sexta-feira, 27 de abril de 2012

Carta aberta a uma ex-amiga

 


Fica difícil saber quando esse processo - agora doloroso - de diferenças, sumiços da vida da outra e cronograma em comum errôneo começou. Vai saber se foi você quem se fechou primeiro por causa da minha falta de tempo, do comportamento grosseiro de vez em quando, das intrigas que me fizeram inexperiente, culpada e vilã, ou se fui mesmo eu quem, aos pouquinhos, escolhi viver com quem tem mais a ver, botar a boca cheia de sinceridades no trombone ou me recusar a aceitar as críticas, os maçantes comportamentos, a tudo não ser mais tanto como é. A gente pensa sempre que é importante na vida dos outros, mas é quando eles silenciam, ao invés de defender, que o pensamento para por alguns instantes e avalia que talvez nada fosse mais tão bom assim.

Como fazer durar uma amizade que já se encaminhava pra um afastamento, com tão pouca coisa a ver, fases extremamente diferentes, assuntos que mal batem e acabam sendo quase sempre sobre as gentes alheias e o supérfluo, roupas, emprego, faculdade, nada de útil? Sinto como se, mais ou menos como aqueles chicletes vendidos por metro de quando a gente era pequenas, cada uma foi puxando para o seu lado. Vagarosamente. Na lentidão de quem não quer perceber que a força motriz da companhia de outros tempos já perdeu o sabor e deve estar beirando já o lixo. Puxando lá, eu caminhando rumo às novidades da vida, os problemas de mim, tentando preencher as faltas que em cada um de nós já nasce e: de repente, fraquinho. Pega o desfibrilador, tenta reanimar o sorriso de noites bêbadas e sôfregas, baladas decadentes, confissões sem nojo nem pena nem dor - assim como também a sinceridade - só que não. Nada acontece. Ver um negócio de ano respirar por aparelhos é de cortar o coração. Ou as relações. Enfim.

É o choque de se dar conta que o nosso muito, talvez fosse pra outra amiga, tão pouco. O medo de não saber daqui pra frente como vai ser, se sozinha é melhor assim, ou daqui um tempo talvez, tudo se resgate lá na frente. Por enquanto, muito vai sendo deixado pelo caminho: as coisas boas da vida que precisariam ser contadas, fofocas que vão surgindo semana após semana, as incontáveis lembranças sem espaços de rir junto ao se maquiar, dividir uma mesma chapinha, chiclete antes de festa, faculdade reunida e outras mais que não cabem em uma só. Mas compõe memórias, fazem volume. Uma certeza (a única): guardadas com carinho. Já que as dúvidas são milhões, a mágoa grande e o futuro incerto, que seja. Pequeno o sentido, menor ainda a predisposição. Passa o tempo, mudam as pessoas, que se conserve pelo menos, além das recordações, carinho e qualquer respeito bom. Um dia, se encontrando por aí, conversa descontraída e remorso já digerido, a gente aprende.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A dois: programinhas que fogem do rotineiro jantar fora

 

Que a rotina é vilã mor de todos os relacionamentos, todos sabemos. Como, depois de algum tempo juntos, meses de namoro, sair do esquema de ficar na companhia do outro fazendo nada, vendo filme em casa e pedindo pizza e saindo pra jantar? Parece simples, mas deixar a zona de conforto requer mesmo cuidado. Cabe (quase sempre) a nós, mulheres, que organizemos os programas do casal, tenhamos ideias e abramos espaço para a imaginação. Não expert em nada e muito menos especialista no assunto - vale lembrar que, esse é meu primeiro namoro - mas vou tentar dar umas dicas do que fazer por aí sem deixar nem a peteca cair, nem o tesão sumir e o relacionamento ir pro saco:



1) Atividade física de final de semana

A mais saudável e também, na minha opinião, cúmplice das opções. Em algum dia que os dois possam, fazer alguma atividade, esporte, enfim que seja de agrado do casal costuma ser uma ótima pedida. Além de gastar calorias, manter os corpinhos em forma, combater o estresse, dormir melhor, repartir na intimidade suor, conversas animadas e um momento diferente com o mor.



2) Viagem para lugarejos próximos

Decidir meio em cima da hora, viajar praquela cidadezinha perto da sua que tem turismo mas vocês dois nunca conferiram de perto, voltar no mesmo dia ou dormir numa pousadinha. Ou também, planejar direitinho, conhecer tudo que tiver de bonito pra ver, tirar bastante fotografias, se aventurar mesmo. Fica na memória e coloca a rotina no chinelo. Sempre bom!



3) Teatro, museu, feira de artesanato

Vale tudo: teatro em cartaz, museus ainda nunca visitados, feira de tatuagem, comércio, idiomas (o que interessar aos pombinhos). Cultura também consegue unir duas pessoas que se gostam, se curtem e tudo o que querem é sair da zona de conforto. Nem que seja pra circular e ver gente diferente ao invés de ficar vendo televisão domingo de tardezinha, please.



4) Turistada (ou indiada) pela cidade

Sabe aquele passeio de barco do lago, rio, que seja, que tem na sua própria cidade e você nunca visitou? Convide o lindo! Assim como o ponto turístico que ele nunca teve oportunidade, parques e praças de algum bairro longinho, sair por aí dentro do território onde vive afim de conhecer o novo. Se torcerem para o mesmo time, vale estádio de futebol também, claro - duvido o gato dizer "não". Muito pelo contrário.



5) Balada em dupla


Sei que muitos casais, depois que começam o relacionamento, se reclusam dentro da própria bolha e esquecem o quanto eram boas as festas que iam, mesmo quando não estavam pelo clima da pegação. E por que não ir em casal? Sinceramente, não vejo problemas em fazer uma concentra (aqui no RS, mais especificamente em Porto Alegre, chamamos assim. muitos falam "esquenta" ou "aquece", o pré balada, gente) a dois, curtir juntos, se mandar pra festa escolhida e se divertir apenas na companhia do outro. Pra casal que se basta, é suficiente. E costuma ser, além de diversificado, muito bacana. Experiência própria.



6) Maratona de algum seriado em comum


Séries estão no auge, e cada vez mais, produzem melhores. Difícil que os namors não tenham pelo menos uma que curtam em comum para gastar algumas horas do final de semana assistindo, dando risadas, ou exercitando o pensamento em conjunto. Ao invés de você assistir sozinha, apenas na companhia do chocolate e cobertor, muito melhor o cara que você escolheu pra chamar de seu, não é verdade? Caso o casal não curta, sugiro video game. Super Mario todos amamos, vale lembrar!



