quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A menina e a mulher








Convivem: não se amam, e praticamente não se detestam. Pode-se dizer que, na grande maioria das vezes, se ignoram. A mulher sente um tanto de remorso e um outro muito de culpa ao ser obrigada a permanecer perto de alguém tão ainda incompleta. Falta assunto, um tanto de corpo e algo sólido que sustente um papo bacana - e que também preencha as ideologias e a personalidade de quem ainda é imatura demais para de fato crescer. Enquanto a mulher sente-se segura, sabe estar sendo atentamente observada: é uma risada que segue após a sua, um mesmo tom de cabelo copiado meses depois, palavras aprendidas dispostas em frases que não possuem à tal menina - que pode ser moça, adulta, mas tudo, menos madura. Tem aquela coisa intocável chamada também autenticidade: essa ela tenta, tenta, mas nem com anos de treinamento, fórmula mágica ou pedido ao gênio da lâmpada adquiriria. Não de uma hora pra outra. Admiração também tem limite, oras.

Desconhecedora de conversas bem construídas, bom senso e refinada educação, a menina faz birra. Se torna habitué de chantagens emocionais, sexo como resolução de todos os problemas, e pedidos com sua vozinha infantil aceitos, assim que feitos. É uma correndo enquanto a outra engatinha. O dia ocupado contraposto ao ócio sonhador dos horários vazios de quem se preocupa em se ocupar de nada. A garota se deslumbra com carro, status, e dinheiro, a mulher já conhece o estigma dessas futilidades todas: passageiro. E busca além.  Valoriza bem mais uma sólida integridade, um bom esforço e algum charme (porque no final das contas é isso que fica). Sem saber do grandessíssimo valor de uma boa leitura com uma música de qualidade que complete (ideal), continua perdida em suas meninices sem conseguir desenvolver algo além de fofocas sobre coleguinhas, noitadas futuras e passadas ou a programação da tevê. Vazia.

É constante o duelo entre Marcelo Camelo e David Guetta, carona e transporte coletivo, quem luta e quem apenas - diz que - sonha. Uma estante de livros versus um generoso estojo de maquiagens, quem realmente sinta um pouco das dores do mundo contra quem se orgulha apenas de ostentação. Convívio agradável em réplica à sombra de quem é perita apenas em instabilidade. Algumas fermentam dentro de si e, com o tempo e alguns machucados, desenvolvem uma figura única para transitar pelo mundo - a sua. Outras, de tanto se focar na cópia, demoram a realmente serem especiais e íntegras damas. Mulheres estão atrás de caráter; meninas, ascensão social. Meninas checam insistentemente o celular; mulheres, o jornal. Mulheres e a saborosa degustação de uma bebida moderada junto a um prato delicioso de comida. Meninas e o pensamento anoréxico de não precisar se alimentar direito "que saúde nem é tão importante assim, mas magreza, sim". As primeiras precisam com constância dos pais, de dinheiro e de deslocamento (não raro, fazem o namorado de motorista). Pra quem é realmente mulher, basta apenas a própria boca para perguntar por aí, quantia monetária suficiente e espírito de aventura para se virar cidade à dentro. Quem vier junto, além de companhia, é também adição: ter quem contribua é ótimo, mas ter a si mesma sim: é excelente.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Andressa Responde: Atrações, desafios e achar algo que dure





Olá Andressa querida!  Antes de tudo, começo lhe parabenizando por tanto talento e por tanta sabedoria que estampa nos textos que você disponibiliza para nós, seus leitores. Além disso, esse tempinho que você disponibiliza para responder nossos dilemas é digno de receber as mesmas parabenizações. Um antecipado e cheio de carinho: obrigado.

Amada, muito obrigada Coisa ótima ler isso, só me faz continuar em frente.
Mas vambora, é o seguinte: não namoro e nunca namorei. E, embora tenha tido atrações por meninos que inicialmente me pareciam interessantes, nenhum deles me fez querer seguir com algo duradouro.

Hoje em dia, algo normal. Bom que tu se colocas em primeiro lugar e não se entrega de bandeja assim, a qualquer um.
Pois bem. Entre essas tentativas de interesses permanentes, comecei a conhecer um menino que estudava junto comigo e já despertava em mim olhares de interesses. Ficamos. Ele: charmoso, prestativo e de atitude. Eu, tentando encontrar depois de nossa ficada motivos plausíveis para justificar o fato dessas qualidades não terem despertado vontade nenhuma de seguir com algo em frente. Resultado: já deixei claro que não pretendia nada. A atração que inicialmente eu tinha por ele? Simplesmente se foi junto com mais um tentativa. Uma situação assim pareceria normal, se não se repetissem com tanta constância. É sempre assim, querida: Me interesso, sinto vontade, me aproximo e, quando obtenho reciprocidade, desestimulo e não sinto vontade de intensificar o relacionamento.

Resumindo: obtém o que almeja, consegue e, de repente, já parece desinteressante. Já passei por uma fase parecida. Fazia dos meus relacionamentos este mesmo molde que tu. E olha, simplesmente passou. Talvez fosse uma safra bem ruim de gente desinteressante aparecendo quando eu só queria alguém fizesse o mundo brilhar. Ou, quem sabe, o problema era comigo - me achando superior e colocando num pedestal, ou louca por desafios - sei que, passou.
Medo eu sei que não é, não tenho medo. Adoro novidades. Para as amigas, um tanto de frieza e desapego. Eu mesma: não sei o que é. E é aí que te peço um opinião: quando é que a gente sabe que uma atração não é só atração e pode ser algo mais? A gente descobre isso previamente ou é válido começar algo mesmo não sentindo se vai perdurar?

Também acho que não seja medo. Como disse: pode ser que você esteja indo aos lugares errados, ou, as pessoas erradas estejam querendo, insistentemente, perseguir você. Acontece. Ou mesmo, pode ser que seu subconsciente fale mais alto e a faça repelir todos esses, justamente por querer alguém, mas não saber aí dentro de ti, com que qualidades, o que prezar, enfim. Acredito que quando atração é só isso e nada mais, nenhuma pulga fica atrás da orelha, tu não pensa praticamente nunca na pessoa, e mesmo quando ela convidar para algo, rejeitar será a única opção para ti. Atração que acaba depois de alguns beijos é algo que, a meu ver, não dá mesmo para insistir que dure "na marra". Química acontece, ou não. Acho simples. Agora, dentre esses caras todos que tu consegues conquistar, nenhumzinho merecia uma atenção em especial? Um olhar mais criterioso, uma chance a mais? Questione-se.

Embora não me martirize por isso, gostaria de saber sua opinião. Mais um vez obrigado, desde já, e só para concluir: mesmo à distância, te admiro muito e embora pareça tolo, seus textos amorosos e felizes despertam boas sensações em mim. É bom te ver escrever textos assim. Te desejo felicidade Andressa. Mesmo. Não querendo ser clichê, mas só reforçando: obrigado querida, obrigado.

Uma querida tu! Hehe, mas então.. Em primeiro lugar, não se martirize por coisa dessas. Nunca. Quando tiver que acontecer, ocorre. Num piscar de olhos, tu vai te ver tão apaixonada e feliz que nem vai pensar em hipóteses ou simplesmente nessa atração inicial que sempre acaba findando. Vá a lugares que tenha gente a ver contigo. Conheça pessoas, mesmo que não tendo aquela fagulha primária de que parece incendiar. Se dê chances necessárias, tente conhecer bem quem quer o mesmo em relação à ti. Mas ainda assim, vá com calma. Como eu disse, quando tiver que aparecer, surge. Esperei até os 19 anos para ter meu primeiro namorado. De resto, só porcaria nessa minha vida anterior ao - que posso dizer hoje, com seus defeitinhos e mil qualidades - "amor de verdade" (porque só é real aquele que não é de conto de fadas). Ou seja, uma hora, simplesmente vem. Boa sorte nessa vidinha, e precisando, aqui estarei!



Quer se jogar nos conselhos também? Escreve bem linda pra dessagoncalves_@hotmail.com que eu respondo assim que der. Meu beijão procês!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O coitadismo






Comecei a pensar em todas as pessoas que me dão ojeriza, só de ficar perto. Relembrei alguns parentes que não suporto, gente a que sou obrigada a conviver e em meio aos tipos humanos que me dão alergia só de ter que compartilhar o mesmo ar ou um olhar, eis que o lugar comum (ou característica): o coitadismo.

Os "coitados" tem meu ódio praticamente eterno com facilidade. Dou mínima importância caso eles sintam o quanto atravancam a minha vida feliz ou me fazem sentir nojo quando deveria estar distribuindo sorrisos pelo mundo. Sempre tem aqueles segundos em que paro, constato a presença, e pergunto: por que, Deus, tão perto de mim que mal sinto pena de mim mesma? Me nego a esse sentimento. Acho deplorável a desconfortável situação de pensar que o outro tem mais problemas, merece mais atenção, um pouco do nosso dinheiro, nossas mãos braços e os dois ombros se preciso. Não é assim não, meus caros: estamos vivos, e acho que como consequência, devemos acreditar, acima de tudo, em nós mesmos.

