quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Andressa responde: Ele tem brochado, ela não sabe o que fazer.

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Oi Andressa, acompanho seu blog há muito tempo e tem me ajudado bastante em algumas questões do relacionamento. Vou contar um pouco da minha história e pedir sua ajuda sobre um lance que tem acontecido no meu namoro.

Olá, acho ótimo ler isso. Fico sempre feliz! Vamos ao que tem ocorrido, então.
Meu relacionamento completou 5 anos, dos quais todos vividos com muita intensidade, amor e respeito de ambas as partes. Como todo casal, tivemos várias brigas, por ciúmes, algumas mentirinhas, e até chegamos a romper uma vez. Três meses depois voltamos, percebemos que tanto tempo juntos não podia ser jogado fora.

Acho que há motivos além de "tempo perdido" para se retomar um relacionamento. Mas ok, se voltaram e a felicidade perdurou por tempo razoável, deve ter sido válido. Não julgo.
Desde então, nossa relação só tem melhorado. Nos tornamos mais próximos, passamos mais tempo juntos, ele tem sido cada vez mais carinhoso, amoroso e etc. Aos olhos dos outros, nosso relacionamento é perfeito, todas minhas amigas pedem dicas e conselhos, todos elogiam. A longo prazo, começamos até mesmo a planejar nosso casamento.

Talvez eu seja a única pessoa nesse mundo que não é fã de "relacionamentos perfeitos". Somos tão humanos, e por isso mesmo, tão errantes..Acho BEM duvidoso quando vejo de fora "casais perfeitos". Tem algo ali, sempre. Sou muito mais a imperfeição apaixonada de ser quem somos e, aceitarmos o outro bem do jeitinho que ele é. Com falhas, com defeitos, manias e toda a personalidade possível. Quanto ao casamento, levei um sustinho, confesso. Não sei quandos anos você tem, ou se segue alguma religião, mas deve ser nova demais para subir ao altar, menina! Cuidado. Se você me escreveu, é porque algo te aflige. E se tem alguma pedra no sapato que você não tem conseguido solucionar sozinha, deve pensar muito antes de tomar uma decisão importante como essa.

Só que nem tudo é um mar de rosas. De uns meses pra cá, temos enfrentado um probleminha que vem minando nossa relação: o sexo, que antes era maravilhoso - e frequente - passou a se tornar mais escasso e meu namorado passou a falhar algumas vezes na hora H. Na linguagem popular, ele tem brochado.

Claro, eu já imaginava que nem tudo eram blues e a lente rosa do amor. Até porque, é um pouco disso que impulsiona a gente a continuar se relacionando, muitas vezes - o desafio constante de permanecer na vida do outro de forma marcante, viva. Sexo é muito importante pra qualquer relacionamento. Se não ocorre, na minha visão, tem algo errado sim. Se era frequente, e de repente, começou a não ser mais, eu questionaria também. Agora, ele ter brochado, putz...Que droga. Nunca aconteceu comigo, não sei qual a sensação no calor do momento, mas acho que ficaria decepcionada. Dizem que temos que ser compreensivas, dar uma chance ao cara, pode ser só uma vez e cansaço ou os problemas tomando conta. Ok. Agora, se tornar quase rotina, acho brabo.

Na primeira vez que aconteceu, senti que ele ficou super sem jeito, tentou explicar, mas não conseguiu e eu simplesmente peguei minhas coisas e fui embora.

Não julgo, acho que faria a mesma coisa. Mil coisas devem ter voado na sua cabeça, como "meu corpo é que está ruim", "ele não me ama mais", ou "por que isso, deus?". Reações, sempre da pior maneira possível. Porém, de uma espontaneidade que acho incrível. Foi você mesma, e isso vale muito também.
Eu sei que todos dizem que a mulher deve ser compreensiva nesses momentos para ajudar o homem, mas eu não aguentei, passaram-se mil coisas na minha cabeça: ele tem outra, ele não sente mais tesão por mim, ele não me ama.

Tudo que eu tinha dito. Sim. Na primeira vez, ok. Nas demais, sei não.
Depois, aconteceram mais duas vezes e cada vez nossa relação tem se tornando mais estranha. Tenho evitado ao máximo situações que podem acabar em sexo.