7) Show ou festival


Pra que funcione, é preciso primeiro que os lindos tenham ao menos uma banda em comum e que a mesma faça shows em território brasileiro hahaha mas enfim, é bacana. Diferente do que ir com amigas, mas muito melhor, dá pra curtir as músicas mais na intimidade, em par mesmo. Não tem muito como dar errado, acho uma ótima. Só aumenta a cumplicidade do casal, a parceria - o que é maravilhoso. Dez

terça-feira, 24 de abril de 2012

Malabares



Funciona mais ou menos assim: a vida anda equilibrada, você se puxa para ir bem no setor acadêmico, nunca teve melhor momento entre família e as amigas parecem todas fazer parte do melhor grupo do mundo. As saídas à noite, fantásticas. Memoráveis. Quer só um namorado. Deseja com toda a força alguém que dê um sentido maior a tantos dias que passam devagar e à essa corda bamba, sempre estreita mas firme: estável. Também entediante, vulgo certinho demais que só a insanidade cega, mas deliciosa do amor nos proporcionar. Nós, que precisamos ser malabaristas também, sempre. Mulheres.

Até que, então, aparece: ganha o coração, conquista espaço, revira nossa cabeça, mostra que veio para dar ao amor um novo patamar - fazer com que a gente equilibre não mais três bolinhas, mas agora, quatro. Quem disse que houve preparo para um arroubo de um afeto cheio de momentos fabulosos? Nada. Tem mesmo é que correr atrás das amigas como uma louca, fazer o que dá pra não ouvir da família a distância que não é sentida pela sua pessoa, mas todo o resto do mundo diz ser o calo momentâneo. A faculdade não tem mais a mesma graça de antigamente, não. Depois que aprendeu a pensar no outro a cada cinco minutos, a mania domina a mente, as ações, nós por completo.

Pronto. Na desordem da vida, tempo perdido para juntar do chão aquilo que caiu sem avisar não compra passagem de volta. O sentimento de nunca nada ser suficiente, de decepcionar em troca de uma felicidade possível, atende a chamada, marca presença e raramente cabula aulas. Ou a gente aprende, ou pega ritmo. Melhor ainda se um trouxer o outro embutido. Quatro não dá nunca. Três é bom, três é que é demais. Fica difícil, mas a gente lá, firme. Eis então: reprovamos numa cadeira do curso. As amigas sorrindo, a família alegre, o namorado, lindo. Cortamos relações com os pais: amizades foram feitas pra horas difíceis também, lógico que o amor da vida entende bem e dá um desconto quando escolhemos pirar um pouquinho, e a pensamos encontrar a tal profissão dos sonhos. Ou então, basta uma quebra de laço afetivo com todos os os amigos em questão para o namoro nunca ter sido tão lindo, os momentos com os irmãos em casa, um ninho e a universidade começar a nos surpreender, positivamente. Três é número da sorte, forma triângulo: quadrado pede maiores rotas, uma corrida inteira para que descubramos o que importa mais na estação provisória.

Surpresas nós, mulheres, ficamos ao ver o quanto administram bem todas essas sessões da vida o companheiro. Nunca tão gritante a diferença homem e mulher, assim como o aprendizado nobre e saudável dos conselhos e do colo quente, de quem não é pai, irmão, amigo ou colega mas o brinde especial que focalizam as coisas boas toda pra uma caixinha onde a gente guarda tudo de melhor que nos acontece.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Todos acham que falo demais


Carrego em mim uma prolixidade incompreendida. O erro infantil de confiar de braços abertos e olhos fechados em quem gosta de me ver cantar a pedra errada por aí. Opinião para tudo nunca me fez tão bem assim, e Maysa, todos tem achado que, assim como tu, também falo demais. Da fossa das minhas ideias eletrizantes, faladas, até a bossa de um veneno que embebo eu mesma, da boca maior que o pensamento, da língua afiada mais veloz que o raciocínio. O crime que cometo é sempre dilacerado do muito que enfeitam e pouquíssimo real como deveria: colocam querer nas intenções que não tive. Estendem minhas palavras até um discurso inexistente.

Poucos dão conta de quem, de tão transparente, quase nem existe mais. É numas de tentar se explicar melhor, corrigir os erros, que quem fala demais mesmo tomba para apenas bem depois ver o mundo cair, junto com a ficha corrida de frases impensadas, contos despudorados, o não dever dizer que saí, para depois virar rancor e mágoa, roubar o lugar secreto daquilo que deveria ficar calado para dar à culpa um trono condizente. Dessa minha falha, terrível defeito, a maldade não faz parte. Vê na minha ingenuidade o cruel quem desejar. Mal sabem que é quando enlouqueço - sem razão, remorso e nenhuma vergonha - que faço da pane no sistema o momento perfeito para uma solidão reflexiva cheia de ensaios para acertos futuros. Uma pena.

Tem que nos conheça bem o suficiente para saber que a cruz a qual mandam carregar é pesada demais, desnecessária. Há quem achasse que sabe com quem andava lidando, mas tamanhas picuinhas, mal dizeres, rebuliços, se perde na linha de um tempo que talvez nem volte mesmo. E existe o tipo de gente que tarde já sai do elenco, do qual a falta será bem-vinda e que por incompreender meu espírito verboso, difama. Tenta fazer a caveira de quem tem tecido demais ainda a se desfiar. E mesmo excessiva, palavrosa, é íntegra.

O brinde merece ser feito aos poucos, mas maravilhosos, especiais, que dão conta dessa demasia, da nossa urgência autêntica de quem é mulher, independente, ativa e com um engate em especial para a visceralidade que o mundo não hoje suporta, nunca aguentou. A consciência de tantos erros e acertos, das consequências e dos estragos está de pé, alucinada. Assim como o desejo mais forte do que nunca de quem está preparada para colher o que lá atrás tiver plantado. Minha cara, assim como consciência, andam lívidas, de tão limpas. Leves. Livres. Porque entre o ir e o vir, eu prefiro o movimento. Ficar e partir, eu falo. Demais.

sábado, 21 de abril de 2012

Eu prefiro gente








Como seres vivos, quase todos nós somos apaixonados pelos animais. Comigo, não é diferente. Já tive desde tartaruga, passando por hamster, cachorro e gato como de estimação, em casa. Sempre fui uma criança que conviveu com algum outro serzinho em casa, faço vozinha de boba e cara de abobada quando velho filhotes fofinhos, e respeito cada ser como únicos, nunca tendo maltratado nem qualquer hediondeza do gênero. Porém, é de gente que eu gosto. É do humano a minha preferência. Sim, eu prefiro gente - e infelizmente, hoje em dia isso é quase crime. Tão mais difícil gostar de quem é complicado, daquilo que é mais difícil e confuso. Contudo, assumo do que gosto e aquilo com o qual me preocupo: a felicidade de uma infância que possibilidade bons adultos.