Contudo, os sofredores do coitadismo se acham seres especiais e que, não necessitam de mudanças: musos do próprio filme deprê, protagonistas da própria história que não deu certo, querem é estar no centro e que o resto das pessoas se fragilizem com a suas dores. Ao invés de procurar viver em melhores condições, reclamam. No lugar de ir atrás, buscar melhoria tanto interna, como externa, ou fazer da luz única que cada um de nós possui um clarão de insights, um brainstorm de possibilidades, escolhem continuar andando a passo lento, de cara frouxa e miando pelos cantos ao invés de falar decentemente.

Geralmente, compartilham entre si uma dificuldade em conviver com outras pessoas. Somadas a uma auto-estima quase inexistente, e personalidade fraquíssima. Quando a gente para e observa a trajetória dos pseudo-coitados, até fica fácil compreender o porque dessas ações friamente calculadas e que só me causa repugnância, no lugar de dó. São criaturas que, mal sabendo administrar a própria vida, num passado nem tão recente ou próximo, usaram de meios escuros, maldades premeditadas e muita imaturidade e hoje sentem tanto remorso que, querem que o resto do universo por eles tenha compaixão. Coisa quem, me nego. Os mais ingênuos caem, aqueles que não observam com atenção necessária o comportamento que é apenas fachada de mentes não tão boazinhas como aparentam, também. Eu me nego. Fico longe, falo pouco, tento nem tocar - vai que é contagioso.

Minha admiração é pelos que continuam felizes em meio à tempestade, esboçam emoções e opiniões, gostam de estarem em movimento, sabem o que querem dessa vida e, ao invés de fazer beiçinho e falar baixinho ou em segredo com aqueles que neles confiam, correm atrás, vão à luta, e mesmo em meio às desventuras de algumas batalhas, não desistem nunca. Mesmo quando a grana aperta, o carro emperra, a vida dificulta e as pessoas se mostram cruéis. Esses sim, heróis de destaque nas minhas aspirações. Peito estufado, medalha em torno do pescoço: sem choro nem vela, reais campeões.

Andressa Responde: Ex que canta e insegurança

Oi Andressa,

Primeiramente, eu sou uma fãzona sua! Fascinada pelas coisas lindas que escreve...E diante de tantos conselhos que vejo você dando, resolvi escrever! Finalmente!

Oba! Pois então, vamos lá, guria.

Algo me atormenta. Eu namoro há 8 meses. Nosso relacionamento é ótimo, é normal. Temos nossas discussões e ciúminhos, mas nada fora do comum. Enfim, acho que a insegurança é toda minha. E isso acontece porque a ex dele é bonita. E ainda é cantora.

Ah, senhor do céu. Ex, como vocês sabem, é algo que eu considero hard level quanto à conviver/aguentar/ficar bem sobre. É um saco? Sim. Piora mesmo quando é bonita, e mais, cantora (não deve ser uma Paula Fernandes da vida - não que eu goste, mas ela está na mídia - mas, sendo famosinha já só na cidade onde vivem, deve dar aquela invejinha de leve, um cutucão na vaidade e coisa e tal. Afinal, somos mulheres, né?
Popular aqui na cidade, sabe? Vive cantando por aí, se apresentando. Gravou um CD e mandou para toda a família dele! Eles namoraram por 2 anos e meio.

É bastante tempo, pros relacionamentos de hoje. Natural que uma convivência tenha sido fortalecida com os pais e familiares do teu namorado. Por mim, desde que enviasse só à família, estaria ótimo. O preocupante mesmo é o contato com o teu lindo, daí sim.

Isso não importa, pois eu também tive um relacionamento de 4 anos, e nem ligo mais para o meu ex! É atá engraçado, eu nem lembro direito das coisas que fazíamos juntos.

Lembre então: se tu, que namorou quatro anos, já superou totalmente e hoje (amém!) consegue viver teu presente em paz, com seu namorado pode ser o mesmo, não acha? Às vezes, por mais gata, bem sucedida ou querida que uma mulher é, falta algo. Assim como pra gente, quando um cara é bonitinho, trabalhador, mas não é completo. Beleza e uma linda voz não são as referências mais importantes quanto a amor, não acha?

Enfim, o que me atormenta é que quando começamos a namorar, ela ligou para ele (sendo que ela, já namorava outro há 1 ano) para perguntar se realmente ele estava comigo. Pensei, afinal: o que ela tem a ver com isso? Fiquei meio brava com ele, mas feliz por ele ter me contado.

Eu também acharia, no mínimo, estranho. O que ela quer confirmar, se já seguiu com a própria vida? (ou parece ter, pelo menos). Que situação chata. E daí, se ele estivesse com você? O que pode ter acontecido é que, seu namorado, no passado, pode ter gostado bastante dela. Agora, com ele realmente estando feliz e achado alguém bacana, ela viu que perdeu a total admiração que tinha dele, que hoje baba por ti. Mulher odeia perder, nem que já esteja com outro, ou o cara não interesse mais. O fato é esse, talvez. Mas que foi uma atitude metida, foi. Talvez ele nem tivesse culpa, achei legal ele ter te contado também. Mostra que o relacionamento de vocês está baseado em confiança, né?

Agora em dezembro, ela ligou de novo para dar feliz aniversário para ele. Achei o cúmulo do desrespeito!

De novo? Realmente, que fazida, essa menina. Ou vai ver, ela é quem não conseguiu esquecer ele. Ou só valorizou agora que ele está contigo. Duas opções sem volta. Sabe o melhor que tu pode fazer? Teu namorado muito feliz. Pra que ele nem cogite volte com essa mocinha que canta e faz pequenas maldades. Se foque nisso, ao invés de pensar em como ela é isso e aquilo.

Conversei com meu namorado, ele disse que não ia atender mais quando ela ligasse. Disse que também nem liga mais para ela. Que me ama muito, que sempre vai me respeitar e blá blá blá.

Ok, acho justo. Mas ele chegou a ligar pra ela alguma vez, estando já contigo? Ex não é amigo, não quando se está namorando. Eu acho que só depois de muito tempo é que se consegue manter uma relação de amizade com alguém com quem você já teve intimidade sem acabar confundindo as coisas. Bom, o importante é que, pelo visto, o contato entre eles morreu - o que é ótimo pra ti.
Decidimos ir viajar, fazer nossa primeira viagem para a praia, com casais de amigos. Estávamos fazendo altos planos, ver o pôr-do-sol, beijar com o gostinho salgado do mar hahaha essas coisas de quem se ama! Mas no nosso 4º dia de praia, caminhando pela areia..E advinha quem aparece? A guria sozinha, com a família dela, na mesma praia! E pior: no guarda-sol ao lado do nosso. Ele foi lá, cumprimentou todos, e eu fiquei olhando e boiando.. Porque ele soltou da minha mão para ir lá. Estiquei a minha canga, e fiquei ali, sentadinha e chateada. Senti que o comportamento do meu namorado mudou. Ele nem veio ficar comigo neste dia., ficou jogando bola com os meninos. Justo nesse dia que ela estava lá, eu esperava mais dele. Entende?

Que infeliz coincidência. Bom, o clima deve ter ficado péssimo, mas.. Você não tinha muito o que fazer, né? Eu entendo, eu entendo. E concordo que ele deveria ter pensando em como você se sentiria, com o inimigo ao lado e ele longe. Deve ter sido mesmo uma droga. Vocês conversaram sobre isso depois? Às vezes, falando do jeitinho certo e num tom de voz aceitável - sem surtar - os rapazes conseguem nos entender. Ele pode nem ter notado o que fez (mas claro, deveria ter). Sobre ele ter ido dar oi e conversar um pouco com a família dela, também acho normal e até um pouco uma questão de educação, são conhecidos.
Fiquei muito insegura, cheia de dúvidas. Bem no dia do Réveillon, brigamos, e ele pareceu não ligar para o que eu tava sentindo. Disse que é paranoia minha.

Típica frase de homem machão. Mas enfim, será mesmo? Pode ser que sim, a gente gosta de enfiar minhocas na própria cabeça, e às vezes, alimentá-las, só para não acreditar em perfeição e tal.
Passou, resolvemos essa briga. Ontem mesmo ele disse que achava a Cléo Pires perfeita. E eu,  particularmente não acho. Tem outras atrizes que eu babo muito mais como Paola Oliveira, Juliana Paes, Isis Valverde, Carolina Dickmann. E vi uma foto da ex dele, achei ela meio parecida com a Cléo! Já fiquei pensativa, pois eu sou, loirinha, branquinha, 1,55 de altura, 49kg...

