém aberto de quando nasci, podia se ver cada vez com maior clareza, o passar dos anos, o aviso grandioso de: cuidado, frágil. Na natureza que moldou todas essas minhas intempestivas reações, ciclotímica, era anunciado que o jeito de ser seria este e não havia chance de voltar atrás: com condimentos. Fora da neutralidade, com tanta pimenta que chega a doer o olhar alheio. Abundância em sal, que é pra ter gosto e dar sabor a quem prova. Satisfação a quem oportunidade de contato tem - mesmo que depois, litros e litros de água sejam então sorvidos. Aquela coisa talvez banalizada, mas aqui realmente seguida à risca: ame ou deixe. Se ficar, que seja para fazer parte do banquete de sensações ainda improváveis. Se for, já era tarde.
É preciso que tanto minha parte fria, quanto o calor dos meus atos seja sorvido com toda parcimônia possível. Que se feche as portas, e retire o cardápio das mãos, quando a agressividade bater. E depois de ingerida, compreendida seja. Minutos depois, a mesma facilidade ao riso, e à ironia; o de sempre. Na têmpera em que fui criada, o experimento entre misturar intensidade com volubilidade deu na bomba que é ter temperamento demais, para o não muito de vivência que até aqui desempenhei. Para toda essa gente que finge ser uma coisa, e na verdade é o oposto. Pra quem come pelas beiradas, e acaba se alimentando de restos mal cozidos.
Reações inesperadas, sangue quente. Se não consumida no momento exato, tão gélida quanto rochas marcianas. Mudo a receita a que pertenço a hora que bem entender, com rabiscos apressados, e decisões em cima da hora - às quais, também recorro e recorto do livro de culinária, se mais tarde se fizer necessário. Intempestiva, incluo em segredo, em alguma linguagem que apenas quem sente com todo o caráter pega a senha e tem acesso. Se chover, me torno a mais deprimente das pessoas presentes. Caso o sol saia, irradio na sala vibrante, querendo que se contagiem todos com a beleza do dia todo ainda pela frente. Se hoje te abraço, é preciso que você me dê colo até que saia forte e cordial, dos mimos que preciso. Sem tal toque, me recolho e apenas me abro a quem não promete, e sim cumpre; age. Se for preciso, disco o número que tenho em mente, em êxtase e sem pensamentos arrastados. Arrependida, mais tarde desculpas peço, sem dó nem culpa nenhuma. Irritadiça, resolvo num lampejo e com urgência as pendências que se apresentam. Relaxo, e sorrio, anestesiada. Colérica, quero o mundo, e quero já. Com algum sapato ou chocolate, quem sabe vestido ou maquiagem, sossego. Tudo porque o impulso é meu trampolim, e não canso de mergulhar ao fundo do que se misteria cada vez mais, e não encontro nunca as tais respostas corretas. 
No adubo onde floresci, havia ainda um primeiro adendo, que esqueceram de inserir em meu manual de instruções - já perdido por aí, à esta altura do campeonato - e que em letras garrafais, proferia: cuidado, eu mordo. Especialmente no final de cada mês, quando contrariada, ou acordada com o telefone tocando sem parar. O aviso é possível, mas ainda desconheço quem ao ver a flor quieta, calma e em seu lugar não aventurou o dedo e terminou a visita com sangue jorrando. Perigo de quem se aventura, recompensa de quem perdura. Quem êxito tem, não vive sem.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Insegurança

Cena 1:
Pego o prato servido, e o preço anotado diretamente da balança. Meia volta, e vê. Dois casais, horário de almoço, mesa para quatro pessoas. É como se a solidão aumentasse em zoom preciso, umas dez vezes, e eu então além de poder senti-lá, posso vê-la. E então, olhares. A menina que está de frente pra mim, sentada ao lado de seu possível namorado, affair, amigo colorido, me encara com vontade. Com força. Veemência. Furiosa. Como um cachorro que não larga o osso por nada, só falta rosnar. Passo com classe e elegância, e sorrio com ironia. Levanto, pego uma sobremesa, e o par de olhos verdes, continua a me encarar. Nem bonito era o rapaz. Mas bateu nela, e eu vi o que transpareceu no ar: insegurança, a própria.

Cena 2:
Casal anda feliz pelo Centro da cidade. Caminha de mãos dadas, sorrisos e conversa leve. Sem pressa, e nem pique. Enrolando-se na cordialidade e paixão um do outro. A menina atrasada, caminhando com a velocidade de um furacão, quase correndo. Vestida às pressas, cara limpa, polainas nos tornozelos. Vem ao encontro, de frente e olha o relógio: dá pra caminhar com calma, o tempo joga a seu favor. A mulher apaixonada nota sua presença fugidia - e por que não, charmosa. Aperta forte a mão do companheiro. Muda o tom da voz, a face parece congelar. A garota afobada também a vê. E passando pelos dois que antes pareciam felizes, e agora discutem um problema que não existe, a menina que apenas está atrasada pra sua unica aula matinal percebe mais uma vez, a doença de tantos relacionamentos: insegurança.

Não deveria existir, pra quem segura mãos. Tão pouco, raspa pratos com cumplicidade, e escolhe com charme a sobremesa. Não acredito em relacionamentos que não transbordam cumplicidade, confiança e mais, segurança. Como vencer as tantas barreiras e pilares, obstáculos e provações, sem se ter certeza de que, ao nosso lado, está alguém que não vai nos soltar ao menor sinal de perigo? Diz a letra do Gessinger, e a gente canta em sincronicidade: Você precisa de alguém, que te dê segurança; se não você dança. Se não você dança. E baila mesmo.