As ONG's para se ajudar animais se espalham pela internet. Pet shops se alastram nas cidades, sejam grandes ou pequenas. Casais abdicam de possuir uma misturinha pra chamar de sua, do dom da vida, para, ser "papais" de cães - não condeno, apenas discordo. Não sinto vergonha em levantar a bandeira das crianças, de que se preocupar com o futuro de quem precisa de educação, do bem estar social e mental de uma sociedade onde, andamos de pé, falamos, sentimos um coração tamborilar no peito, amamos. Adoro animais, mas até hoje, nenhuma espécie, nicho, ou biodiversidade conseguiu me encantar mais que os primeiros passinhos de alguém que mais tarde pode vir a correr num calçadão de exercício. Difícil de existir algo mais bonito que as primeiras palavras, as paredes pintadas pela casa, a sujeira de uma roupa onde a arte se meteu um pouquinho e, pintou. Eu amo crianças, e instinto animal nenhum conseguirá (acho eu) mudar isso.

Conheço várias pessoas que se sentem muito melhor ao lado de cães, tartarugas, iguanas, raças e natureza. No entanto, preciso de abraços apertados. Da imaginação fértil de algum pequeno, ainda com uma vida toda em construção. Tem coisa mais bela que o sorriso de dentes faltando, a risada gostosa, ou a ingenuidade do ser ainda puro? Do que a alegria simples, a falta de tato para contar mentiras, a agitação contagiante de quem ainda tem pouca idade, um coração singelo que bombeia sangue para todo o resto do minúsculo corpinho, a derme frágil que precisa de cuidados, tem cheirinho bom e específico e precisa de cuidado, se não queima? Pra mim, não. É dar carinho, cuidado e amor pra que uma gente miúda se torne grande e continue a espalhar o bem por aí, ser íntegra e capaz de suportar as dores dessa vida como rocha, mirando no exemplo passando; querendo que, pro futuro, possa ser assim com outras crianças também.

São bacanas os momentos onde corre o cachorrinho para buscar a bolinha que jogamos, e volta serelepe. Ou quando comem rapidamente, correm par festejar assim que chegamos em casa, ou nos lambem no rosto. Ronronam quando acariciamos o pelo macio, soletram palavras que ensinamos, essas coisas bonitas que nos fazem adorar muito os seres que seguem seus instintos. Com certeza, também carregam em si uma magia que nos acende. Porém, é nessa minha preferência pelas pessoas, da minha crença de que são os humanitários que carregam nas mãos o poder de transformar o mundo positivamente e, com um sorriso cândido, uma mão pequenininha, aquele olhar de quem ainda tem tanto pra ver por aí, fazer nosso dia mais leve e um daqui em diante diferente.

A arte pintada de Floyd Grey

Vasculhando Pinterest adentro, encontro algumas artes que merecem ser descobertas pelo resto do mundo. Acredito que, com a tag certa, e quase sempre em inglês (porque a rede social está em ascensão no Brasil ainda), dá pra se encontrar coisas muito bacanas. Foi então que encontei Floyd Grey.

Artista malaio, Grey tem apenas 21 anos e é um artista digital que encara a beleza toda que compõe com linhas e cores como um hobby. Trabalha com sua autenticidade em ilustrações fashion, onde a mulheres de lindos traços quase sempre são compostas.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sorteiozinho: o livro "É só um encontro", de Greg Behrendt


 


Após dois anos de blog, acho justo efetuar o sorteio de um mimo entre as tão queridas leitoras que possuo. Ganhei esse livro há uns dois anos, li duas vezes, e garanto aqui: é de uma linguem descontraída, exemplos práticos, reflexões coerentes e bem bacana para quem é solteira. Como o li em poucos dias e cuidei super bem dele, está novinho, lindo e super bem conservado. A menina que ganhar vai ter de brinde uma dedicatória minha, com a minha letra e as palavras que eu sentir ser as certas no momento de escrever. É só um encontro é um lindo maravilhoso, escrito pelo casal Greg Behrendt e Amiira Avotola-Behrendt, tenham certeza disso.


Como participar:

Me seguir no Twitter (@dessagoncalvess), e twittar a seguinte frase: "Sigo e curto o kawacauimn.com.br e quero ganhar o livro 'É só um encontro' que ela está sorteando". O sorteio será administrado pelo site Sorteie.me, que é bastante confiável e realiza esse procedimento. Não vou escolher o vencedor ou vencedora, nem nada parecido, fiquem tranquilas.

O sorteio ocorrerá domingo, dia 22, às 20h. A vencedora será divulgada pelo meu Twitter, por isso é importante que a pessoa também me siga. Participem, meninas!

Beijoca

Vermelha

Escrevo, recorto e dobro papeizinhos que vão compor a surpresa que irradiará da lata vermelha em formato de coração. Sentada no corredor da universidade, em companhia apenas desse meu passatempo que era um presentinho de amor pra logo mais, depois do trabalho em grupo, do intervalo, de estacionar o carro e chegar no quarto. A colega me acompanha então: também faz do chão o seu banquinho. Comenta dos conteúdos, desseca demais cadeiras da faculdade, e silencia. Continuo a picotar com minha tesoura amarela e emprestada frases e palavras e o mimo a ser entregue, com todo meu carinho dentro, mais tarde. Até que ela lê um, olhar de canto. E outro, enquanto rabisco a folha branca. Você está vermelha. O rubor calorento da face, o sorriso amarelo de uma timidez ainda presente em mim e que ataca vezenquando, é nesses momentos de flagra inesperado, de tremeliques e jeito nenhum que, eu coro, tu coras, nós coramos: amamos.