Poxa guria, que triste. Deve ser tão complicado sentir tesão no cara que ama, e se ver obrigada a forçar que o sexo simplesmente não ocorra, pois você ficará frustrada. Já conversaram sobre o assunto? Se não, com urgência deve ser feito. Normal, não é, e ele sabe disso. Fique atenta aos sinais. Perceba os gestos dele enquanto explica a sua versão de tudo isso. Qualquer detalhezinho se torna importante nessas horas.
Eu não sei o que fazer. Já tentei conversar, já tentei lingerie nova, entre outras coisas e nada. Às vezes, tento justificar a situação pois ele tá passando por uma barra, os pais dele estão se separando, ele está indo mal na faculdade por isso, anda meio nervoso.

Você já tentou conversar, e pelo visto, ele desconversou. Tentou lingerie nova, outros apetrechos, uma atitude mais agressiva, talvez, e nenhuma melhora. Homem não vive sem sexo. Desculpa mas, pra mim, isso está se tornando cada vez mais estranho. Justificar o problema com mais problemas não é uma forma muito eficaz, porque, pensem comigo: quando a gente está na pior, quer, mais que tudo, achar uma forma de ficar bem. E o sexo é ótimo pra isso. Dizem até que, fazemos da relação sexual um espaço a preencher as faltas que vamos tendo no dia a dia. Um espaço onde o prazer nos enfeitiça, pelo tempo que dura, para que liberemos a adrenalina e agressividade do que não vem funcionando na "vida real". Por isso, não justifica.
Mas não consigo entender. Não consigo ver como o nosso relacionamento, que antes era mais que saudável - em relação ao sexo - de repente se tornou frio. Ficaria muito agradecida se você me desse sua opinião, que para mim, vale muito. Eu tenho estado muito mal, minha auto-estima tá zero e eu sinto que meu relacionamento, que já não é o mesmo de antes, está por um fio. O que você acha, Andressa?

Ô, guria. Como já disse nas pausas em que em meto acima, acho tão triste isso. E do nada. Acho que uma boa e franca conversa, olhando no olho, ajuda bastante. Nem que você force. Ele terá que falar. As suas tentativas já foram bastante válidas, e não deram em nada concreto, o que é ainda mais triste. Por isso, tente o papo. Caso não dê, mostre a ele que, para você, o sexo é importante, e a chama precisa ser reacendida. Perceba os sinais também - tanto do corpo, que ele emite ao se expressar, tanto da face, que diz muito mas quase nunca com palavras. Os possíveis problemas que ele está passando afetam um pouco, claro, mas para mim, ao menos, não cabem como desculpa. Caso tudo dê errado, dê um tempo no relacionamento. Não aqueles "dar um tempo" onde os dois saem por aí, se traem e coisa e tal. Mas alguns dias distante. Diga que precisa de uns dias para você, e tome chá de sumiço. Assim, ele pode ter a chance de perceber o que realmente sente - de fazer com que o desejo pela sua pessoa se renove. Aproveite esse tempo também para pensar, repensar, renovar a própria libido. Dê um gás na autoestima, vá ao salão, compre roupas, se exercite. E acho que é isso. Espero que dê tudo certo, e que vocês voltem a copular com sucesso e prazer em breve! Boa sorte, beijoca!

Quer enviar sua pergunta também? Se joga no send it pra dessagoncalves_@hotmail.com e se estiver tudo bonitinho e eu entender bem a questão, é só esperar!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A roupa, não.


Um belo dia, ele vai falar da sua roupa. A tentativa será sutil: nada que dirá diretamente que você está gorda, bizarra ou vulgar. Lógico que não. Mas de repente, perguntará o que mais você trouxe, além daquela saia. Poxa, eu gosto mais daquela blusa. Por que você não coloca aquele outro vestido (que na verdade, usa pra ficar em casa ou ir no trabalho, bem distante das comemorações e saídas oportunas dos finais de semana). Acho as blusas com esse tecido - que é a renda, claro - que você tem um tanto "estranhas". E se você só levou duas ou três mudas, já tendo planejado a semana toda que usaria aquele top cropped com o short cintura alta, e cinco minutos antes de sair escuta alguma infâmia dessas, o mundo de repente para. Se estiver de TPM, acentua: como assim? Eu vou com essa roupa, sim senhor. Qual é o problema? Pois trate de me falar, e já. Ah, não gostou? É só isso? Desde quando a pós-graduação em Moda feita em Paris que eu não sabia? Enfurecemos, é óbvio.