Segurança, não é ouvir cinco vezes por dia "eu te amo". Muito menos, dizer. É sentir que a pessoa que caminha do seu lado, te busca na sua porta, e te liga por pura vontade, quer estar ali por uma escolha dela - e  não, por uma imposição sua. É dar liberdade, sem esperar que a pessoa também te dê. A velha estória de que, a liberdade em si, é o que prende o mais livre dos seres. Ter certeza, ninguém tem. Mas a gente sabe; a gente sente. Sinceramente, não sei o que leva pessoas a ficarem tão inseguras. Garota, ele segura a sua mão, porque ele quer. Tenho certeza de que, ele não está com você apenas pela beleza, e não vai ser a harmonia de formas que ele avista na rua, que vai comprometer o relacionamento de vocês. Geralmente, quando a cárie dos apaixonados resolve bater à porta, o problema está mais afundo, mais complexo. E o relacionamento, já vem se definhando. Os últimos a perceber, são quem nele está submerso. O que acaba um casal feliz não é uma mulher em si, e sim, a vontade de trair, de colocar um ponto final. 

As questões do sub-consciente que ninguém gosta de visitar, disfarçadas. Você está aí acompanhada, enquanto aquela mulher, por mais formosa que seja, está ali sozinha. Pode até ter alguém no pensamento, no coração. Porém no momento, não passa de uma cidadã solitária. Quem deveria estar nervosa, remexida por dentro: você, ou ela? Se algo não vai bem na relação, não adianta apertar mais forte a mão do outro, ou fazer um show de demonstrações de afeto. Prender ainda mais, faz soltar-se sozinho. 

Ele quer cuidar, amar e ser feliz. E acredito que, numa prisão, é o último lugar da face da Terra que ele desejaria estar. Então, pare de encanar com o que não vai acontecer nem em pesadelo, e fique contente - trate bem quem gosta de você, e se uniu à pessoa maravilhosa que com certeza você é, e esqueça-a. Não custa lembrar, mas: ela é apenas bonita, e não o fim do amor eterno em que você vive. Geralmente, ela nem a ver com tudo isso tem. E isso tudo é o que na minha indignação e frustração, frente ao namoro dos outros, eu gostaria de ter dito. Pela intimidação das mulheres inseguras, eu deveria ter falado. Porque o outro lado solitário, sofre - mesmo calado, e nessa época do ano.

Fique alegre se você tem alguém do seu lado, e mais alegre ainda se você não tem: a sorte sorri para alguns, e promete acontecer para todos. Estar atento, e curtir o momento, é a chave pra qualquer relacionamento de sucesso, começando pelo mais ilustre de todos eles: o amor-próprio. Além de tudo, exercitar tal arte, é delicioso. Have fun!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Depois dos dezoito

Você vai aguardar esse dia como se fosse único. Como se na próxima manhã, você fosse acordar, colocar um terninho, começar a autoescola, ser super independente. Ou quem sabe, pegar o carro, sair de casa e mudar de país. Que nada, tudo mentira. Baita ilusão. A vida não muda radicalmente, e o tão aclamado motor 1.8 muitas vezes não alavanca subidas tão promissoras assim, logo de cara. Pode haver uma festinha particular, você pode dormir na casa do bofe, e mesmo, perder o celular. Vai continuar levando esporro de pai e mãe, se com eles morar - chegará uma hora em que não terá pra onde fugir. Só vai haver mais pressão pra que você dirija logo, arrume um estágio e saia, mas diga sempre onde e com quem vai. A que horas volta, já parece ter ficado no passado, na maioria das vezes. Sobre namorado, o papo continuará o mesmo. Nas reuniões da família, a mesma questão: cadê o moço? Nem adianta tentar explicar que não existe. Melhor mesmo é silenciar, e sorrir, até que o alvo vire algum outro primo seu que, mais velho que você, também não apresenta ninguém para a família. Você acordará, e terá um ano a mais quando calcularem a sua idade, pelo ano. E só. Aquela enorme ansiedade pra que esse dia logo chegasse, aos poucos, se mostra falha; irreal. Nenhuma mudança física, quase nulas as alterações psicológicas.

A carteira falsa de identidade (ou daquela amiga da sua amiga, que fez uma nova e a presenteou com a antiga) se aposentará. A glória sairá de mãos dadas com você quando pela primeira vez, num bar ou supermercado, puder comprar bebida alcoólica sem nenhum medo ou pudor. O make não precisará mais ser tão carregado, pois claro: não existe mais porque aumentar a idade. Agora, não há mais o que provar, para ninguém. Inimputável não mais, há o que ser retirado e cobrado, sem ser devidamente agraciado. Contudo, é a vida. Já não dançamos mais a valsa da idade da moça, os quinze anos, há centenas de dias. E cuidado, porque agora a prisão pode sim complicar. Desde que não seja da alma e pensamento, do espírito e sentimento, tudo livre: melhor assim.

Há alguns anos, vivia eu a ansiedade de ser maior de idade. E foi um dos momentos mais lindos e felizes que já vivi, até aqui. Mal sabia eu, que precisaria de uma força quase senhorio para seguir em frente e pular com os dois pés nos dezenove. É logo ali. Bom que os pés estejam em dia, pintados, limpos e descansados, porque a caminhada é longa e até agora, por mais que pareça muito, pouco realmente se andou. O que importa é a terra à vista e o mundo ainda a ser desvendado: imenso. Tão extenso pro nossos vinte, e só poucos, anos.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Plebeia

Não sou branca, nem de neve; e sim, de lua. De me esbaldar na noite, e não ter forças para levantar e pegar o próximo sol da manhã. Não sei se apareço em espelhos que me indicam como a mais bela, mas há milhares de bruxas à minha caça, soltas atrás de mim. No lugar de sete anões, me enviou um pestinha que vale por 7 sim, aos quais caridosamente chamo de sobrinho. Trocaram a casinha pequena que devia me servir como esconderijo por estes três andares espaçosos. Sem saber quem é você, espero que me espie à espreita, a conversar com os passarinhos na sacada. Ainda assim, morderia cada uma das maçãs envenenadas existentes apenas para beijar você em todas as vezes, desperta.