Ficar vermelha é meu escudo para não deixar escapulir todo o oceano que eu sinto, a fauna que eu penso, a biodiversidade interna e que nem sempre fica mole e facinho esconder assim, sem encontros num meio de tarde. É o amanhecer que troca do sereno da noite o estado emocional, ainda na aurora, até quase explodir nas bochechas da gente, laranja, mistura de amarelinho, branco, bege; vermelho. Quase cena de cinema e a gente, espectadores - rádio conectado, e então, entrevista: nunca parece ser real, passa sempre muito rápido os instantes de vermelhidão do rosto, palpitação acelerada e mãos que suam. É o roquenrol das sensações etéreas, um tanto da infância no íntimo conservada, a vergonha que sorri boba, leve, profana. Existente.

Dona de unhas quase sempre pedidas de bom grado à manicure cor de carmim, sim, é cândido mas também irracional essa sanguinária toda que sobe e quase me faz levitar, tamanho o acanhamento a assuntos que para mim tem a urgência de uma vida, o preço do incalculável, estima profunda: caríssimos. Meus. Fácil me deixar da cor das paredes que pintei o quarto ainda adolescente, aos onze ou doze anos, quando questionam o impublicável, se atrevem a arriscar qualquer pergunta de cunho pessoal escancarada, sem direito a prévia ou preparação. Eu rubro mesmo porque vibrar é atentado à falta de felicidade alheia. E diz tudo.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Música boa: Lucy Rose

Inglesinha de 23 anos, nascida em Warwickshire , Lucy Rose mudou-se aos 18 anos de idade para Londres para cursar Geografia na University College London. Porém, a música falou (ou cantou, soou, tamborilou) mais alto: tocando com outros músicos, fazendo contatos, conhecendo gente e se expondo ao mundo, viu que era em meio a composições e melodias que seu destino estava atrelado. Conheceu os meninos do Bombay Bicycle Club - com quem dividiu os vocais nas nos belos e bem feitos álbums Flaws e A different kind of fix e ficou então, mais conhecida pelo mundo idem.

Está produzindo seu disco de estreia, previsto para este ano, foi reconhecida pela Vogue como uma das cantoras indies a despontar em 2012 e faz turnê pelo Reino Unido, EUA e Canadá com os mocinhos do BBC. Multi-instrumentalista, tem nos clips já conhecidos a fofura como marca registrada - vejam os dois abaixo, são muito bonitinhos. É frequentemente comparada com Laura Marling, adora Bob Dylan e é tão fofa que dá vontade de apertar, não é verdade?
 
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=80yKbjYY1hc

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Estante: Embriagada, de Koren Zailckas

Tive a brilhante (ou não sei se é pra tanto) ideia de escrever sobre livros que se encontram na minha biblioteca particular. Denomino apenas "livros" porque não vou me ater apenas aos que amei de paixão ou figuram como meus favoritos. Posso vir a comentar sobre edições que não consegui passar da segunda linha ou, outras em que, mesmo tendo finalizado a leitura, faltou um quê, o tal algo a mais. Enfim, a sessão "Estante" aqui no blog está oficialmente aberta!

Para começar bem, revisito Embriagada, da americana Koren Zailckas. Comprei num balaio da conhecida Feira do Livro de São Paulo em 2010 por, no máximo, R$10, 00. Desde que iniciei a leitura, não desgrudei do exemplar. Trata sobre a triste história de uma jovenzinha típica, mas sem muitos atrativos e personalidade que, desde a pré-adolescência se rende aos poucos ao vício do alcool - perdendo momentos importantes pra toda menina como o primeiro beijo, a primeira vez e o primeiro amor, totalmente bêbados assim como estado de espírito da garota. Narra ao longo do tempo como nasceu a paixão pela bebida alcoólica, o efeito das más companhias no fermento do vício, a dependência quando descoberta, a relação dela com os familiares mais próximos (abalada, afinal com o tempo todos foram descobrindo que ela andava perdendo no placar pro alcoolismo) e o conturbado curso na faculdade, onde fez amizades, desafetos e amores interrompidos pela adicta de forma trágica. Deixa bem a mostra o vazio e o buraco que uma dependência química pode causar em qualquer um de nós, seres humanos. O bom é que a srta. Zailckas não nos poupa de detalhes, conversas, frases bem construídas e reflexões sobre o tema. Bom para você, sua mãe, tia, vó, prima e qualquer outra mulher, da idade que possuir.

É um relato bonito para se ler de quem venceu uma das maiores causas de tantos problemas pessoais hoje em dia. A parte em que ela se descobre vazia e perdida após tanto tempo vivendo num mundo onde não se deixava inserir por completo e admite o vício é realmente emocionante. A volta por cima, após anos e anos de bebedeiras pesadas diariamente e fracos laços afetivos, nos faz ver na autora uma vencedora. Da jovem que fez uso abusivo do álcool para despertar em si uma valentia escondida e suprir sua melancolia após copos e copos de vodka, cerveja, tequila e derivados, à Koren autora, centrada, racional e bonita, como podem ver na foto. Vale a leitura, recomendadíssimo!


terça-feira, 17 de abril de 2012

Dos afastamentos


Sei que de minha parte não se iniciou esse processo de separação já anteriormente nem imaginado. Bem verdade que o tempo, de tão apertado, anda corrido e tanto minha disposição, quanto momentos disponíveis não são mais o...s mesmos. Aliás, diminuem gradativamente: acumulações se atribulam, alguns percalços pedem ajuste, gente gritando daqui, sentimento puxando do lado de lá - tem sido mesmo difícil satisfazer, mesmo com todo meu amor imenso e coração errante, as demandas daqueles que figuram como favoritados depois das sete chaves, do lado esquerdo, quase no meio do tronco. Os dias tem ficado cada vez mais frios, e me congelado junto, será? Cansei de correr atrás, só tenho suportado quem me compreende sem aquele esforço descomunal (e sim, simples), porque tudo que mais desejava é que, no momento em que o ritmo apertasse e o fôlego começasse a cessar, eu tivesse a quem olhar apenas de rabo de olho, sucinta e prosseguir na maratona que tem sido a vida.