Ah, daí já acho que é paranoia mesmo. Teu namorado deve achar essas outras que tu citou lindas também. Eu sou do time que "baba" na Cléo, admito, mas não justifica nada. Também acho as outras bem bonitas. A ex-namorada ser "parecida" com a atriz também já acho que é coisa da sua cabeça. Não quer dizer, em hipótese alguma, que ele ainda a ame.

Eu sempre fico com ciúmes, e tenho medo de a minha intuição estar certa. Ele JURA que não. Tu sabe como é mulher né? Cheias de pontos de interrogação. Será que é paranoia mesmo? Queria sua opinião, que para mim, sempre foi tão inteligente e sábia! Obrigada por tudo. Até pelo o que você já escreve, que eu adoro! Beijos!

Minha querida: nós mulheres adoramos um drama, certo? Então, em minha opinião, talvez seja um pouquinho de imaginação demais sua, coisa que a sua cabeça plantou, enfim. Se ele está com você, é porque a escolheu. Dê um voto de confiança a ele. Caso isso persista, diga na lata tudo isso que me contou. Ele merece saber o que te aflige, ainda mais, porque pode fazer com que sua essa sua insegurança. Deixe que ela continue cantando e fazendo seus shows longe, e sendo morena mais longe ainda (me identifico com as loiras de plantão hahaha). Cuide de você e trate de fazer o seu namorado cada vez mais feliz. Acho que é a melhor dica que posse te dar. Com o tempo, ele tende a querer cada vez mais te ver sorrir também. E ah: trate de melhorar essa sua auto-estima. Gaste tempo pensando em como você é linda e pode ser cada vez mais, apenas do seu jeitinho. E em quanta sorte o cara tem de estar ao seu lado. Enalteça as suas qualidades. E boa sorte!

Quer enviar também o seu drama, dilema, pergunta pra que eu responda? O e-mail é dessagoncalves_@hotmail.com e é só escrever bonitinho e aguardar que daqui a pouco está aqui!

De primeira


Eis que um dos casais mais requisitados de bonitos da televisão brasileira sobreviveu anos em cima de um tabu, agora revelado. Fernanda Lima afirmou, com todas as letras, que teve sexo no primeiro encontro com seu - hoje então - marido, Rodrigo Hilbert. Um casamento e dois filhos depois, e tudo em ordem e em paz: frear o desejo em troca de uma falsa garantia, ou fazer o que bem entender e arcar com as consequências depois? A segunda opção me parece, um tanto quanto mais arriscada, mas muito mais libertadora. Além de autêntica.

Quanta menina que espera, espera, e quando deixa se ter a tal intimidade, é largada dias depois? Sexo "cedo demais" hoje em dia não diz nada mais nem de a personalidade de um homem, e muito menos, dos princípios de uma mulher. Deu vontade, foi lá e pronto: que saia de cabeça erguida e dignidade intocada, mulher valorizada hoje em dia é a que realmente sabe o que quer. Quem disse que é vagabunda essa só porque o papo foi ótimo, a química a mil e de repente aconteceu? Vadia hoje em dia é moça que se joga em cima demais, que não mede nunca o próprio valor e esquece os bons costumes, dando em cima de cara comprometido, falando mal depois de experiências ou beijando três, quatro, numa mesma festa. Ao menos ao meu ver, claro. É importante saber bem o que se quer antes de qualquer atitude drástica? Sim. Conhecer o cara pelo menos um pouco? Também. Mas decidir é um passo individual, e numa análise corrida entre quem se é, com quem se está e como proceder, sou muito mais a escolha corajosa de ir em frente guiada pelo próprio desejo do que parar justo quando as coisas começam a esquentar - e prometer - só porque "é o certo a se fazer".

São várias as histórias em que, num primeiro momento, casais que eram na verdade muito improváveis ou que não se deixaram levar pela pressão que a sociedade faz para que a ajamos "nos conformes" que resultam em momentos futuros de felicidade, fidelidade e também - e por que não, religião? - amor. Muito mais vale uma menina que não se preocupa demais com opinião, tabus ou comportamentos ditados como conselhos de amigas que dizem sempre "faça ele esperar para ver qual é a dele" e age conforme o que o corpo pede, uma intuição desabrocha, ao invés daquelas que voltam pra casa se corroendo de vontade, e se seguram porque é mais propício numa primeira impressão.

Se hoje em dia, o tempo consegue nos enganar, as palavras acabam por nos iludir, e atitudes, muitas vezes (ou quando faltam) nos surpreendem, como confiar tão cegamente num pensamento tão arcaico? Acontecer numa primeira vez pode evitar muito tempo gasto em vão lá mais na frente, abre espaço pra uma intimidade que muitas vezes se faz necessária, e convenhamos: é só ir com o pensamento focado no momento e na própria segurança de ser quem se é, que errado, pouca coisa pode dar. Há tanta coisa pior quanto a relacionamentos, possibilidades e o que pode ocorrer, e além do mais, aquelas que mais falam, são as que menos servem de exemplo (ou podem). Agir conforme as "invioláveis" regrinhas babacas do sistema apenas as fortalecem cada vez mais. Que o feeling diga mais que as más línguas, que a gente perceba detalhes e sinais e deixa que ocorra naturalmente, sem freio ou aceleração, o que tiver que ser.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Com amor, da sua melhor amiga

Você é sempre tão boa, que nem sei como começar a falar de tudo isso. Tenho medo que algo fira a sua sensibilidade cor-de-rosa, ou despedace os seus sonhos de Pollyanna. Porque você sempre me diz que há um outro lado que pode ser belo, uma outra visão que vale a pena observar, contra-pontos que merecem algum respeito. E por mais que eu não siga seus conselhos amáveis e dóceis, eu os escuto. Te vejo, e penso comigo: como pode, tanta ingenuidade? Quem colocou todas essas idéias coloridas e desconexas dentro do seu pensamento, e deixou você acreditar que tudo era assim: mil possibilidades, outro lado da moeda, sonhos intrínsecos, sorriso no rosto? Não cansa não, acreditar no amor assim, tão fervorosamente que beira o fanatismo?

Você gosta de dar chances, uma, algumas, cinco, mil? E cai sempre nos mesmos erros, na mesma arapuca. Fico com pena, e então algumas lágrimas caem dos seus olhos, que não fazem barulho algum, mas mexem comigo por dentro, e apenas rolam entre as maçãs da tua face corada. Não sei o que dizer, justamente pela sua fala eloqüente, que não cessa nunca. Pelas palavras bonitas que você desemboca, sempre na hora certa. E qualquer coisa que te digas, parecerá meio clichê, meio zombeteiro. Mesmo com uma coleção de roupas lindas, e vários pares de sapatos, ouço da tua boca: não é isso que me faz feliz. Ou faria. Queria que a sorte estivesse na casa do amor, e saísse logo do jogo. E falo para você, que quer abraçar o mundo e correr com o tempo, ter calma. Sei que estás em paz, que o que exaspera é logo essa calmaria, constante. E não há mais muito o que fazer, a não ser te lançar um olhar de cumplicidade, daqueles do tipo "eu estou aqui". Sabendo que na verdade, quem estará lá, sempre pros outros, e quase nunca para si, é você.

Fica difícil acreditar que você é a mesma que provoca na noite, com o drink magenta na mão, e que no outro dia se esconde atrás de óculos-enormes-escuros, e movimentos em slow motion. Que cumprimenta tímida os vizinhos, e canta alto músicas que tocam a alma. Que faz rir nos momentos em que a gente quer morrer, e chora baixinho e como criança, por pisarem no seu pé. Ou quem sabe, no seu coração. Te ver crendo cega em todo esse amor que tens aí dentro, dá vontade de amar também. Qualquer coisa, um animalzinho, as maquiagens novas, ou aquele cafajeste, que combinamos de chutar, e nunca adianta muito - a carne é realmente muito fraca. Quando ficas quieta, há algo errado. E mesmo não sabendo o que é, compartilhamos de um silêncio cúmplice, embebido em intimidade. Logo depois, estamos comentando sobre como somos azaradas, e planejando o que terá, e o que ficará definitivamente de fora, nos nossos casamentos. Analisando cada detalhe de qualquer conversa, e revendo, rebobinando por horas à fio tudo o que aconteceu, tentando encontrar compulsivamente alguma culpa, além da nossa em existir. Tendo a certeza completa de que, por mais que a gente caía e levante com alguma força ainda maior, veloz, temos ainda bengalas bonitas pra toda essa reabilitação, ou fisioterapia: a amizade uma da outra.