Vezenquando sou bela, porém adormecida não me encontro. Viro é a fera, a qualquer instante (ferida, ou não). Minhas três fadas, são as possíveis madrinhas do meu futuro casamento: minhas melhores amigas. A maldição que sofri, é provável que ainda não tenha se quebrado: o azar é inúmero, e o príncipe ainda não esfaqueou o coração da vilã travestida em dragão. Aliás, ainda nem ao menos sei se o moço já chegou. Tampouco, se capaz seria de se armar contra o tédio, a desconfiança, e a promiscuidade. Esperaria cem anos em sono profundo se possível, se quando acordasse com seus lábios nos meus, tudo estivesse exatamente igual e o saldo somasse um grande amor.

Meu maior sonho não é ir do mar, à terra, e nem ao menos, possuir um par de pernas. Confesso então, que viajar os céus para longe me parece uma das mais atraentes idéias. Vender minha única imortalidade possível, a escrita, por algum desvario inconsequente, não me parece plausível. Enquanto isso, alguns princípios já cairam por terra, e muitas verdades foram reconstruídas, em prol de grandes amores que não deram pé. Graças a Deus tenho mãe, porém sou escrava da moda. Sou prendada na cozinha, e uma mula quanto à limpeza. Ganho regalos de uma irmá coruja, que me parece muito mais fada. Aqui em casa não há ratos, mas meu cachorro me socorre em alguns momentos de solidão. Não constrói todo um vestido, mas é capaz de me fazer abrir um sorriso, ao chegar em casa. Converto os bailes, em pubs e festas, bares e jantares. E tão mais esquecidos que eu, os protótipos de realeza deixam o sapatinho salto doze lá, esquecido. De cristal, ou não.

Sou ciumenta, mas não demonstro, assim como também não tenho asas e nem pó de pirlimpimpim  no vestido curto. Nunca tive um amor impossibilitado por guerras e em lado oposto, mesmo que minha personalidade forte entrasse em conflito e algumas cabeçadas tenham sido dadas, se preciso. Estou só no galho da mais alta árvore, esperando ainda Tarzan chegar. Janto sozinha em palácios enormes, enquanto Alladin não derrota Jafar e vem me buscar.

Cabelos enormes, e o que me resta então é ser filme inédito e uma história já manjada. Alguém que suba pela minha trança embutida e não se importe de comigo ficar numa mesma torre, distante da civilização moderna e todo esse caos urbano. E que me devolva a alegria roubada dos dias anteriores, junto com o pote no fim do  arco-íris. Por enquanto, sou só uma plebéia que não se incomoda em fazer uso do transporte coletivo, ou de caminhar a pé quando necessário. Arrumar a casa, o quarto e em dias de unha já descascada, lava a louça. O dia em que a carruagem chegar, que seja pequena.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Os garotos que

 Não sou muito fã de Tumblrs no geral, sigo alguns (poucos), pois fico mais entre blogs mesmo. Porém, buscando imagens fofas como faço periodicamente, comecei a reparar nessas, com alguma frase lembrando a importância de algo meigo que um cara, quando gosta da gente, faz. Vi então, que era o  The Boys Who.
Fica a dica pras queridas que gostam de se deliciar os pequenos detalhes de um relacionamento, retratados a cada dia por uma imagem de algum ato, pensamento ou romantiquice desses moços que nos mostram construtivamente a cada dia o quanto são importantes - esses garotos que, abraçam, fazem rir, brincam com nosso cabelo e viajam conosco. Um brinde à boniteza do amor!





As imagens são realmente muito fofas e escolhidas a dedo, então, vale a pena a conferida, meninas Espero que gostem, e bom final de semana!

Beijocas,

Andressa Gonçalves 



All we need is love






Sabe aquele cara, que diz que não tem tempo pro amor, que quer se focar nos estudos, trabalho, ou atividade física, e que tem preferido ficar sozinho? Ele quer se apaixonar. Desesperadamente. Sem culpa, dó, dor ou remorso. Quer alguém que o faça perder o sono, cair nas horas, e sonhar acordado. Que mude a sua existência, marque e também, fique. Nem que seja temporariamente, porém, que encontre a porta de entrada para a sua história pessoal - no acervo da memória, resguardada, íntima e interna. No futuro, quem sabe uma, ou talvez um amontoado de paixões como experiência. O fato é que não importa o tempo ou a duração: se ensolarar bastante os dias que se nublam e fazer brilhar maestrosamente a sucessão de bons momentos.

Tanto ele, como o garoto que vai pra festa e "pega" várias. Ou aquele seu amigo que tem uma agenda telefônica imensa, e uma solidão que quase pula pra fora dentro do peito. E se vangloria de ter levado um número grande de garotas pra cama (quando deveria é agradecer, de não ter pego nenhuma DST - ainda.) Todos querem é cair de amores. Não me contradigam: é verdade. Até o mais canalha dentre todos os cafajestes que já apareceram na sua vida. Pode apostar. Quando vão dormir, pensam em ter alguém para fazer um cafuné quando ele bate o carro ou está se gripando, quem dê um abraço apertado para afastar o desânimo de quando o dia fica pesado. Aquela com quem possa viajar, curtir boas músicas e filmes ruins, e dormir no final do dia grudados em cumplicidade. Acordar, e saber que está ali - por ele, para ele. Querer ao seu lado com urgência, paixão. Ligar a qualquer hora para dizer: ei, como foi o seu dia? Porque ele realmente se importa, e quer saber. E não para cumprir tabela, e largar fora depois, feito cotonete usado. Sim, para contar suas histórias, seus dilemas, sabendo que terá quem o escute com ouvido atento tudo que é dito; tamanha fome de informação, sem detalhes perdidos pelo caminho. Um pouco de ciúme, que é pra apimentar periodicamente. Mistério, para que se vá descobrindo aos poucos, e encantando-se ainda mais. Alguém que apareça, faça com que suas idéias, princípios e teoremas caiam por terra: mas mudados, sejam também aprendizado. Cometer loucuras, furtivas e inesquecíveis (mesmo que na manhã seguinte tenha que acordar cedo e as tarefas sejam inúmeras). Que ainda seja cedo para pensar no futuro. Sentir é que é o ápice. E não é atrás disso que todos estamos, sempre? Aquele brilho no olho, mais valioso que qualquer convite rebuscado, cheio de estilo. Um sorriso tímido, que feito figurinha, cole no inconsciente, e visitamos, sempre que queremos um minuto de paz.