Daí, que desses dias de sol no meio do quase inverno que tem perpetuado, mesmo com essa minha felicidade estável (surpreendente), algumas decepções. No profissional, não mais aquela gangorra de se dar bem de um lado, e mal do outro: é admirável o equilíbrio que tenho me esforçado pra manter. Na saúde, ando bem. Estética, todos os cuidados possíveis para melhorar, cada dia mais (eu, que tenho a ambição como uma aliada, sempre). Do lado romântico da coisaaquele sossego que eu, mesmo mulher e menina, até mesmo desprezei em outros tempos. Ou observava com certa desconfiança: não existe, quanta sem-gracice. Que nada. Tanto existe, como faz bem. Veja a melhoria em meu humor, a seda que anda meu cabelo, as tantas sensibilidades a que tenho me permitido. Claro, tem gente que se afasta. Seria alegria à essa alegria alheia? Ah, agora você está em boas mãos, tchau. Pronto, já que você anda leve quase como um fantasma, farei que não a vejo. Cadê aquela cumplicidade toda, as milhares conversas madrugadas à dentro, regadas de cerveja ou espumante? Os segredos partilhados, o bom alinhamento da convivência? Foram pra baixo do tapete as fotos de quase dez anos, os laços fortificados que tanto já tentaram romper, e nós, mesmo quase completamente diferentes, seguíamos acreditando? Já se tornara mesmo tão frágil e quase morto isso de deixar falir o que um dia foi amizade, e num último estágio se transformou sem qualquer olhar atento a apenas mais uma associação, cheia de interesses e comodidades por trás? Desacreditava em amizade que qualquer ciúme derrubava. E parte, assim como consciência, estão comigo e em bons estágios: uma feita, a outra tranquila. Há erro em vivenciar da vida o melhor, e tentar, feito equilibrista conciliar companhias de anos, e simultaneamente, o sorriso dos meus dias? Pecado pode ser isso, de condenar com severidade quem abusa de certa inocência em viver, quase descabido de si próprio.

Se de um lado há quem se afugente desse meu estado sublime de conduzir dias corriqueiros e finais de semana, existe uma parte de mim que quer correr sabe-se lá pra onde; pra longe. E acaba ferindo quem, com cuidado e proteção sustentou por uma vida. Desse meu desejo de crescimento instantâneo, de impor maturidade onde ainda vêem a garotinha de dentes muito separados pedindo um pouco de atenção. Gente que foge dali, eu escapando sem rumo pra um único refúgio descoberto recentemente. Como cantam os fados portugueses, tão familiares a mim que sou descendente direta, e como Maysa contestou naquele episódio em que morre seu primeiro marido: dão de um lado, e fazem questão de tirar do outro. Dos cortejos e mimos de amor a que me baixei a cabeça e agora recebo, alguma perca do que antes me era essencial também: certa fraternidade que não me satisfazia, mas apaziguava. E daquelas que, não me compreendem os silêncios ou as tentativas de ressureição daquilo que numa memória não tão longínqua foi coisa viva e me quis bem assim, atônita de tanto bem. Quebra-cabeça essa nossa vida, onde com tempo e paciência, as peças e pessoas, situações, fatos e atos se acumulam e resolvem; quando não por nós, por si mesmos. Adultos e sábios da importância vital de se resgatar aquilo que compartilhado, faria multiplicação. De felicidade.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Andressa responde: o bom sentimento pelo ex lutador de jiu-jistu


Bom, já sabes quem eu sou, mas a maioria das tuas leitoras não. Me chamo Helen Gomes e moro em Belém do Pará e por favor, quem ler essa história e conhecer quem será retratado como o sujeito principal, repasse a ele.

Gente, quanta coragem. Com nome e tudo. A cara à tapa. Essa é a dona Helen, vamos lá então.

Minha história começa no primeiro dia de aula da faculdade. Nesse dia, conheci o cara que será tratado como "Thomás", já que sei que ele ODIARIA se exposto dessa forma, posso dar a minha cara a tapa no mundo, pois seria injusto expor a pessoa dessa forma.

Lembrando: o nome do menino é fictício. Então, falemos sobre o moço intitulado Thomás.

Voltando, lembro exatamente como o conheci: ele vestia uma calça jeans super surrada (que provavelmente ele tem até hoje) e uma blusa laranja, estava sem barba e com o cabelo gigante. Tem os olhos castanhos e o cabelo cheio de cachinhos, parecendo um anjo (ou, no caso, o demônio). Numa aula de didática que estávamos, sentados em círculo, eu mandei um bilhete super besta dizendo: Oi, tudo bem? Toda a turma passou até chegar nele e acreditem, ele simplesmente ignorou e continuou prestando atenção na aula. E eu pensei: o que esse cara pensa que é? Todo mundo aqui na sala é afim de mim, só ele me esnoba. TÍPICO de garota mimada como eu era em 2010.

Segura de si, também. Admiro gente assim. E a gente já sabe: quanto mais difícil é, maior o nosso desejo. Já vi tudo.

Depois disso, não tentei mais nada por um tempo. Até que um dia, numa conversa em grupo, ele comenta de uma marca no braço dele que foi um bicho que tinha feito e eu toda besta prestando atenção na história, até que do nada me vem uma mega coragem e peço para tocar. Cês não tem noção da magia e dos sinos que tocaram nesse dia, eu fui pra casa tão feliz que peguei o ônibus errado e cheguei em casa super tarde.

Hahahahahaha que amor. Apaixonada mesmo. E só de tocar no braço do menino. Quão forte é o poder da felicidade com benefícios (ou não) nas nossas vidas né? Pra um moço difícil, é o começo da abertura de caminhos. Iniciou aí. Um toque na pele consegue o que palavras e outros gestos nunca antes tinham chance.

A partir daí, nos tornamos amigos e eu toda afoita como sempre fui, troquei telefone, MSN e todos os contatos possíveis com o garoto. Nessa época, nenhum dos dois tinha Facebook e por isso só trocávamos SMS e conversávamos no MSN. Nesse intervalo, houve as férias e eu fui pra SP ver a família e voltei pras aulas. Até que num dia eu me declaro pra ele dizendo que eu era apaixonada por ele e o cacete, e sabem o que ele me disse? Huum, nós somos só amigos, eu não posso ter nada contigo. Ah minhas queridas, eu fiquei PUTA da vida nesse dia, não sabia o que fazer de tanta raiva, mas fui levando e continuei cercando ele.

Putz. Das duas, uma: ou ele não era tão afim de você assim (vai ver que, nele, o seu desejo fatal não fazia efeito) como o resto dos colegas, ou ele se fazia mesmo de difícil. Tem caras que possuem um "certo" bloqueio e se escondem atrás de aproveitar a vida, pegar várias, beber pra caralho e usar drogas. Meio triste, mas acho que tudo deva ter um porquê no âmago de cada um. Enfim, ou ele realmente, até aí te via como amiga. O fato é que, por insistência sua, um despertar louco de querer você no cara ou sabe-se lá o que, algo aconteceu...

