quinta-feira, 21 de julho de 2011

Like a virgin


Necessária, duplamente corajosa, escrevo. Tanto sobre as escolhas que fiz até agora, como para discorrer sobre o tema. Pois então, no segundo grau, era o assunto pautado em tudo quanto é canto, tanto da sala de aula, quanto no cursinho de inglês, entre as meninas apenas, reunidas (os guris, com certeza) e tudo o mais - fugir não era escolha; aguentar, a única opção. Uma a uma, vi minhas amigas (quase todas) perderem aquela parte tão comentada da "inocência", comentar posições e preferências sobre as quais eu apenas imaginava existir, mas desconhecia, e sim: quebrar a cara. Num balanço entre alguém se dar bem no primeiro pulo à experiência ou reconsiderar o ato - falho - quase nenhuma estava realmente satisfeita com o ocorrido, o que me desencorajava, sim. Se entregar no calor do momento para depois ter que aguentar o quem sabe inesperado, o talvez já premeditado frio na reação de pesar no conceito do outro. Ou muitas vezes, de saciar a vontade e não ser mais desafio, e ver pela frente apenas uma mágoa e um baita arrependimento tremendos a por algum tempo sustentar.
Meus relacionamentos, todo muito superficiais. Rasos mesmo. Acredito que nunca quis talvez alguém tão por dentro da minha vida que se aventura-se também por partes indescobertas minhas que nem eu mesma tinha maturidade suficiente para reconhecer. A tendência, como sempre, é a melhora - o que no meu caso, acredito que tenha vindo com tempo e o tal autoconhecimento, sim. Me vi com muito mais corpo, naturalmente morena e depois ainda mais, para escolher pela simplicidade e naturalidade: também, mais confiante. Mais madura, consciente e sem aquela sede juvenil de querer apenas para ser uma no bando, mais uma ali. Verdade também, que algum tempo foi perdido em vão na busca de um príncipe perfeito que hoje afirmo com toda certeza, não existe.
Assisti à muitas primeiras vezes, me esquivando da minha. Essa é a grande verdade. Lá dentro, apitava a intuição: não é agora, não com ele, não é a hora. E nada. Alguns caras pulavam fora quando ouviam "sou virgem", outros me perseguiam insistentemente apenas para isso (o que, mulher que sou, lógico que notava). Eu e Sabrina Sato temos algo em comum, além das pernas que não afinam: também demorei a conhecer o que realmente representa a palavra "sexo" . Descobri o que vinha mesmo a representar tal junção de duas sílabas mais tarde do que vem a ser normal nos dias de hoje. Não por falta de oportunidade, mas sim, de luz no momento exato, de alguma visão maior sobre o panorama todo que me dissesse, indiretamente: vai, se joga dessa vez também. Dos meus impulsos, esse nunca antes acometido. Das minhas amigas, não cheguei a ser a última mas longe também de ser a primeira. Sem me arrepender em nenhum segundo. Dos apelidos: Madre de Calcutá, A Virgem, Santinha. Nada que me abalasse demais. Assim como, nenhum cara que realmente valesse a pena. Pois então, desencanei. Sofri um tanto, amadureci ainda mais. E parece que é mesmo quando a vida vai nos dar outra rasteira, que ela nos joga
Não escrevo sobre algo que ocorreu ontem, ou coisa do tipo. Mas sim, apenas para dizer às tantas meninas que se pressionam seja pela curiosidade própria, pelas amigas que incentivam, pela mídia que impõe que, se você não transa, não é "descolado", não é bacana ou coisa do tipo, que esqueçam isso. Legal é se gostar a ponto de ter certeza do que está fazendo. Mesmo que não seja um namorado, alguém com quem se esteja algum tempo, que se olhe bem dentro do olho, que se perceba intuitivamente e por alguns sinais emitidos, que vale a pena. Nem que seja por uma noite - mas que ali, no momento, valha a pena. Há mais que se estar ciente e certa do que pode acontecer dali pra frente que selecionar com inúmeros detalhes e restrições; isso ou aquilo não importa. Vontade, intuição e um tanto de se estar madura junto com alguém que não demonstre apenas apreço físico quanto psicológico e inteligível ou que vá zarpar assim que conquistar o "título" obtido.
Tantas primeiras vezes ainda pela frente, mesmo sem cunho algum sexual, erótico ou carnal - ou sim, por que não? Uma grande verdade que corre por aí, é que ninguém morre virgem: a vida, essa danada, fode com todos nós enquanto é tempo e sem dar aviso. Em menor quantidade, ou do jeitinho certo, inteligente é quem não deixa furar o bolso das oportunidades e aproveita, com o radar da intuição ligado e um pé fincado ao menos na realidade enquanto o outro ensaia o pulo. Vivos, humanos, sensíveis, seremos ainda tocados por tantas primeiras vezes à frente. Pressa, nesse caso em específico e especial, só abriga insatisfação.