Vasculhamos o armário, ou a singela mala que levamos apenas para passar um dia, dois, longe de casa. Nada que sirva. Na verdade, no corpo sim: mas não para a ocasião, e com maior certeza ainda, não para o nosso humor no momento. Ele quer ajudar. "Deixa eu ver o que tem aqui". Palpita pelo vestido curtíssimo, mas implicou com o traço de cerca de quatro dedos de barriga de fora que você havia vestido, sentindo-se radiante. Experimenta. Detesta. Troca o biquíni, tenta um camisetão, e nada. A vontade de ir praticamente esvaziando a paciência; a autoimagem, quase destruída: uma monstra sem peças decentes que montem algo criativo e que fique bem no corpo no improviso. Frustração notada. Reclamações possíveis: mas amor, tá tão feio assim? Acha mesmo? Tá, tudo bem, mas agora mesmo que eu vista, vou me achando horrorosa. Não sei o que fazer. Perdi a vontade de ir. Não se faz isso, viu? Não num sábado de manhã, nem dez minutos antes de sair, e muito menos com uma mulher em TPM. Sem falar nas quantas e tantas vezes que saímos com eles estando com traje de dormir, camiseta furada ou de viagem, calção de academia ou combinação estranha, sem nem comentar nada? Por que roupa importa sim, mas é mais quando trajadas em nós, que nos queridos.

Saíram meses juntos, e nem um pequenino comentário quanto ao seu comportamento vestido. Um "mas vai de meia-calça, né?", quando o short era hot pants, quem sabe, e só. Esse tempo todo, me achou cafona e não disse? Por que está comigo, então? E às vezes é ciúmes, noutras uma posse meio cega de deixar que a gente mostre por aí pedacinhos, parcelas, traços que apenas ele vê. Dito então "Estou com ciúmes, tá bonita demais", e fim. Mas homens, graças a deus, são homens - e falta o tato em dizer o que realmente desejam, na maioria das vezes. Sim, algumas vezes é mera opinião, e devemos levar em conta, afinal, é quem sairá conosco de mãos dadas ruas afora. Porém, quando for apenas esse desejo de gostar de ver mais roupa e menos corpo de fora, sejam além de diretos, centralizados no foco em questão: um ciuminho talvez, com uma pitada de opinião própria de quem (quase sempre) não leva a moda a sério. Por isso, opinem no que bem entenderem, com alguma cautela, contudo: viagens, faculdade, emprego e até mesmo família. Agora, a roupa não, rapazes. Suplicamos!


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Andressa responde: traição - há perdão, ou não?



Oi Andressa! Tudo bem?
Acompanho teu blog há dois anos e sou fã incondicional. Após ler tantos depoimentos e pedidos de ajuda sendo gentilmente acolhidos por você, tomei coragem e vim deixar o meu. Na verdade, não preciso decidir nada, mas é algo que me incomoda então vim abrir meu coração para saber a sua opinião sobre o assunto.

Olá, garota. Claro, claro. Fico feliz que leia desde o comecinho, e goste bastante. Pois então, vamos lá.
Namoro há mais de três anos um rapaz que me trata como qualquer garota gostaria de ser tratada: carinhoso, companheiro, compreensivo. Nosso relacionamento é tranquilo e na medida certa, com seus níveis de ciúme e diferenças controlados. Tudo sempre foi muito intenso. Estávamos sempre juntos. Quando eu não dormia na casa dele, era ele que dormia na minha. Tínhamos finais de semana harmoniosos, de diálogo, colo e carinho mútuos e o sexo sempre foi bom para os dois. Saíamos e nos divertíamos sozinhos ou com amigos em comum para todos os lugares: de boates a viagens a dois. Eu o ajudava com os estudos, ele me ajudava com coisas do trabalho que eu levava pra casa...Enfim: era o relacionamento - modéstia parte - que todos os nossos amigs julgavam perfeito. Com planos futuros, inclusive.