E passando o tempo e depois de levar vários tocos dele e dando toco em tudo quanto era homem que aparecesse, eis que um dia ele resolve testar ficar comigo.

Olha, haja paciência. Mas se você queria mesmo, conseguiu. Como eu disse: a tal da insistência. Nem sempre eficaz a longo prazo, mas poderosa quanto a indefinições, impasses e negativas veementes.

Foi o dia mais feliz da minha vida. Sinceramente, não me arrependo de nada que havia feito até aquele dia. E nós começamos a ter um relacionamento. Ele se apaixonou por mim e eu dava minha vida (e infelizmente ainda dou) por ele.

Que fortes declarações. Dia mais feliz da vida, uau. Deve ter sido uma realização e tanto (sério, juro que a ironia não tá aqui do lado). O negócio é forte mesmo. Pena que quando a gente entrega a nossa vida nas mãos de outra pessoa, ela geralmente não tem nem ideia do que fazer com tudo isso. Ou pior: fazem o que querem, o que bem entendem, e mandam e desmandam. Daí, se torna realmente triste.

Nós eramos como o casal perfeito, todo mundo dizia isso. Minhas notas aumentaram, minha vida com ele era "perfeita", até que ele começou a mandar e dizer o que eu tinha ou a fazer e eu besta ia na onda.

Bingo! Eu não disse? Se anular totalmente é furada. Acaba sempre dando merda.

Começamos a brigar feio. Bem feio. Sabe, ele começou a levantar a voz e eu idem, só que eu me exaltei mais e bati nele. Meu maior erro: ele é lutador de jiu-jitsu e dessa vez não se defendeu, apenas recebeu o tapa.

Gente. Que perigo, guria! Assim, quando começou a agressão da parte física, pra mim, acabou o respeito. E relacionamento sem essa palavrinha chave fica difícil funcionar. Mesmo que seja da sua parte e ele tenha deixado, é complicado. O tapinha que não dói, infelizmente, sempre evolui.

Com o tempo as brigas aumentavam e começaram as agressões físicas às escondidas, depois em público, até que quebrei uma mesa da faculdade jogando em cima dele pra poder correr dele. ]

MEDO. Pânico, pavor. É namoro da vida real mesmo ou a Bela e a Fera piorada? hahaha sorry a piadinha, mas JESUS. E tu não caiu fora? Surpreendi aqui.

O mais estranho de toda história é que eu não percebia o quanto ele me afastava das pessoas e fingia estar bem por isso. E meus amigos todos indo embora e eu só ganhando novos hematomas, físicos e psicológicos.

Claro, eu entendo. Meu deus. A história é chocante. Ele era abusivo, nos sentidos mais críticos da coisa: o psicológico e o físico. Também o emocional, sim. A gente quando tá cega de amor acaba permitindo esse tipo de coisa. Não sei se alguma amiga tua tentou avisar, mas sempre acontece. Fico triste que apenas hoje tu note isso, guria.

Ele começou a fazer uma pressão imensa para que eu tivesse o corpo perfeito, mas pior de tudo é que ele fazia isso baseado no fundamento que no começo do relacionamento eu mentia pra ele, que eu escondi meu passado, que ele queria saber de tudo e mandar em tudo.

Credo. Sério, como se permite um negócio desses? O corpo perfeito, jogar o passado na cara, te bater. Eu hein. Ele deve ou ser lindo, ou ter muita grana, ou um carisma enorme (é brinks, não me odeia). Mas assim, que complicado. Era tudo tão um caos que, aposto que quando tudo estava às mil maravilhas, pra ti acabava sendo o paraíso. Aquela esperança de que tudo volte a ser como no comecinho nunca morre na gente, não adianta. Somos brasileiras e acabamos não desistindo nunca (ou não).

Ele "compensava" por assim dizer, com o "carinho" que ele tinha por mim (se é que vocês me entendem), ele era paciente e atencioso quando se tratava de me levar pra cama e por isso eu deixava ele continuar com isso.

O tesão comandava. E sabe, em muitas histórias acaba por ser assim: na cama, o negócio se inverte. E a menina, mulher, moça, senhora, acaba se iludindo. Enfim, acho muito abuso agredir fisicamente. Muito mesmo. Eu nunca permitiria - digo isso sem nunca ter passado nem mesmo por algo parecido. Mas não julgo, sei pouco sobre o futuro e né, quando a gente deixa o coração comandar fica sujeito a muita coisa, assim como ao julgamento alheio.

Durante dois anos foi esse inferno e finalmente consegui terminar e me 'recuperar' de tudo. Mas aí vem a dúvida da galera: depois de tanta safadeza da parte dele, por que eu estou escrevendo esse texto? Porque simplesmente eu ainda o amo. Sim, sou burra, sou a mulher mais otária do mundo, mas ele tinha um lado que só eu cheguei a conhecer, que não era o agressivo, mas o romântico e por ter dado tudo errado entre a gente, eu quero que ele saiba que sim, eu quero a felicidade dele.

Nobre da sua parte. Mas, será que é recíproco? E ainda assim, o amor ainda sobrevive. Por aparelhos, em meio às feridas, por cima dos escombros. Vai entender a elasticidade de um sentimento desses, né? Loucura loucura loucura.

Já me disseram que é nobre o sentimento, eu concordo. Ele está namorando com uma garota muito boa gente e eu juro que por mais que ele tenha me destruído (ele me fez ter bulimia por causa da pressão para emagrecer) física e psicologicamente, eu ainda o amo, ainda penso nele, lembro de todas as coisas que aprendi com ele. Ele é nerd e super inteligente, ainda uso a aliança que ele ganhou quando era criança dos pais de castidade que ele me deu.

Então. Puxa, ele namora. Está em outra provavelmente, né. Nunca chegou a pedir a aliança de volta? Acredito que vocês nãos e falem mais. Será mesmo que se essa história tivesse continuidade, vocês poderiam ser felizes juntos? Será isso tudo não pioraria de um tamanho a que ficasse tão, tão pior? Cê não tem medo de arranjar encrenca com a menina boa gente? Hahaha enfim, acho que se ele a destruiu e não fez questão da reconstrução, cabe a você se refazer por si mesma, infelizmente. Ele me parece ocupado demais para curar em ti algo que deixou pela metade (e destroçado).