Mesmo sendo diferentes ao extremo. Em gostos musicais, ou degustativos. Na dança, na festa, ou na ópera. Alguns conselhos, que sei que na sua personalidade forte, não seguirás: não acredite em tudo, nem no que ouve, muito menos no que vês. Atitudes, por mais ferinas ou bruscas, dizem muito mais do que qualquer palavra bonita, cantarolada ao pé do ouvido. Prefira a simplicidade, ao luxo. O normal, ao difícil. Sei que querer o impossível não te cansa, mas uma hora, é preciso descansar. Não se esconda em casa, e continue aproveitando toda terça, quinta, ou sábado. Quem sabe, às sextas. Não deixe de beber, mas continue como está: moderadamente. Se sinta linda, porque é isso que você é - ma-ra-vi-lho-sa. E não sou eu quem te digo, o que é melhor. É o menino da festa, o açougueiro da rua, o excecutivo de terno que agora passa. Se você se sentir deslumbrante, assim será. E por fim: não se esconda nunca. Se ache, se encontre. Nas atitudes que a sua intuição e impulsividade fazem ocorrer, ou naquilo que pensa ser o certo, mesmo que certeza nenhuma exista.
Com amor, da sua melhor amiga

A cola

Se prolifera nos mais inesperados casais, mas se bem atentos a gente quase nem nota. Justificam como amor incondicional, vontade intensa de se estar junto, desejo maior entre todos os queres possíveis. Nasceram grudados? É lógico que não. Tanto que, ela é leonina, e ele, capricorniano. E o que deveria ser cumplicidade, acaba se tornando grude: se não se veem todos os dias, ela surta. Caso ele vá num churrasco com os amigos à noite, ela pira. E se ela resolve ir num pub com colegas dos tempos de colégio? Ele enciuma. Vão às compras juntos, começam a estudar na mesma universidade, almoçam no mesmo lugar e jantam senão na casa de um, na do outro. É a tal cola que, no começo parece aconchego, mas com o passar dos meses se torna só sufoco.

Os outros incompreendem tamanha ligação inseparável. É uma demonstração excessiva de carinho em público, quase sempre cheia de nhe nhe nhe's e diminutivos em demasia, deixando enjoados com tanta carícia quase todos que se fazem presentes em tais momentos. A vida própria de cada um parece não mais existir. Só falta ele começar a assistir as sessões de depilação da moça, e ela, se meter nos momentos de privacidade dele no banheiro. Perde-se o contato com amigos mais agitados, entes queridos, o mundo entorno. No começo, o desligamento mundano parece uma anestesia contra as chatices que a gente é obrigados a enfrentar. Por um tempo, acredito que seja estável estar praticamente acorrentado por espontânea e livre vontade ao lado de quem se ama. Até que a mesmice pega com tudo. E aquilo que parecia o melhor vício adquirido, começa a se tornar uma obrigação. Perde o brilho inicial, o cheiro de novo, o estigma de novidade dentro do que é costumeiro. E um dos lados nunca compreende bem porque tanto abatimento ao se estar preso num mundo paralelo e que não acompanhas as piruetas travestidas de mudanças que a vida da gente dá.

O tempo para um respiro solitário só faz bem. Algumas horinhas para se sentir completa na própria companhia, idem. Renova a saudade, faz valorizar o quanto é importante e deve ser prezada a companhia com quem apenas faz de nós pessoas melhores, dá um gás para que voltemos loucos de uma falta que precisa ser preenchida somente com quem sabe a senha exata para fazer da nossa existência leveza. Sem grude excessivo, mas com vida própria o bastante para compartilhar a cada segundo quando unidos num mesmo momento - sem a necessidade de ter, mas de poder sentir, mesmo que longe, que um sentimento existe e não vai acabar tão assim prematuramente por se avançar cedo demais algumas etapas necessárias. Pressa para o que é durável e infinito: ainda bem que eu não tenho.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Andressa Responde: O que uma boa conversa resolve

Oi Andressa,


Primeiramente, quero te dar os parabéns pelo blog, adoro seus posts e vivo recorrendo a eles. Parabéns pela inteligência, criatividade e sentimentalismo.


Ó, que linda. Obrigada!
Namoro um menino há uns 2 meses. Namoramos sério, em casa. A família dele me adora, me dei muito bem por lá. Tenho 16 anos e ele 18. É o meu primeiro namorado, antes eram só casinhos, mas mesmo esses casnhos foram poucos. Não sou ingenua, mas não tenho experiencia nesses assuntos mais íntimos, e sou virgem. Confesso que tenho um certo medo de que ele não seja o cara certo, mesmo que conforme o tempo ele venha ganhando minha confiança e vem provando gostar de mim.


Achei tudo normal por enquanto. É seu primeiro namorado, e tu tem 16 anos. É bacana o fato de ele ser mais velho e entender isso de você se preservar e à sua virgindade. Que bom que você se valoriza.
Ele já namorou duas outras vezes, uma delas durou 1 ano e alguns meses. Acontece que além de confusa em relação aos meus sentimentos, eu sou medrosa. Meu namorado me trata bem, nos divertimos muito, rimos demais sempre que nos vemos, acredito que nossa maior qualidade é que acima de tudo, somos ótimos amigos. Só que, ele é muito ciumento, e às parece que ele vai matar um. Até acabei me afastando de algumas pessoas pra evitar futuros desentendimentos.


Putz. Concordo que ciúmes assim são um saco. Também detesto. Mas sabe, demonstra que ele sente algo por ti, na pior das hipóteses. Um ciúme, quando bem controlado, pode até dar um gostinho a mais num relacionamento, de vez em quando. Pelo lado ruim, se ficar cada vez pior e ele se tornar agressivo, convém tomar cuidado mesmo - homem quando não pensa, só age.

Acontece que eu nunca deixei de fazer nada por ninguém. Eu sei que namoro é uma relação onde as duas pessoa precisam ceder em alguns momentos, mas não vejo isso da parte dele. Temos muitas manias em comum, e até alguns pensamentos de vida, porém nossos gostos, estilos, atitudes, amigos e lugares que frequentávamos são totalmente diferentes. Não me acho tão nova pra pensar no meu futuro, como por exemplo na minha profissão. Ainda não decidi o que de fato quero ser, mas faço curso técnico, pesquiso, me interesso por esses assuntos.. Enquanto ele, já vai fazer 19 anos e não esta nem aí. Não sei se cobro muito dele, e sei que o mais importante numa relação é nos sentirmos bem com uma pessoa. Tenho medo que isso mais pra frente possa ser um problema.


Claro, precisamos ceder sim, afinal: são duas pessoas totalmente diferentes lutando e cuidando de um bem em comum, que é o sentimento compartilhado. Ótimo que você tenha noção disso, guria. Quanto ao fato de terem gostos totalmente distintos, use isso à favor do relacionamento de vocês: aprenda com coisas que ele curte, dê uma chance aos lugares que ele gosta de ir. E converse com ele pra que isso seja recíproco. Vocês dois só tendem a ganhar com uma atitude dessas, no lugar de ficar se martirizando por não serem idênticos. Agora, assim.. Quando estamos com alguém, pensamos sim, em futuro - acho natural. E talvez seja um pouco de imaturidade da parte dele que não consiga ser trabalhada. Fale com ele a respeito. Se já houve alguma conversa do tipo, tente o ajudar, dando dicas do que você acha que combina com ele (como profissão), ou diga para ele ir a um psicólogo fazer um acompanhamento vocacional - eu mesma fiz e foi ótimo. Se nada disso adiantar, é esperar que a vida dê um rumo a ele. Ou pelo menos mostre um caminho.


Adoooro estar ao lado dele, gosto dele de verdade. Se depender de mim, esse namoro vai durar, e queeeem sabe mais pra frente virar algo mais.. Mas a falta de atitude em relação a ele mesmo, e a falta compreensão da parte dele às vezes me magoa. Quero que nós dois cresçamos juntos. Não quero mudar ele, gostaria que essa mudança ocorresse por livre e espontânea vontade. Só sei que o medo de ir me envolvendo cada vez mais anda me pertubando... o que eu faço? Me da uma luz. Obrigada por me "ouvir", beeeijos.


Olha, o que posso te falar.. Nem sempre um casal está em sintonia de vida, sabe. De vez em quando um anda numa fase ruim, e o outro não. Resta ao "contente e satisfeito" apoiar aquele que não anda tanto assim. Acho que relacionamentos tem que ser feitos disso: de amar o outro tanto, tanto, que a gente até se anula um pouquinho de vez em quando, ficando preocupadas, conversando bastante, enfim. Talvez, tudo que ele precise, é uma luz, um auxílio. No que tu puder, deveria tentar ajudá-lo. Mas como disse, se ele é quem não quer saber de nada, não acha importante pensar no próprio futuro e coisas do tipo, daí não tem mesmo muita solução. Ele pode mudar com o tempo, mas somente tu pode saber se te convém esperar por essa mudança enquanto você vai tecendo sonhos, ilusões e sentimentos ao lado do querido. Uma boa conversa resolve quase tudo nessa vida: desde um ciúme desnecessário e é que bom que diminua a um desleixo quanto ás próprias aspirações. Válido tentar, minha dica! Boa sorte, e um beijinho!


Quer enviar a sua dúvida, dilema ou pergunta também? O e-mail é dessagoncalves_@hitmail.com e eu estou aguardando você!