Dois corações acelerados, na mesma frequência exata, sem querer saber do resto do mundo. De nada. Ter em quem pensar, quando os comerciais românticos aparecem, ou a pegação fica mais forte nas cenas que a televisão reproduz. Uma mão que te toque sem maldade, malícia ou posse: apenas amor. Vejam vocês, amor. Primeiro uma paixão que incendeia, e abrandada, vai ficando, e tornando a ficar, marcando a ferro e fogo, iniciais e letras, lá dentro, fundo. Cantam ainda a canção antiga os Beatles: all we need is love. E é mesmo capaz de mudar uma fase, um espírito, um humor: há amor. Como num sonho bonito que sonhamos, mas muito melhor: sem beliscão pra acordar, e sim duas bocas que se sentem, pele com pele que se tocam.
 
 E é disso que o mundo corre atrás. Tanto você, quanto qualquer pessoa completaria boa parte do pluzze vida e das questões divinas se deixasse se permitir uma lado romântico na vida. E também o caminhoneiro que assobia a cada bundinha redonda que vê passar pelas ruas. Aquele executivo, de terno bem passado e gratava no lugar, enganando ao mundo e à si mesmo com o casamento de fachada. O seu amigo que coleciona calcinhas que cada par de pernas abertas que explorou, e também aquele moço que diz não querer o amor, nem nada que lhe tire o foco, a atenção. Mentira dele. Todos queremos escutar sininhos e sinetas, ver pássaros azuis, e anjos. Ir até o outro lado do mundo, se preciso. Ninguém está fechado para balanço, porque quando o tal amor entra em jogo, tudo se abre, sem revisão e dúvida alguma. O que não admitimos é perder tempo com aquilo que não nos faz ter o mínimo de decência e consideração - e que seja muito mais que apenas tesão.

Andressa responde: ele quer amor, ela só amizade.


Andressa,

Tenho 17 anos e nunca tive um relacionamento sério com ninguém. Tive algumas paixonites, mas nada que tenha evoluído para um namoro. Eu confesso que, apesar de ser tranquila e fácil de lidar, sou uma pessoa complicada no que diz respeito à vida amorosa. Enjôo fácil de homem "grudento" e tenho aquela terrível mania de me sentir atraída por caras que, obviamente, não valem muita coisa.

E quem não teve essa fase, né? Não julgo. Vim a ter um relacionamento sério só com 19 anos, uma porque sou chata, e outra porque perdi muito tempo entre ser boazinha demais e realmente não querer nada com nada atrás de quem também não quisesse. Na hora certa, acontece.

Acontece que, há alguns meses, um cara que eu considerava apenas um amigo se declarou para mim. Falou na lata: disse que gostava de mim e que queria muito poder tentar fazer algo dar certo entre a gente. Eu expliquei que eu só queria a amizade dele, e que não iria passar disso. Porém, o interesse dele apenas aumentou.

É sempre assim: é só não querer para que eles queiram ainda mais. Homens, homens. Ou vai ver a maneira com que tu demonstrou que não tava a fim foi sutil demais pra que ele compreendesse que era um não definitivo.

O meu melhor amigo na época (digo isso porque hoje estamos brigados) até me aconselhava a não ficar com o rapaz, porque fazendo isso eu estaria dando esperança e tudo o mais. Mas o problema é que ele é um anjo na minha vida. Depois que eu me afastei desse meu "ex-melhor-amigo", o cara assumiu o papel de porto-seguro nos meus dias. Apesar de ter sido meio marrento (do tipo que se mete em briga e faz bobagens perdoáveis) até algum tempo atrás, ele melhorou demais desde que resolveu me conquistar - virou um santo. Me enche de presentes, chocolate, flores e/ou qualquer coisa que eu apenas pense em precisar (o que me deixa sem jeito e morrendo de vergonha). Começou a trabalhar e até remédio ele quer me comprar quando fico doente! Manda mensagem durante o dia, liga à noite e jura fazer tudo isso porque se sente bem e não porque quer "me comprar". Eu reconheço o esforço dele pra me agradar e cuidar de mim. Ainda assim, eu nunca tinha mudado minha posição em relação a nós dois. Até semana passada.

Mas gente, ok. Era amizade. Só que, apenas pelas coisas que tu citou que ele faz para, de certa forma, te "agradar", você também estava dando corda. Seu ex-melhor-amigo, quando disse que se você não tinha interesse, não deveria ficar com o rapaz, estava certo. Se ele era só amigo seu e sentia algo mais, quando você só sentia amizade, deveria ter se afastado, até para não magoá-lo. Daí, você não escutou o amigão, e brigaram. Ok. E o menino que gosta de ti viu nesse afastamento a brecha perfeita para investir ainda mais pesado e com essas atitudes que, admito, são fofas, em ti. Ponto pra ele. E, p.s.: eu sabia que tu acabaria cedendo, ao longo do que foi descrevendo. Que mulher não?

Numa conversa que seria definitiva, eu disse o meu último "não" para qualquer possibilidade de envolvimento entre a gente.

Depois de ter dado esperanças cedendo e ficando com o cara. Wrong way.
Resultado: ele ficou péssimo. Disse que estava disposto a fazer de tudo pra dar certo, que só queria uma chance pra talvez eu acabar gostando dele... E disse que me amava! Logo ele, que não é de falar essas coisas à toa e nunca tinha dito isso pra ninguém.