Sabe, o mais estranho disso tudo é que eu precisava desabafar pra todo mundo, meus amigos, meus não-amigos, todos o que possam ler, que ele mesmo não tendo prestado comigo e nem eu com ele, eu quero que ele dê certo com alguém, que ele seja feliz e preciso dessa resposta - mesmo que grossa da parte dele como sempre foi - eu só queria que ele dissesse: eu tô feliz! Me deixaria muito mais em paz e me faria pensar em seguir em frente.

Ah, então você só quer uma última conversa, e não uma volta? Poxa, admiro isso. Eu, particularmente, estaria o querendo esquartejado por fazer com que eu tivesse perdido tanto tempo bom de vida, que é a juventude. Mas se o único desejo quanto a ele é uma palavra amiga, um sentimento bacana pra não ter um ódio eterno do que se passou, que ele leia isso aqui. Acho que esse amor que você teima em ter por ele, esse (de certa forma) apego, não é mais algo pro teu presente, e você sabe. Nem mesmo se conservou como já foi um dia. Contudo, que ele saiba que mesmo sendo tão escroto, não rolou ódio por parte sua. Bonito mesmo. Sua corajosa!

Cheguei a mandar um texto pro irmão dele e ele que sempre me odiou, disse que ia mandar pro Thomás, ou seja, até quem me odeia resolveu me ajudar. Então por favor, Andressa e meninas, não quero julgamentos, quero disseminação desse texto e das respostas da Andressa. Se vai chegar nele, não sei, mas quero que chegue o mais próximo dele possível, passem pras amigas, pras conhecidas, pra qualquer pessoa que tenha sentimentos e que se importe com amor ainda nesse planeta, porque a cima de qualquer besteira que os dois tenham feito, eu o amo, não que o meu objetivo seja ter ele de volta, mas que ele saiba que se um dia, ele ainda quiser ter algo e que tenha mudado e que saiba que eu mudei e deixei de ser a mimada, fresca e mentirosa que era.

Eu te amo, beijos e obrigada Andressa.

Que lindinha. De verdade, espero que ele leia esse bom sentimento em relação a ele, que não é mais o amor carnal e de pele que vocês tinham, mas algo legal de se sentir por alguém do passado. Não sei como as coisas terminaram entre vocês de fato, mas pelo que acredito, foi mal e com uma boa mágoa. Uma pena. Bom que você ainda quer isso e desejo o bem pra ele. Tudo volta, garota. Mesmo que não hoje e demore, algum dia essas coisas maravilhosas que tu deseja te atingem em cheio também, pode ter certeza. Boa sorte, e menino, se estiver lendo: cuida bem da tua atual namorada, pro favor. Que vocês não se agridam, usem das palavras amigas pra ser felizes e, enfim, se amem muito também. Amor pro mundo que volta pra gente!

Beijão,

@dessagoncalvess

Quer enviar seu texto/desabafo/caso também pro Calmila Responde? Se joga bem linda no dessagoncalves_@hotmail.com e basta esperar, menina!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sinais nítidos de que ele é um babaca

- Machismo exacerbado: Ele pode sair à noite com os amigos, dar o pé em você na última hora no final de semana, ter a sua senha das redes sociais, cumprimentar ex na rua e o escambal. E você, querida? Nada. Basta que você deseje um shopping com as amigas enquanto ele joga futebol no domingo pra que o caos se instaure. Só é mandada menina que deixa, não custa lembrar.

- Muda na frente dos amigos: Quando a sós, é um doce, o mais romântico possível, um mimoso. Basta que o leve para um churrasco com os amigos dele ou mesmo para sair numa festa à noite, e de repente o príncipe encantado não é mais tanto assim: a deixa de lado, se torna mais frio, praticamente esquece que você existe. Tudo para bancar o machão na frente dos parceiros, lógico. A troco de nada.

- Agressividade surpresa: Estava tudo bem, maravilhosamente lindo, até que, numa briga, ele a ataca com palavras vociferadas sem nem pensar por um segundo, ou (pior ainda), com um apertão no braço. E isso é só o começo. Se o cara é agressivo, é babaca também, pode ter certeza. E o que começa com um tapinha que nem tanto dói no corpo, mas na consciência, só piora ao longo do tempo. Vão por mim. Agressividade, quando aparece, seja física, verbal ou psicológica só revela que talvez você mereça algo (muito) melhor.

- Tecnologia em demasia: Presta atenção ao celular, não se desliga do computador, dá check-in na sua casa, no restaurante, no motel e mesmo no final de semana checa o Twitter e o Facebook de 5 em 5 minutos. É um dos mais sutis avisos, mas, a gente é mulher quer atenção, porra. Piora se sempre tem mulher sendo adcionada, publicando coisas no mural ou curtindo o que ele posta.

- Quer você mudada: A conheceu loira, mas, depois de alguns meses revelou que adora ruivas (numa indireta pra que você pinte o cabelo). Dá a dica para que você coloque silicone, abomina e tira sarro do tipo musical que você curte (e que já sabia ser este quando firmou compromisso), dá pra implicar com as suas roupas, o jeito de falar ou traços da personalidade. Se apaixonou assim, mas com o passar dos meses, parece querer uma nova namorada. Abra alas pra um idiota desses achar outra que não você pra mudar num estalar de dedos do moço. Uma coisa é ajudar e incentivar, outra é desejar uma mudança daquilo que já conhecia.

- Ostentação ridícula: Ele tem carrão, mora bem, faz academia adoidado, usa roupa de marca e bebe e come só do bom e do melhor. Adora comentar as viagens carésimas que já fez, os bens que a família possui, Tudo bem se tivesse um comportamento humilde. Agora, tem muito babaca que usa desses privilégios pra pegar menina, e mais, achar que está conquistando - e tudo que conseguem, a longo prazo, é nojo de menina decente e periguetes interesseiras na cola. Depois não entendem porque não aparece guria legal nunca pra namorar. Mulher curte cara simples, é tão fácil.

- Pãodurice: Não te leva ao cinema porque não quer gastar. Não compra presentes em datas especiais pelo mesmo motivo. Não a busca, não a leva, em função do alto preço da gasolina. Faz com que você pague várias vezes restaurantes, motéis ou passeios a dois, pois ele não pode gastar, não (ainda mais quando a ideia foi sua). Sovinice tem limite, meninos!