As garotas da cidade grande

Nada contra quem em metrópoles ou grandes centros urbanos não habita. Tudo a favor das moças que foram acostumadas a viver em meio à pressa, ao caos, aos relacionamentos superficiais e mudanças constantes. A princípio, pode parecer sutil a diferença entre mulheres habituadas a viver em cidades interioranas ou do litoral para aquelas que, desde o berço - mesmo já na barriga da mamãe - foram urbanizadas sem caminho de volta. Mas é na prática e na vivência, que em pequenos detalhes dá para notar o quanto tantas essas possibilidades apenas dão vida aos dias, e não o contrário.

Vão atrás. Se aqui não está dando certo, tenta-se ali. Ficar parada, qual o sentido? Não existe, não compreendem. Quem se acostuma às constantes buzinas do trânsito enlouquecido e a andar quase correndo pelas ruas da cidade acha um tédio tempo para descanso. Geralmente, quando com horas vagas, acha-se o que fazer. Desde pintura à óleo, curso de idioma, ou caminhada no parque. Ida ao shopping, deslocamento fácil até o centro, e táxi - que passam a ser uma boa opção quase sempre, ainda mais quando com o tempo começa-se a conhecer o caminho das ruas - um bom amigo. Mil e uma opções de alimentação, lojas sem fim, gente de tudo quanto é canto: menina que cresce em meio à tamanha diversidade, acaba achando barbada ser do mundo. Taí uma das gritantes diferenças.

É comum que chamem quem vive longe das regiões metropolitanas de "bicho-do-mato", ou "da roça", mas também não é por aí. Deve dar um sustinho vir morar num lugar quase dez vezes maior de onde sempre se viveu. Compreensível. Com o tempo, é possível que se habituem ao movimento constante, aos costumes cosmopolitanos, e até quase enganem quem é natural da fortaleza de concreto. Aprendem com facilidade o desapego quando nada mais funciona, a ir de uma ponta a outra sozinhas e a não mais serem conhecidas assim que o pé pisar na calçada.

O tino rápido. A percepção instantânea. Amizades poucas, mas que valham a pena. Morar perto de tudo, dar um jeito para ir de um lugar a outro. Habituar-se aos gritos e vozes misturadas, fumaças de poluição e cigarro, carros e mais carros em congestionamentos: acostuma. Bom convívio frente a quem for, mesmo que com o resguardo necessário, paz e harmonia somente para o final de semana: tá quase nos genes daquelas que vêm ao mundo nas maternidades lotadas dos bairros todos juntinhos que formam as regiões metropolitanas. Demora um pouquinho, mas com o tempo, big city girl vira quem quiser. Se aprende

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Homens: surpreendam-nos!

Queridos nossos: na dúvida, ajam com novidade. Secretamente, o súplico feminino para que alguma pequena surpresa ocorra e nos salve o dia é grande. Preocupadas em valorizar quase sempre a ligação especial a que participam, surgindo inesperadamente com algo que marque na história do outro e faça o presente valer a pena. É também uma grande reciprocidade esse poder de dignificar de forma singular e de repente, tudo aquilo que se sente: como na magia, um coelho tirado da cartola; na poesia, uma rima inteligentemente iluminada. Surpresas!

Sermos pegas desprevenidas positivamente com pequenas doçuras, mimos e agrados quase sempre tem fator altíssimo de renovação instantânea. Combate ainda à mesmice feijão com arroz - com gosto bom mas que pode ser muito melhor - a que muitos casais se submetem. Ou à dúvidas destemperadas, cavando lugar para que a paranoia comece e a insegurança se acomode. É capaz de também amortecer os efeitos a longo prazo trágicos que a rotina implica nos relacionamentos modernos. Um pequeno sobressalto daquilo que nem se imaginava mas que acelera o meio do peito e faz pulsar de adrenalina o sangue nas veias: a recompensa é sempre alegre e no formato de abraço forte, num jeito que de pra tantos beijos espalhados pelo rosto como agradecimento se comportem.

Vale desde um bilhetinho na agenda, cartão escondido dentro de embrulho, flores sem motivo numa tarde qualquer de verão - onde ela está se matando de trabalhar, enquanto deseja o sol, exercícios e estar numa piscina. Convite repentino para viagem, um susto atrás da porta assim que as unhas recém feitas ajudarem no giro da maçaneta, uma pequena festinha combinada aos mais chegados quando for seu aniversário. Aquele "eu te amo" enquanto assistem televisão e ela nem sequer havia sonhado com. Um beijo daqueles desgovernados enquanto ela cozinha - mas que encontre um caminho depois de um tempo e não queime o arroz. Mensagens quando ela é sugada pelas tarefas diurnas, o seu prato favorito, chocolate predileto, ou mesmo apenas pequenas lembranças escritas numa carta de declaração sentimental são capazes daquilo que só os desassossegados sabem: o encantamento de fugir um pouquinho da realidade para se achar especial enquanto o outro é também. Só o que não é válido é temer um tantinho de ousadia, afinal, no mínimo algumas boas risadas serão compartilhadas em cumplicidade - o que também é antídoto anti-envelhecimento de quem muito se gosta. O charme de se amar e vencer a tudo aquilo que de qualquer forma tenta atrapalhas por não conseguir nem ao menos chegar aos pés do que é amor.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Olhares, fantasmas, futuro.



- As pessoas não me entendem.
 Remexe com o palito de plástico o copo de café quente, em pleno verão, e olhando para o fundo da bebida recém expressa, que exala fumaça. Olhar triste, bico nos lábios, e os olhos novamente nele; atento e de mãos vazias frente à tanta incompreensão mútua, quieto.
- Elas querem, mas ficam além. Explico toda essa minha linha de raciocínio, e só eu é quem chego até o final na mesma empolgação, e aceleração inicial. Se perdem por entre os trajetos que desenho, e dobram justamente onde deveriam seguir em frente. Eu é que não desisto, e rasgo a faixa de chegada, toda vez. Sozinha.
Nada. Ele não dizia nada. Feito padre, que ouve a confissão atento, e não sabe ainda quantas ave-marias quer que reze, ajoelhada. Feito psicóloga que esqueceu o 'uhum' sussurrado, naquela artimanha já arquitetada de dizer: ainda estou ouvindo. Estou aqui, mesmo sem palavras compreensíveis, de entendimento.
Bebe o café, e ainda sem designar qualquer movimento seguinte, flutua entre esse silêncio exclusivo, ardido. Penetra os olhos na face quadrangular do rapaz, que apenas assiste ao monógolo, sem interrupções tardias. E a ouve prosseguir, justamente por detestar toda e qualquer quietação inocente, alarmante.
- Eu não sou daqui? Sou, eu pertenço a esse agora, este lugar. Tanto que pego sol, e sambo no carnaval. Ocasionalmente, como carne vermelha. Até mesmo visto roupas de ginástica, e sei o hino brasileiro de cor e salteado. Se quero ser feliz? Mais que tudo. Como nunca. Pra já. Estou bem, mas não com aquela vontade de irritar quem comigo convive com o sorriso oblíquo e incessante de tempos atrás. Só fico bem, em paz, e assim, com essa vontade de viver que não gasta, e só acumula. Vasculhado erros passados, rebobinando a mesma fita antiga e em VHS, que já cansou de correr pela minha vista.
Nenhum som como resposta, continuação do monólogo. Apenas dois olhos de jabuticaba estreitos a observando; atentos, cúmplices.
- Tento, juro que tento. Você sabe que eu tenho intentado. Mas e daí que você apareceu, e eu não vibrei. Nada aqui dentro estremeceu. Nenhum arrepio ao te ver, medo de ser de verdade, e sincera o tempo inteiro. Tão eu mesma, que talvez, tenha te cativado. Sem pretensão de enganar, mas sim, de tentar uma felicidade já prematura, nascida quem sabe pra surpreender meus dias de caos interno. Acalmou por certo tempo, mas não penetrou o mundo apartidário onde meus sentimentos tem se escondido, entende? Quis que fosse você a resposta pra boa parte dos meus problemas, mas as questões se mostram cada vez mais fortes, e não é o seu segredo que as liberta. Além desse turbilhão, você continua aqui. Ao meu lado, segurando minha mão, pagando meu café. Com a ciência culposa de saber que meu amor à ti não é direcionado. Na esperança que, algum dia te goste como me vi no inferno, tentando salvar minha própria alma: incendiando em afeto. Quero tanto quanto você que esse dia chegue, te digo. E espero que acredites, sem tentar sentir demais por mim, e aceitar isso de cabeça baixa - mas sim, com orgulho.
Reticência. Calada, quieto. Íris oculares vedadas, quatro. Ele sério. Ela, rosto recém seco de lágrimas escapadas, irrompidas. A cena de o passado rondando a rua, cumprimentando, transpassando sentimentos adormecidos, para ela. Para ele, insegurança. Certo medo. Mão dela apertada forte, para que não se fosse, para que se segurasse com vigor naquilo que sentira em vão e já se ido tinha, todos os dragões que ele fez questão de espadar no lado esquerdo, no coração. Toda e qualquer planta carnívora que ameaçasse alimentar ilusões do que não era correspondido, e comer os pequenos pedacinhos de amor que ele plantava, dia após noite. Ligação após mensagem. Surpresa pós beijo.
Ainda assim, a queda. Cura pela metade, desenho ainda molhado retirado antes de esperar secar: voltando a borrar a folha, tirando a beleza daquilo que já finalizado, estaria exposto na parede, como recompensa, regalo, amostra de força. A denuncia no choro da moça além de borrar a maquiagem, deixou claro que a pintura muda suas cores e rabiscos, mas o quadro ainda é o mesmo. Infelizmente.
Voz máscula irrompendo o momento de melancolia, após o encontro do inesperado e desconstrutor; fatídico.
- Tanto faz que você chore, e a manga da minha camisa é que seque as suas lágrimas. Ou que você ainda não esteja curada, e precisasse ver de perto o vilão para engolir de vez o crime. O que importa, na verdade, é que eu esteja aqui. Porque quero, porque te gosto tanto, e não ligo a mínima que me transforme furtivamente em qualquer objeto para que você tente, e eu te pegue de novo no colo. Não ligo que faça com que seu tempo passe, e no mais, a paixão que eu faça crescer por você seja tão maior que esse carinho torto que você tem por mim. Quero saber é do agora, e estou contigo. Te comprando café, e fazendo feliz, a cada minuto que posso. É dessa tentativa que tento te ajudar na reconstrução interna, e te livrar de todos esses fantasmas do passado. Olhando pra frente, e caminhando ao teu lado.
Foi no olhar grudado a seguir, que ela firmou todos seus pensamentos pro futuro, e deixou apenas escritas na alma suas memórias, e decidiu que a chance para o futuro era agora palpável, possível e positiva. Em suas mãos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Vovó versus. minúscula