Tô com pena do moço. Você manda e desmanda e tem ele na palma da mão. Meninas, pra aprendermos definitivamente: homem quando quer, QUER e deu. Chega até a fazer papel que mais tarde vai julgar como "rídiculo". É o amor.

Acabei dando uma chance para ele. Ficamos e agora o clima é quase o de um namoro, embora eu tenha deixado claro que não sinto nada a mais por ele e que só estava dando a chance que ele queria. Sei que a esperança dele é que eu acabe me apaixonando.

Ai, guria. Sei que é legal a gente se sentir bem, desejada, bonitona. Mas poxa, você pensou só em si mesma e nem um pouquinho no guri. É típica história que, quando tu cair fora e ele decidir te esquecer, vai ficar arrependida, porque pelo que tu contou ele parece ser um cara muito bacana. Me lembrou o "500 days of Summer", onde a gente morre de pena do Tom (e até de certa forma se identifica) e pega um ódiozinho da Summer.

E agora eu te pergunto, Anderessa, o que eu faço? Gosto demais dele e a amizade dele significa muito para mim. Mas agora que ele não me enxerga mais como amiga (e sei que dei motivos pra isso), não sei que posição tomar. Ele é ótimo comigo, me entende, é paciente, cuida de mim. Mas não me atrai. Continuo ficando com ele pra ver se acabo sentindo alguma coisa? Coloco logo um ponto final nisso tudo apesar de correr o risco de perder um amigo?

O correto a fazer, em minha humilde opinião, é cair fora, infelizmente. Ter uma conversa explicando tudo isso, que tu considera ele um amigão, mas que não rola a tal "química", e dar um tempo, até que ele caia na real, desapaixone, e se não ficar com nojo/raiva/remorso consiga ser teu amigo de novo. Dê uma chance a ele voltar a ser só amigo seu. Se a amizade que tu tens com ele que tanto gosta é essa, de ele fazer as coisinhas românticas e ser todo amor, é porque tu só quer ele nos teus pés, não como amigo. Amizade não tem nada disso aí, é tudo feito na base da reciprocidade. Pense não só em ti, mas em como deve ser difícil pra ele também. Vai doer no começo se separar de algo que faz tão bem à tua auto-estima, assim como pra ele, que sente algo forte por ti. Mas, a longo prazo, será melhor para os dois. Parece saudável, só que tem te incomodado - a ponto de me escrever, acredito que sim, né? Então, espero ter ajudado. Vá atrás de quem te faça acelerar o coração, suar de nervoso, e não fique num relacionamento apenas pela comodiade de ter quem faça tudo por você, enquanto a sua vontade em desempenhar o mesmo é zero.E se ainda não viu "500 days of summer" (ou 500 dias com ela), assista. Acho que te clareará os pensamentos. Boa sorte!

Quer enviar seu e-mail também? Escreve bonitinho e bem claro tudo que anda pesando aí dentro e se joga no send it pra dessagoncels_@hotmail.com. Depois é só aguardar!


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Como esquecer um homem em dez dias







1º dia
Então, você tomou o pé na bunda, ou ele foi morar fora, quem sabe o relacionamento não estava mesmo dando certo: não importa. O relevante agora é a sua solidão que samba no peito mais que qualquer coisa. Se ainda houver resquícios de um amor mal acabado, vai se triste. E difícil. Caso você também não soubesse mais se deseja tanto assim, a companhia não fosse mais lá essas coisas – e nem os momentos de maior intimidade, pense: nem foi tão ruim assim. A tristeza vai aparecer, é claro. O vazio vai apitar, e até que a ficha caia, o estado é de imersão em monotonia. Por isso mesmo é que, quando sozinha ou ao menos longe dele, chore. Bastante. Até que se sinta a tristeza saindo pelos poros, desaguando no queixo e expurgando o agora “ex” aí de dentro. Lacrimeje até dormir feito criança, cansada de sofrer. Se tranque, compartilhe consigo mesma o próprio momento de fragilidade. Faz parte do processo de cicatrização.

2º dia
Você acordará exausta. As músicas de amor não farão mais aquele sentido; darão raiva. Ou nojo. Casais vivenciando o amor pelas ruas deixarão você com náuseas. Esteja preparada, pois esse é o dia do extermínio. Coloque numa caixa tudo que gera forte lembrança do cara. Tá certo, até as suas coisas trarão memórias de alguma frase dita por ele numa tarde de domingo ou numa segunda-feira pela manhã. Porta-retratos, bichinhos de pelúcia, roupas dele que ficaram na sua casa, cartões, tudo para a caixa. A limpa virtual também pode ser uma boa, caso você deseja que uma melhora rápida. Tire fora da sua lista de amigos, dos contatos do celular, dos e-mails enviados. Recalque nada: é tudo temporário. Se um dia houver espaço, circunstância ou vontade de uma amizade, é só reconectar. Deixe o espaço mais vazio do seu passado recente para, logo em seguida, completá-lo única e exclusivamente com você, num futuro também breve. Não ter que encarar algo que a fará estremecer de tristeza a cada dez minutos só ajuda no fechamento da ferida.

3º dia
Trabalhe bastante. Ou estude muito, caso você não possa. Se você está de férias, leia. Compre aquele livro que há tanto tempo quer e tem esquecido. Gaste suas horas numa livraria procurando por literaturas que te deem algum prazer. Culinária, moda, gramática, biografias, histórias de vida. Só fuja dos manuais de relacionamento ou livros dramáticos. Investir em algo leve é também uma boa. Caso escolha por arregaçar as mangas e fugir para o mundo burocrático, seja prestativa e pró-ativa, impedindo que a mente fique vazia e o demoninho tente adentrar – ou lembrar do querido. Se jogue em novos projetos, se esforce para focar em algo que realmente trará benefícios e prosperidade lá na frente.