- Esquece os bons modos em casa: Trata mal atendentes, subalternos e funcionários públicos. Arrota, mija de porta aberta, parece não saber falar "pro favor" e "obrigado" e não se envergonha de peidar na sua frente. Fica mais de um dia sem tomar banho, faz barraco em lojas, supermercados e restaurantes e até mesmo com o telemarketing que liga sem parar. Assim não dá.

- Ciumento e inseguro a toda hora: Liga de 5 em 5 minutos. Quer saber de todo o seu passado - e se ele for cheio de páginas escritas, vai a incomodar por esse motivo sempre. Se um cara te olha numa festa, já quer partir pra pancadaria. Recusa roupas sensuais, e não acredita quando você diz que o ama, que está em casa, e quietinha. Com o tempo, vai cansando e você se sentindo numa prisão sem fim. Bem triste.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Abracinho




O abracinho nasceu do medo dos bois. Dois. Ex-bezerros fofinhos do sítio. Eles estão vindo, eu tô com medo, tira eles daqui, sai, sai pra lá, me protege. E o abracinho. Sucinto. Subvertido. Quieto. Mas protetor. Nunca mais quis... sair da vista bonita do alto da colina, do momento dos braços envoltos quente contra a brisa do final da tarde. Resume em tudo que poderia valer meu dia, sintetiza milhões de palavras sussurradas, acompanha o ritmo acelerado dessa batida perfeita. Que se passem trinta e cinco minutos, duas horas, três dias. Tem dias que, todo cuidado é pouco: me torno capaz de mortes atrozes, impunidades indecentes, o pior possível em troca de apenas um abracinho. Ou melhor, em busca. Só sabe quem se torna adicta da mistura entre perfume, encaixe, força e carinho trocado de um pra outro, somados e que tem, no ato, a beleza de se sentir plena.

Longe, sofro da síndrome de abracinhos no ar. Me prendo em mil e uma roupas. Compresso o celular, quase ser ar, na mão. Apego forte no peito o caderno das aulas, que é frio e de noite. Porque só um abracinho embalado dá o conforto de um colo em pé, a vontade de não largar nunca mais, boa noite e assim dormir. Ou, na metade da noite, depois de um pesadelo macabro ou insônia repentina, apertar forte pro mundo parecer um lugar mais aceitável. Meio de lado, ao caminhar na praia, pra dormir um pouquinho no sofá, passar um domingo: o abracinho varia de tamanhos e formas, de horários e jeitos, mas ainda é a melhor pedida seja pra culpa que fica depois de alguma bobagem dita, pra momentos de ócio no meio do dia, surpresas de uma frase espontânea que soa aos ouvidos, maravilhosa ou alimento para a criatividade sensitiva.

Se tornou quase vício: é "inho" de vez em quando pela delicadeza da chegada, pelo aperto exato do corpo no outro. Mas bom também quando bem apertado, depois de uma discussão chorosa. Melhor ainda se cheio de saudade, dias sem se ver e minutos retidos no ar, e vazio depois dessa angústia (entope-se depois do inconfessável, dos beijos na nuca, dos ronronos tipo gostando do ato: vício). O que importa é que, quase sempre, tem final com sorriso e a fortaleza segura pra todos esses meus medos desvalidos. E o que era apenas um gesto de afeto, se tornou o meu lugar preferido para permanecer. Parece beijo, só que às vezes, é até mais eficaz. Mimo que às vezes vem com dancinha de brinde, frase bonitinha ao pé do ouvido ou cola temporária que não faz querer desgrudar nunca mais. Enquanto os bois engordam, o abracinho ganha destaque entre os acessórios de maior uso, maior consumo, melhor qualidade. Insubstituível, inestimável, único.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Pós raiva do mundo






Eu andava com um ódio no coração. É sério. Minha missão pras daqui em diante é eliminar toda essa escória sentimental e ter uma vida de mais amor e felicidade. Com essas circunstâncias da vida veio uma deprê de leve e uma amargura que antes eu não carregava no olhar - e que, agora, eu só rezo pra que saia logo e vá pra longe. Chega uma hora que, sei lá, gente. A gente vive servindo de dona de bonitos conselhos por aí, mas não age conforme o andar do pensamento. Foi bem mais difícil do que preciso parar de ver o mundo como inimigo pra, só então, conseguir processar a ideia de que, é melhor conviver em paz que atacar injustamente quem nem sabe de tamanha revolta. Ainda bem que uma hora passa. De herança, crescimento. Amadurecimento na marra.

Junto com essa mágoa, chegou tristeza e raiva, veio muito ciúme, apareceu uma carência que não existia em mim, sem falar na dependência humana, algo que desconhecia. Centenas de problemas agrupados que, num fechar de olhos, incorporaram monstro e bola de neve, caos e desordem: invadem o cenário e roubam as melhores falas, se infiltram em personagens já construídos; também machucam. Um carinho e me prendia; uma palavra amiga, e eu aberta; era só se enroscar que feito aqueles bonecos agarradinhos, não soltava mais, não. Uma chatice, eu. Depois de ouvir boas verdades inesperadas, tudo se torna uma gorda contribuição pra se renascer dentro de uma mesma existência. Agora, acho que acordei pra poder ser feliz. Daí, com a maturidade, a gente descobre que nem tudo tem substituição. E que cada pessoa, situação e lugar são únicos na nossa história. E vê que a burrice maior é focar tanto no ruim que a visão se fecha pro que pode nos surpreender.

Não tenho pressa, porque esse hábito só beneficia quando envolve adrenalina. E aos poucos, assim, volta a rir gostoso. Volta o sono leve, mira paisagem bonita, cuida direitinho até que cicatrize, faz do silêncio um grande aliado. É preciso ser confortável sozinha e se perdoar de qualquer pequeno empecilho pra conseguir reviver a intensidade outrora. Abrir a mente, fechar para balanço, sentir essas preciosidades que compõe quase um dia inteiro na ponta dos dedos: porque é só então que o drama encontra uma saída pelos ouvidos ao invés de fervilhar os nervos. É apenas dessa maneira assim um pouco intrínseca, fazendo uso de um pouco de solidão oportuna que dá pra reorganizar praticamente uma vida. Pra só então, depois de serena, calma e novamente completa em folha, agir. Re-viver.