Já passou o tempo em que mulher casava virgem, e virgem, por bom senso, tinha o maior pudor em não usar absorvente interno (Ai, porque machuca..E se tirar minha virgindade? E agora? - típicas dúvidas de quem sofre do mal dos séculos modernos, a falta de diálogo em casa, em família). E que moço com o pinto pequeno era ruim de cama, e não dava conta. Ou ainda, que casar com um cara rico, é que sim, traria felicidade e "estabilidade". Mulheres queimaram sutiãs e avançaram muitas casas em termos de independência, e a liberdade que gozam - literalmente - se instaura cada vez mais nos dias atuais. O anticoncepcional se tornou algo rotineiro, e a pílula do dia seguinte, consumida por algumas de nós como bala de iogurte: uma atrás da outra. Grande revolução que causou reviravolta essa nossa, a feminina. A consequência de tais mudanças tem deixado os homens cada vez mais covardes, e nós mulheres, ainda mais exaltadas. O feminismo cresce, e o machismo, há décadas em declínio, tem voltado com tudo. Do pior jeito possível - em atitudes e falas cada vez mais radicais e grotescas, quase inacreditáveis.
Sabem vocês que não sou feminista, estou é longe disso. Adoro ser mimada, tenho predileção por cavalheirismo e romance, e consumo em enorme escala (até onde dá meu dinheiro, claro). Eis que, em pleno século XXI, com mulheres deixando de pilotar fogão e indo comandar empresas, me deparo com a infeliz frase: "Medimos a dignidade de uma mulher pelo tamanho da calcinha." À primeira vista, questionei: quanto menor, maior a dignidade? Sexual, talvez, sim. Não, leio como resposta. Quanto maior a calcinha, maior a "dignidade" da moça; quer coisa mais retrógrada que isso? Pasmei. Puro falso moralismo, na verdade. Coloca a moça com um short-calcinha e com uma bela e pequenina tanga, e pago pra ver se a escolha não será óbvia. Só imaginam, esses homens, alguém pra ter do lado, ser mãe dos filhos e subir no altar se tiver uma enorme panties pra ficar no boxe do banheiro futuramente, que quer dizer claro, que ela é direita e "serve". Dama que usa de muita luxúria vestida logo de cara merece ser comida e só. Repugnante.
Ao chegar em casa, corri pro armário. Não havia um calçolão ou ceroula da vovó pra contar se havia sido caracterizado como honrado, ou não. Por esse motivo então, por não existir aqui comigo uma peça íntima que condiza à minha nobreza, deixo de ser capaz e correta? Negativo. Quem sabe nos anos 50, sim. Mas hoje, quando se você não se sentir sensual e poderosa, e não satisfizer quem com você está, o companheiro busca por aí quem o faça? Não, não. Me recuso. Por esse motivo quem sabe, imagino apenas homens asquerosos e com quem as chances de algo comigo seriam nulas, discutindo tamanhos de calcinha e personalidade. Fazendo paralelos ridículos entre "a sensualidade exacerbada" da garota, pelo que ela desfila por baixo de vestidos, saias e calças. Uma babaquice sem tamanho. Um julgamento ineficaz, que nada diz sobre caráter, futuro e sentimento; essência. Ela pode vestir então, uma quase-boxer, e agir em festas como uma vadia louca? Questionável. Já a menina recatada, que pode ser na dela ou tranquila, se usar algo mais cavado, delicadamente pequeno, já perde todo o arsenal de pontos que acumulou? Injusto. Vão tentar queimar na fogueira a mulher que der no primeiro encontro também? Porque essa vocês fingem bem que amam. E até mesmo, gostam, e podem sentir algum amor. Só não admitem por ainda cultuar ideiais tão quadrados pra essa nossa época insana. Continuam se reprimindo viver sem amarras e liberdade, o que asfixiará lá na frente também a pobre coitada que ficar com quem assim pensa: mãos abertas e vazias de qualquer vaidade, vão desfilar com a cueca do marido pela casa e se sentirão bem dessa maneira. Nuas de volúpia e libertinagem.
Há calçolas grandinhas que são charmosas? Há, sim. Algumas. Agora, selecionar como baixa ou miúda a femme fatale que bem se sente vestindo quase nada, é de uma mente fechada e tanto. Se tamanho não é documento, é muito menos, vestimenta íntima. Grande é a mulher que se admira e se cuida, e rei é o homem que nota isso, elogia. Sabe que toda a produção, seja quem sabe, apenas para ele. De fio dental, ou renda, calcinha enorme ou até mesmo, sem nada: que as pessoas sejam analisadas pela dimensão do que nos causam e não por detalhes que merecem atenção, admirados da maneira exata: corpo a corpo.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

E viva Cléo Pires, Kim Kardashian e Juliana Paes!

A culpa não foi minha, juro. Com o passar dos anos foi apenas preciso que meu padrão de beleza se tornasse "caminhoneiro". Explico. Nunca fui magérrima. Aliás, minha vocação para ser esqueleto sempre foi zero. Ainda é. Nula para quem realmente nasceu com o quadril largo, a estatura graúda e uma puberdade que veio precocemente. Então, para não ver desmoronar minha auto-estima teenager e começar uma reviravolta bonita, vi que podia ser magra, sim, mas também sensual. E com vigor.

Entre saúde e ossos, fico facilmente com a primeira opção. Gosto de comer de tudo um pouco, mas também sinto prazer ao sentir a endorfina sendo liberada, e claro, ao entrar no jeans 38 que hoje conquistei. Podem pensar "ah, mas ela é magra e tá reclamando". Sim, emagreci consideravelmente nos últimos anos. Mas de forma balanceada: desde a alimentação aos exercícios. Contudo, como desde adolescente admirei corpões como de Scarlett Johanson, Jennifer Lopez e Marilyn Monroe (por que não, né? De magrela a diva tinha é nada), continuo no mesmo time.

Acho um charme a cintura fininha em contraste aos pernões de Kim Kardashian. Luxo maior, as coxas bem definidas de Sabrina Sato e suas "panicats" (falem mal, mas duvido que se tivessem a oportunidade de ter um físico daqueles recusariam). Além do bocão, é bonito ver a quase ampulheta viva que é Kat Dennigs. O que falar de Beyoncé, que além de uma força feminina na música, possui sensualidade e exuberância sem vestir manequim minúsculo. Sem falar de brasileiríssimas igualmente lindas, como Cléo Pires e seu corpo de brasileira típica, a boazuda Juliana Paes, e Paola Oliveira com aquela barriga chapada que a cada carnaval só nos causa ainda mais inveja. Para mim, todas maravilhosas. Melhor de tudo: num equilíbrio entre o que é sadio e o que é realmente bonito.