4º dia
Compre. Ainda desconheço melhor terapia. Ao menos para mulheres. Caso o dinheiro esteja curto, seja final de mês, ou você não esteja dispondo de verba suficiente para se esbaldar com alguma nova roupa, acessório e afins, dê um passeio pelo shopping, ao menos. Experimente roupas, veja vitrines, passeie por gente diferente, observe a vida em movimento passar por você enquanto as horas também pedem passagem. O importante é abrir um espacinho, mesmo que pequeno, para que o consumismo – nem que seja de um doce na praça de alimentação – faça você se sentir momentaneamente no céu. É capitalista, mas também é hipócrita quem contestar que um novo par de sapatos luxuosos ou um vestido que caia perfeitamente bem conseguem elevar a autoestima de qualquer uma.

5º dia
Mexa-se. Atividade física libera endorfina, o que deixa qualquer pessoa mais relaxada e contente. Acho válido desde academia com direito à musculação ou aulas agitadas como pump ou jump, pilates, yoga, futebol, natação, caminhada, corrida, artes marciais, balé. Contanto que a concentração seja exercida e o corpo se movimente. Ter saúde só faz com que a gente ache a vida mais tolerável. Melhor de tudo: ainda dá para ficar sarada, cuidar mais de si, e invejar o povo por aí. Talvez tenha até o cara arrependido mais tarde, notando tudo que tinha e perdeu. Depois é só caprichar no bronzeado.

6º dia
Dia de beauté. Marque um dia para realçar a linda que existe aí dentro. Ou ao menos mude o cabelo, o que sempre nos dá aquela sensação boa de vida alterada, né? Cabelo, unhas, sobrancelha, massagens modeladoras, depilação: um dia pra você sair de lá se sentindo a musa suprema com certeza aumenta as chances de o pensamento deixar de ser “sou baranga, perdi o homem da minha vida” para “ele é só o idiota que deixou uma mulher dessas passar”.

7º dia
Saia com as amigas. Nada melhor que o humor contagiante de quem nos conhece bem, junto com os papos colocados em dia, e a reafirmação dos laços com essa partezinha de família que a gente acaba escolhendo para figurar também como pessoas importantes. Rir, beber uma cerveja, sair para dançar, bater perna no shopping, ou simplesmente nada melhor do que não fazer nada, mas só estar na companhia daquelas queridas que tanto nos fazem bem. Podem vir ótimos conselhos e deve vir muito colo junto no kit, então, é bom aproveitar e se divertir!

8º dia
Viaje. Nem que seja um final de semana. Ou mesmo um dia. Se puder, suma por um mês. Vá conhecer novas cidades, ver novas culturas, aprender um novo idioma, desafiar à si mesma longe dos lugares já demarcados com tantas lembranças. Só tende a fazer bem, além de enriquecer a experiência, lidar com situações novas e ter a ótima oportunidade de, quando voltar, ensaiar um recomeço de vida tendo apenas você como protagonista. Costuma funcionar bem.

9º dia
Faça coisas que gostaria de fazer mas, que com ele, era impossível. Vá ao cinema, mesma que sozinha. Caminhe naquele parque em que ele detestava. Aproveite para comer também as coisas que, estando com o moço, você deixava de lado - ou porque ele não gostava, ou para se manter lindinha. Vá em festa gay, fique em casa feito mendiga, durma até não poder mais. Flerte com outros caras, caso você já esteja bem suficientemente para. Comemore tendo um dia anti-o-nome-do-seu-ex, fazendo tudo que antes você tinha que tirar da cabeça.

10º dia
Aceite. Só então, pare para refletir. Pós, contras, listas do que você amava no relacionamento e daquilo que já estava dando vez à sua impaciência. Mas tente não ficar triste: ciclos são assim mesmo, e quando termina, é porque era para acabar. Dê a chance de alguém por quem você teve um sentimento forte de ser feliz, coisa que, pelo visto, com você não estava acontecendo. Pense nisso só um pouquinho. Olhe para trás e veja os dias ótimos e momentos resgatados que você viveu, o quanto também valhe a pena exercer a própria independência, a grandiosidade de estar em conjunto com a única pessoa por quem o amor será incondicional, sempre e cada vez mais: você.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Andressa responde: do "namorado" que some e reaparece e da querida que aceita

Andressa,
Quando eu era mais nova, conheci um cara que mudou minha vida. Foi o primeiro cara que eu acredito que tenha gostado de verdade. Na época ele era muito mais velho que eu e por isso, nosso "namoro" era barrado sempre pelos meus pais. Mesmo assim, fomos nos encontrando as escondidas. Um cinema, uma tarde no parque, nada de mais. E foi assim durante mais ou menos um ano. Depois disso, ele foi viajar (nós ainda estávamos "juntos"). Até, que ele, simplesmente, sumiu. Sim, sumiu!

Oh, gosh. Ok, ele era mais velho. Seus pais nã aceitaram, tem alguns por aí ainda desse tipo, e tudo o mais. Namoravam às escondidas. Até que, ele foi viajar e, opa: sumiu. COMO ASSIM, gente? Ai, senhor. Nenhum sinal de que ia decolar, nenhuma pista de que ia dar no pé? E assim: desaparece. E u surtava. E quando achasse de novo, matava o dito cujo.


Fomos nos reencontrar cerca de oito meses depois. Ficamos juntos mais uns dois meses. E, adivinha? Sumiu. No dia em que eu finalmente ganharia minha 'liberdade' em relação a isso tudo. No dia que poderíamos ficar juntos sem nenhuma dificuldade.(detalhe: ele ainda não sabia dessa minha "carta de alforria").

Tá, ele reapareceu, e você ali, prontinha pra aceitar ele de volta, assim como as desculpas esfarrapadas ao invés de dar com um gato morto na cabeça do idiota? Raciocina comigo: ele é mais velho que você. Ele (deveria) ser mais maduro que você. E, ao invés de falar na lata, de chegar ao ponto em que deve e ser sincero, simplesmente acha que é Houdini e faz a mágica do desaparecimento. Desculpa mas, a falha começa em você ter aceitado tudo assim, muito bem. Acho ok que tenha passado meses, e que as coisas mudam, o tempo passa: mas ele NAMORAVA você, e sumiu. Que porra é essa, sabe? (Desculpe a agressividade, mas não tem como se conter. Me coloco no lugar meeesmo).

Nesse meio tempo em que ele sumiu, mudei de cidade e refiz minha vida amorosa. Tinha decidido nunca mais voltar para ele. Mas, ele apareceu novamente e disse todas aquelas coisas que a gente sonha em ouvir da tal pessoa "certa".

E porra, pra você, a pessoa "certa" é quem some e reaparece assim, sem explicação ou motivo plausível? Para mim não!

Se bem que, eu não ouvi, eu li - depois da mudança, a gente se comunica por e-mails. Quando voltei para a cidade onde morava, numa visita básica, decidi aceitar o convite dele e saímos para jantar.

(Daí do nada, no meio da janta, ele foi ao banheiro, não voltou mais e a conta deu super cara, e claro: você teve que pagar tudo sozinha). Desculpa a brincadeira, não consegui resistir. É só que, olha. Me explica um dia como é que você conseguiu aceitar tudo isso sem medo ou remorsmo nenhum? Tem que ter é muito amor, hein.

Nós conversamos, mas nada ficou certo. Tanto eu como ele ficamos meio bobos ao nos vermos depois de muito tempo. Sentados ali sem saber o que fazer e nem falar. Os pensamentos eram tantos, os por quês também...E não passou daquilo. Apenas conversamos.

Pequeno avanço. Melhor que você cedendo de novo para o medo de compromisso/ a falta de caráter / sabe-se lá o que que ele tenha o fizesse desaparecer do mapa, deixando a senhorita confusa mais uma vez.
Voltei para a minha cidade, nos falamos algumas vezes, mas seguimos com nossas vidas, um fora da vida do outro. Quando voltei à cidade em que ele está para outra visita, a gente se viu e ficou. Em meio à tantas juras da parte dele, simplesmente deixei de lado e resolvi curtir o momento. Depois que voltei, a história se repetiu. Trocamos alguns e-mails, e só.

Padrões se estabelecem em relacionamentos. Normal que seja sempre como tudo foi. Mas anormal, ao menos para a minha pessoa, é você aceitar tudo isso. Sei que a gente fica cegos quando apaixonados, que não pensamos direito e que há criaturas no mundo que nos fazem literalmente burros. Porém, não é saudável. Se formos fortes, conseguimos fazer com que essa visão ilusionada da pessoa saia da nossa mente, e nos faça ver o quanto aquilo é maléfico.

Agora, meses depois, ele conheceu alguém e está namorando. E eu também. Mas eu não o tiro da cabeça e sei que no pensamento dele eu também estou. Espero que você possa me ajudar e agradeço sua paciência.
Beijos, Bia

GENTE, mas como? E o seu namorado? Você firmou um compromisso com um cara que, parece estar afim de você (quis se relacionar, o que já é um grande passo pros homens de atualmente), convive e vive ao seu lado, e pensa no traste que sumia e fazia bagunça aí dentro. E tem certeza que também está no pensamento dele. Quem disse, minha amiga? Homens, quando começam a namorar, é porque realmente querem. São poucos os caras que assumem publicamente algo e ainda ficam pensando no passado - até porque, a namorada notaria. É mulher, e também tem intuição. Enfim: se você pensa nele com amor, é porque não ama o seu namorado. E se não sente algo digno pelo cara com quem tem um compromisso, caia fora, porque enganar as pessoas não é legal. Você, que tanto foi feita de boba pelo cara em quem ainda pensa, deveria saber, mais que ninguém disso. Se é ser enganada ou viver constantemente na montanha russa de saber se ele vai aparecer, ter certeza de que ele irá aos compromissos marcados, enfim. Espero que, lendo a minha ferina opinião, você consiga colocar a mão na consciência e pense direitinho (e com amor próprio) no que deve fazer. Veja bem se tem tido valorização, pela sua parte, ao que está podendo viver. Ou se, o que mais gostaria mesmo, é de cair nessas armadilhas da vida até aprender. Desejo boa sorte e peço desculpas a qualquer grosseria ou exaltação minha. Só escrevo realmente como se estivesse falando.
Andressa Gonçalves
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Dois goles de eternidade




Começou quando passava pela casa de janelas abertas, enquanto caminhava pela zona próxima a minha casa. Era domingo, e eu que deixei de detestar o dia para chorar a cada fim de noite, lembro ainda da cena do casal de senhores assistindo ao Domingão do Faustão na tevê. Fiquei a imaginar ouvir de você que "nós não vamos ser assim, tá?", e concordaria, convicta: estaremos brincando com nossos netos, isso sim. Teve também aquela outra vez em que olhava o fogão acoplado à copa do salão de festas de um amigo. Foi quando eu disse que "nem deve ser tão caro um desses" esperando que, em seguida se lá estivesse, esboçasse algo como "nós vamos ter um, sabia?" e sentir a alegria medrosa de viver, quem sabe, um conto de fadas da era moderna. Feliz com o que antes também havia pensado, porém, sem dizer, afirmaria: sim, nós vamos.