Claro que todos os tipos físicos são de uma beleza única. Isso é incontestável. Devemos nos achar bonitas da maneira que der, vestindo o que de melhor nos valorizar, e com consciência de que há sempre algo a mais se melhorar. Esses foi os exemplos que encontrei. No lugar de tentar mil e uma dietas mirabolantes ou passar fome, vi que dava para me sentir bem comigo mesma, sexy e de um jeito são: apreciando o corpão que deus me deu (ou a genética fez), sem neuras, nem ideologias doentias ou padrões pré estabelecidos. Vi que é melhor um braço um pouquinho avantajado do que vagar por aí pálida ou desnutrida. Até porque, homem que gosta de uma boa mulher é o mesmo cara que aprecia carne, mal sabe o que é celulite e aprecia sem moderação. O resto, pra mim, ou é cachorro ou ainda não cresceu.

 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Andressa Responde: A ex-biscate e o passado que incomoda







Querida Andressa, sou uma grande fã sua. Parabéns por esse dom tão lindo.

Lindona, muito obrigada! Sempre fico feliz ao ler isso.

Já comecei a escrever vários e-mails pra ti, mas nunca cheguei ao final de nenhum deles, até que comecei a me questionar o porque e talvez tenha encontrado. O problema não é nenhuma situação, nem algum cara: o problema é comigo.

Acho que se tu pensou bastante, e então admite, já é um grande passo para uma mudança, não é?
Quando "comecei" minha vida amorosa, quer dizer, quando me apaixonei pela primeira vez, e segunda e a terceira, foi uma sequência de decepções sem tamanho. Quando eu achava que poderia confiar na pessoa, que conseguiria me abrir novamente, lá vinha outra bomba.

Ou seja: você escolhia a dedo os cafajestes. É complicado mesmo, porque quando tu deverias ter moldado e firmado a sua conduta perante o amor dali em diante, não conseguiu o fazer bem. Mas, vamos lá. Continue.
Acredito que isso tudo acabou me endurecendo muito - sem melosidades poéticas, é fato, endureci mesmo, desacreditei demais de tudo. Os casamentos da minha família também nunca foram um bom exemplo para que eu acreditasse em amor e essas coisas todas, cresci vendo pessoas que eu amo magoando pessoas que eu amo, cresci vendo que o amor deixa a gente muito vulnerável e nunca quis ser assim. E acho que em parte, tenho culpa por todas as decepções amorosas que tive, por não querer parecer vulnerável nunca me entreguei por inteiro, e no fundo estava sempre esperando alguma traição, alguma decepção, não conseguia confiar.

A gente tende a endurecer mesmo, no setor da vida que for, quando se machuca. Seguir os padrões da família ou de quem convivemos, contudo, é apenas uma das milhares opções que temos. Se você não se dava, estava sempre com medo, ou internamente sabia não poder confiar, é porque havia algo errado mesmo. E não tinha como receber algo em troca.

A última (e fatal) relação amorosa que tive, me fez chutar o balde, e então comecei a usar os caras que sentiam algo por mim: ia pra balada, bebia demais, não me valorizava. Uma catástrofe.

Putz. Pegou o caminho errado, sinto dizer. Mesmo quem sofre um monte ou descrê da vida, sei lá, há tantos outros rumos, não acha? Esse com certeza é o mais fácil de entrar, mas o mais complicado de tirar de ti. Ou seja, do que te rotularam. Como confiar em quem aprontou todas, não deu valor a quem deveria e muito menos a si mesma? Acho que é tudo consequência de um passado não tão distante.

E no meio disso tudo, claro que acabei me envolvendo sentimentalmente com canalhas galinhas ridículos, e sofrendo mais ainda para não perder o costume. Resumindo: fiz a minha fama.

Como dizem por aí: depois de feita a fama, o futuro é a lama. Algum dia o mundo divertido onde biscatear por aí e achar que vive no Mean Girls ia terminar, né? E a gente, às vezes, deve pensar mais pra frente. Pra que decair na vida se é só esperar que ela pode nos surpreender? Agora é sair do barro.

Até que, decidi sossegar, lidar com meus sentimentos de maneira menos infantil, e comecei a me envolver com um cara legal, mas legal mesmo, sem antecedentes ruins, e que também tinha sofrido muito, assim como eu. Ele sabia do meu passado/presente, e isso era um problema e tanto. Um problema que não foi mais difícil de superar do que meus habituais problemas com ciúmes, desconfiança, etc etc.

Eu imagino. Tu confiaria cegamente em namorar um cara que não vale nem o que come? Eu, com certeza, não. E mesmo se fosse um cara, não conseguiria namorar alguém que já pintou o sete e bordou biscatices noite afora. Passado importa sim, e é uma hipocrisia a gente dizer e acreditar nesse papo de que as pessoas mudam - ainda mais em tão pouco tempo - e que, do nada, você resolveu se comportar. Deveria ter feito isso antes, com todo o respeito. É uma culpa que, infelizmente, vai seguir contigo por um tempo, até que tu estabilizes a tua vida e isso fique num passado bem lá atrás. Eu penso sempre: é isso que eu quero contar pras minhas filhas futuramente? Que peguei um zilhão de caras e abria as pernas pra qualquer um? Nunca quis, nunca fiz e contarei coisas bem diferentes, ainda bem. É só analisando o passado de alguém que a gente consegue entender o momento presente dela. Ou seja: importa.

Mas estávamos conseguindo levar, aos trancos e barrancos, apenas me irritava um pouco o fato de ele não perder a oportunidade de jogar na minha cara tudo que "aprontei" no passado.

E vai ser sempre assim quando tu te relacionares com caras que saibam do teu "passado negro". Homens não perdem essa oportunidades, mulheres são bem mais compreensivas. A prova disso é que, os caras cafajestes acabam conseguindo encontrar namoradas fiéis, loucas por eles, e até mesmo cornas que aceitem a vida de bon vivant que levam. Já quem pega o rumo de querer ser devassa por uns tempos..Demora. A não ser que encontre um cara de outra cidade e que esse fique um bom tempo sem saber do que aprontaste lá atrás
.

Até que no ano novo, foi o fim: não conseguimos passar juntos e ele ficou com outra menina.

O que também não justifica, mas enfim, ele talvez nunca tenha confiado em ti. Não por não gostar, mas por simplesmente não conseguir. Foi errado, mas erro maior ainda é um casal passar distante nessas festas de ano novo. Se ficaram longe, que não saíssem pra balada separados, pelo menos. Ele deu justificativas pra isso? Estava contigo, tinha um compromisso, e mesmo sabendo do seu past tense, aceitou namorar. Quis isso. Injustificável.

E ainda falou pra mim, se achando na razão, tudo por causa do meu passado. Obviamente decidi esquecer mais essa história, e dei um fora nele. Mas mesmo assim não consigo me sentir bem comigo mesma, me sinto culpada por tudo que eu fiz, e por ter dado errado também dessa vez.

Olhe, se sentir culpada pelo passado, acho ok. Mas pelo relacionamento ser frustrante, não. Pelo que li e compreendi, já havia algumas coisas erradas, e quando tem coisa que não deve demais junta, acaba cedo. Se ele jogava isso na sua cara com frequência, uma hora nem você mesma ia aguentar mais. Ou tu encontras alguém que aceite (ou não saiba), ou infelizmente, de vez em quando vão comentar sobre ou se sentirem tristes pelo que já aconteceu antes deles.

Mas o problema maior é essa minha dificuldade em me envolver, em confiar, e quando consigo fazer isso, sempre levo um golpe mais forte. Sempre me apaixono pelo errado, e quando aparece alguém bom e que me ame, estou sempre muito ocupada lambendo as feridas do último golpe. Não quero mais isso, mas não sei o que fazer, não sei com mudar esse meu jeito, apagar essa impressão que tiveram de mim.

Apagar, não vai ter mesmo como. Vai demorar até que tu sare totalmente, de todos esses "golpes" do destino, e também que tu encontre alguém que não ligue pra tudo isso. Então, enquanto isso não te ocorre, acho que o melhor que tu tens a fazer é não atropelar nada: cuide de ti. Não queira tanto se apaixonar, se você ainda nem consegue ser louca por você mesma. Esqueça a cilada de um amor perfeito e maior que tudo isso, antes que esse carimbo do passado te suma da alma. O melhor a fazer é focar nos estudos, na vida profissional, nas suas amigas e na família, enquanto se prepara para que algo bom de verdade te aconteça
.

E agora que ainda estou apaixonada por esse último menino, também não sei o que fazer com o sentimentos que tenho certeza de não serem igualmente recíprocos. Sinto que tudo isso que faço é uma constante desvalorização de mim mesma, sempre acho que não sou merecedora de alguém que me ame, de um relacionamento bom e saudável. Acho que sou seriamente desequilibrada hehe.

Ainda vale tudo que disse acima: até que tu te coloques em primeiro lugar, ninguém vai o fazer. Assuma seus erros como vitórias para formar um caráter bacana de quem tu hoje é. Te goste acima de qualquer cara - ainda mais desse que, parecia muito legal, mas pelo último ato mostrou que não é tanto assim. Dê um tempo para si mesma, o amor pousa na gente bem de leve, quase sem fazer com que a gente sinta, pra não nos assustar. Só assim um equilíbrio entre o seu amor próprio e o de um mero alguém é realmente possível
.

Sei que tu não vais fazer nenhum milagre, só queria uma opinião de alguém tão conhecida no assunto. Obrigada pela paciência linda, beijão.

Capaz, queridona. Espero que os conselhos sejam válidos. Descansa esse corpinho e também a mente que partir pro lado negro da força e biscatear por aí não tá com nada, não tá na moda e fica só na boca do povo, ok? Um beijão e boa sorte!


Quer enviar o seu dilema/ dúvida/ pedido de ajuda idem? Escreve bem linda pra dessagoncalves_@hotmail.com e é só ir acompanhando e aguardando que daqui uns dias tá aqui também!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Bem








Basta que eu desça vá te encontrar. É repentino: o humor melhora em segundos, a pele parece quase revigorar tanta é a ansiedade para que aquilo de melhor que ando tendo nessa vida presente se faça. Estar alegre é quase sinônimo de gastar das horas para junto dele. Feito remédio - tamanho o vício, algo sempre falta se longe. Quase uma prática em que o dia desanda e demora a passar se não existe o sorriso esparramado que me consome positivamente já quando acorda. Assim como some a segurança em me sentir quase dona do mundo, caso queira, e um bocado de paz quando me livra da loucura que é pensar demais ao invés de simplesmente falar por horas, cair na distração de uma música ou filme, ir ao cinema. Apenas um beijo de verdade depois dos fogos de ano novo, ou concurso de desenhos - mesmo sendo péssima - para que a leveza de ficar pra sempre me faça nunca querer fugir do que temos. Esquecida de possíveis frustrações, raivas repentinas e ataques de reclamação, gosto mesmo é de estar dentro de um olhar compartilhado com a pessoa que prefiro em todo os planetas, de todas as galáxias e contando também as estrelas: esse bem que só me faz melhor. E mais.

É só me abraçar tão forte e sem razão para que esse desejo que adormece no meio do tédio diário em ser a melhor pessoa possível. Uma única mensagem de texto no meio da tarde, cinco dias para nós dois, longe do caos absurdo da civilização, e um alerta para que todas as células benignas dentro de mim façam com que o riso apareça, junto com as gargalhadas em cada ataque de cócegas premeditado. Ter quem ache graça e beije com vontade cada uma das minhas cicatrizes despercebidas ou pequenos defeitinhos é dádiva, mas também um pouco de equilíbrio com cheiro e cor: como conseguia viver sem ele antes de aparecer? A única certeza é de uma vida mais triste se agora sem. Tão bom poder chamar de minha essa bondade que a cada dia mais me faz além de mulher, forte, humanitária, quase domada e cordial. Dividir uma cumplicidade que se multiplica no formato perfeito de opiniões , gostos e diversão que apenas se intensifica, assim como a intimidade.

De mal nessa vida a gente já tem demais. Poluição em suas variadas formas, sentimentos ruins nos mais devastadores estilos, gente oca que ao invés de contribuir, contamina. Benção nos meu dias, sorte favorável quando o sol se intimida e não aparece, ou quando os problemas se amontoam e o choro só conseguem encontrar conforto no melhor ombro existente para se descansar e acreditar, seja por segundos, que tudo é bom e agradável num espaço paralelo e que na verdade só existe quando estamos juntos. Bem, meu lindo, meu bem maior: é seguir por esse mesmo caminho que a vaga da continuidade tendo você como a minha felicidade através do tempo e motivo para sorrir antes de dormir todas as noites será sua. Sempre.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Ao ano que vem.





Querido que ainda desconhecido, começo.Venho cheia de certezas bater um papo para, quem sabe, fazer com que entremos em sintonia. Mesmo que ande impossível, ou que assim seja para todo o sempre, em relação à mim - tão fugaz, fugídia, escapista. Porém, pedir que você permita que eu irrompa todas as instabilidades que vem pela frente, no formato vinte mais quatro horas, diariamente, é suplicar para que me atenda o telefone. Que pouse então, ao chão, e num mesmo nivelamento, eu possa com calma dar os passos que faltam para entrar em você serena, complacente. Tudo porque, como é de praxe, detesto final de ano. Me torno a pessoa mais reflexiva possível, e como é de conhecimento geral, pensar demais enlouquece, sim. Revejo erros, tento acertos atrasados, e tracejos promessas inconsequentes, que se quebrarão assim que a primeira semana de uma nova data se conferir por entre agendas e jornais, revistas. E você será a capa das infindáveis publicações, tentando ser compreendido pela massa, revolucionando com previsões que também em sua maioria não se cumprem. Se você promete a todos, caibo em meu papel de meu auto iludir - muito menos catastrófico, aposte.
Por fim, não se mire ao exemplo de seu irmão mais velho, que te cede o trono. Honre essa coroa que em ti estará, e dê a tal felicidade tão escondida, àqueles que não desistiram de tentar acertar nos dados que a vida joga. Olhe com sensibilidade para tudo que se plantou e ainda não floresceu, e não seja bandido de roubar da horta alheia, correta, para presentear aos que desmerecem: aja com justiça. Mesmo novo, vá por si só. Pense e aja com revolução, mudanças, inovações. Coloque alguns desafios, que é pra dar aqueles sustos de perder um pouco o sono e tremer na base de vez em quando, só pra não deixar demasiadamente fácil a tarefa que é ser humano e estar vivo. Deixe que o povo fale e ouça, que se comunique. Isso está em alta, te digo. Saber ouvir, e querer dizer, complementar; muitas vezes, é o que tem salvo casamentos quase desmoronados, e relações que ainda não tiveram tempo de amadurecer. Por favor, traga amor ao pessoal. Como dizem, sem gelo e em doses fartas: que nos embriague mais que a champagne do brinde à meia-noite, e faça jus às nossas roupas de baixo, sempre temáticas e piedosas. Mas amor que fique, amor real, sem contos de fadas e paixões borboleteadas. Real, e puro; forte e consistente, completamente apaixonado, e ainda assim, amável, o amor. Estável, entende. Que marque, mas também que fique. Que dê o gostinho de felicidade, mas que mostre também que há sabores ainda obscuros, igualmente imperdíveis.
Se você me vir, já sabe: avise o cupido que é pra acertar o alvo. Não só em mim, mas em alguém que queira exatamente o que desejo, me acompanhe. Traga mais risos infantis, em meios a tardes tediosas. Algumas brincadeiras com meus pequenos, que vejo crescer e sabe-se lá até quando assim será. Maior carinho entre eu e meus pais, que tanto amo e às vezes escondo. Guarde as tão minhas lágrimas para ocasiões necessárias, mas existentes (algum aperto no peito nos embriaga de nós mesmos por ventura, e além do mais, chorar só se for de alegria). Dias de verão, para que me sinta saudável e bonita. Dias de inverno, para que me aqueça em algum outro corpo que não sei e reconheça o aconchego de deitar e dormir, e se cobrir quase que até a cabeça. Conserve as amizades que fazem sentido, e pode levar aquelas que de superficialidade sobrevivem: quanto mais cedo o que não vale a pena se vai, aqueles que podem mudar nossa vida antes chegam. E para melhor. Bebedeiras com minhas companheiras, momentos de confissões entre amigas. Beijos apaixonados, ou não. Mas beijos. Abraços com altas doses de força e calor. Conselhos sábios, mas poucos - pergunte à seus antecessores: eu não sigo. Eventuais loucuras, para o livro de histórias da vovó que futuramente serei. Quem sabe um carro, aceito também um apartamento. Emprego, dinheiro no bolso, na carteira e espalhado pela bolsa. Saúde ótima, pra que eu tenha a liberdade de aprontar, aprender e fazer com que isso apenas me deixe ainda mais forte. Intuição e fé, pra que eu saiba os caminhos a seguir, e que sejam estes sem complicações fúteis.
E principalmente, 2011, que você me faça feliz. Não me maltrate, suplico. Me deixe contente em ter não apostado todas minhas fichas em você, e me surpreenda, se o caso for. Porém, que tatue nos cadernos e pautas, no que escrevo e que vivo a cor que o ano que ainda não terminou se esqueceu de fixar. Vilão que foi, acabou sem demais sorrisos, e levou consigo tanto a alegria extrema quanto a tristeza lamuriante que vivi os doze longos meses (quase) passados. Deixou vazio, inteirinho pra que você pinte e borde o que quiser. E que desde já, peço que é pra acontecer: que venha, e que chegue com força. Me surpreenda, e faça-se meu herói. Seja o que não foi 2010, e seu papel cumprido será: daqui um ano, quando estiver exercitando o pensamento e novamente dedilhando teclas e idéias, posso pensar 'não acabe dois-mil-e-dez, você não prometeu e existiu'.