Mal consigo imaginar o dia de amanhã, e promessas, eu admito: me dão calafrios. Elevam ainda mais minha já superestimada ansiedade. Mas se for sempre assim, por mim, poderia ser para sempre. Pro meu próprio bem, deveria. Mesmo que, assim que você me deixe em casa eu desabe de melancolia já no percurso curto que leva uma eternidade até minha casa. Ainda que seja a cada dois ou três dias, porém que faça a minha vivacidade aflorar só por estar prontinha no final de tarde, esperando você no shopping que fica perto. O importante é escutar a sua voz dizendo "lindinha" de vez em quando, só pra negar com a cabeça enquanto você ri. É a competição sempre perdida em que o abraço mais apertado que você consegue me dar vence quase sempre no intervalo entre as minhas falas descontroladas que não consigo frear. Só para depois de dias corridos e chuvosos que tem feito te esperar precipitada para fazer a graça divina do seu sorriso ao me ver. Porque é desses detalhes tão pequenos de nós dois que eu vejo o quanto uma pequena briga qualquer se ouver qulquer dia se torna um grão no meio da imensidão toda que é a recompensa de se apaixonar todo santo dia pela mesma melhor pessoa escolhida.

Somos novos demais e não levamos muita fé nos matrimônios atuais. Igual, me apraze esse eterno enquanto dure que cada vez mais se torna presente e digno de continuar sendo dia após dia. Detestadora de química e afins, seria capaz de inventar uma poção de nome qualquer mas com efeito prolongador de eternidade duradouro o suficiente pra que isso não tivesse fim por motivos banais ou com o desgaste do tempo, especial que é o que temos. Um gole pra cada, divididos de um mesmo frasco da porção única só para nós dois. Porque esses melhores momentos do mundo me arrepiam só de relembrar e escrever, cheia de uma vontade que seja amanhã logo e tudo se repita da maneira singular, e por isso mesmo boa que há meses tem sido e não nos enjoa. Dava para ter gerado uma vida, mas, incrível - o que nasceu em mim foi uma vontade de pra sempre antes nunca transcrita na mente, sentida aos pulos do coração até a palpitação das veias, quase saindo pra fora do tanto que existem. Autodestrutiva, que seja. Venenosa ao longo do tempo, arrepiante também porque até cruzar a linha entre ilusão e realidade a gente tem dificuldade em perceber. Mas que se for pra ser, que seja querendo muito: até que o destino separe, sem prever términos nem muito menos desejar o fim.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Dias de Clarice

Trinta e quatro anos atrás. Minha mãe uma criança, nem ao menos pensando em me ter. Provavelmente, brincando na grama, vivendo a vida de interior onde se come pão feito em casa, e massa caseira toda semana. Meu pai, menino da cidade, passeava por aí em seu triciclo e corria, veloz - sempre aventureiro. E talvez nem tenham acompanhado de perto toda a cobertura desse evento todo que foi, a morte da ucraniana mais brasileira que mais acrescentou, em termos literários, para o país. Você, Clarice. Adicta fervorosa do cigarro, sempre à mão. Representante intensa das letras, mesmo depois do acidente de sua casa queimada. Nos deixou órfãos, cedo partiu. Sedentos por mais, quem sabe. Palavras tão bem manuseadas por seu pensamento, colocadas em ordem por suas mãos, batendo à máquina de escrever, outro vício. Feminina. Uma mulher com alma de anjo, queres passionais, de ser-humano que queria ser mais, se superar sempre, a cada escrita. Singular ao mundo brasileiro, foi pessoa universal, provinda do velho continente (ainda assim, querendo interminavelmente, pertencer a essa pátria, ser reconhecida como cidadã do maior país da latino americano). Dificultosa, como intrínseca. Visceral. Essa era a sua persona, nos contam todas as ótimas biografias já lançadas com a temática do seu existencialismo. Não pelo que vi, ou meus pais não me contaram - tão jovens que eram. Sobretudo, desse jeito que nos narram pelas diversas biografias, pela dimensão ensurdecedora que suas palavras tomaram apenas hoje em dia. O reconhecimento gosta de chegar, aos que melhores foram, e tanto se dedicaram ao longo de uma vida, quase sempre apenas tardiamente, o que é uma pena.

E se viva, como veria todo esse alvoroço à sua volta? Com temor, ou algum contentamento? Frases clichês, fragmentos esdrúxulos, trechos que não a pertencem levando seu nome e assinatura redes sociais, trabalhos de faculdade, presentes com cartão e dedicatória país afora. Para quem leu, e é admirador há mais de anos, um nojo. Realmente desgostante. Eu, que por volta dos quinze anos (ou seja, há quatro), me vi iniciada numa leitura capaz de fazer submergir por horas, habitar temporariamente outras galáxias, uma realidade inexistente, porém, impactante de tão detalhada, hoje quero continuar gostando da sua literatura, Clarice, mesmo que um mundo clichê me faça ter náuses e um pouco de ciúme por não saber ser apaixonado da maneira avassaladora como seriam, caso realmente lessem suas obras. Se consideram fãs do que conhecem apenas superficialmente - porém, infelizmente, essa é uma das ressalvas do mundo atual. Duvido que você fosse simpatizar.

Enfim, ao invés de sentir uma felicidade possível em ver seu nome na boca do povo, nos sites e jornais locais e de demais estados, é a perplexidade desse saboreio frívolo a única coisa que consigo sentir. Que, mesmo após esses trinta e quatro anos, pessoas leiam e consigam apreciar um texto inteiro seu, no lugar de apenas se apaixonar por uma frase amputada. Que amanhã, ao comemorarem seus noventa e um anos (prefiro os números escritos em extenso, é mania minha), quem realmente é adicto da sua literatura a explore da rica maneira que só consegue quem tem sensibilidade suficiente para suportar: lendo-a inteira, não apenas em aplicativos ou nas errôneas junções de palavras que pelas suas frágeis mãos não foram escritas ou datilografadas. Tão logo acaba esse modismo de querer conforto no desconhecido, disseminando por aí o que mal conhecem, elegendo como "escritores favoritos" de temporariamente algum outro que pareça dar conselhos por meio da escrita, e volta a paz em torno daqueles que conseguem contemplar com destreza uma literatura preciosa, pensante e na qual a gente se inunda e mergulha com prazer. Singularíssima, excepcional. Absoluta.