Ótimo. Aqui aqui, tudo bem. Até demais.
Só que na metade do relacionamento, aconteceu uma coisa inexplicável. Um dia, sem mais nem menos, ele ligou avisando que estava chegando...E não chegou. Fiquei preocupada, esperando, ligando e só consegui falar com ele no dia seguinte. Foi aí que ele apareceu com uma história duvidosa que eu vim descobrir ser mentira dias depois.

Putz. Mentira é péssimo. Não sei como conviver. Acho que passaria a questionar tudo até então, se não foi mentira também e eu é quem nunca tinha olhado mais atentamente.
 

Ele havia me traído. Sem mais nem menos, no caminho de casa, passou numa festa com o amigo, conheceu uma pessoa e ficou com ela.

Meu deus, mas assim, do nada? Tipo, vou ali na esquina comprar pão, e de repente peguei aquela gostosa que estava ao lado do orelhão? Ou, fui lá fazer a revisão do carro e voltando pra casa, resolvi entrar numa festa? Não entendi muito bem. Mas aí que tá: as pessoas não estão aqui no mundo pra que a gente as entenda, mas sim, que as compreenda. Erros são humanos, porém, assim, de repente, me assustam. Acho que meu mundo desabaria e eu teria ido comprar correndo uma passagem pra Europa, num país bem distante.

O mundo desabou. Terminei tudo com muita, muita raiva. Meu coração ficou destruído, ele parecia enlouquecido. Não sabia dizer porque havia feito o que fez e eu não entendia como isso podia  estar acontecendo. A partir daí, foram meses de pedidos de perdão. Ele aparecia na minha casa chorando, implorando, me enchia de flores, de cartas e dizia que reconhecia o erro, e queria apenas uma chance para provar que era mesmo amor o que sentia por mim.

É fácil cometer o erro, em poucos segundos, e depois se arrepender por meses, né? Talvez, tenha faltado espaço pra singularidade e sinceridade ao longo do relacionamento, o que acabou resultando nessa explosão de sentimentos guardados em que figurou a traição dele. Pense comigo: você faria a mesma coisa? Sequer cogitaria entrar numa festa ao invés de ir ao encontro do cara? Tenho certeza que não. Quando a gente está namorando, é essencial ainda estar apaixonado. E se não está, alguma coisa errada anda ocorrendo. Ou simplesmente é um prenuncio do fim que a gente se recusa a captar. Deve ter sido difícil não ceder aos apelos e choros, e afins. Mas sabe, e voltar confiando no moço, será que dava? Eu não conseguiria.

Andressa, eu sempre achei que quem ama não trai. E nunca achei explicação pra isso. Porque não sou do tipo que se engana e sei que nada que vivi foi uma farsa.Mesmo tentando entender, perdoei e reatamos. No início foi uma situação muito dificil. Apesar de ele permanecer como sempre foi comigo, a minha insegurança chegou a mil por hora.

Olha, segurança bem justificada. Como disse antes, a confiança não se restaura assim, num piscar de olhos. A fase ruim roda na cabeça sem parar, a imagem que tínhamos da pessoa, com certeza, muda. Tudo bem compreensível da sua parte. Só, como eu disse, não teria reatado o relacionamento. Quem faz uma, pode facilmente e já sabe o caminho para fazer duas, três..

Muitos apoiaram a decisão, inclusive minha familia (com quem ele fez questão de conversar). Mas ao mesmo temp, fui julgada por outros que adoravam a gente como casal antes. Fui chamda de burra e "conformada" por perdoar uma traição e recomeçar.

É a cruz a se carregar. Pessoas julgam as outras, e quem diz que não o faz, mente - o que também resulta em pecado no final das contas. Se sua família é importante pra você, e a apoiou, já consideraria um fato de grande importância. A opinião alheia nos serve muito pouco, não é feita sob medida. Em primeiro lugar, prime pelo bem estar da sua consciência, atenta à sua intuição e ao que seu radar feminino capta ao redor. Se voltaram, e estão bem, e as paranóias conseguiram sumir da sua cabeça, viva o momento e deixe o passado lá atrás mesmo. O que vai, volta, e pode não ser por você, mas corno o moço também há de ser um dia, oras.
Na sua opinião Andressa, é possível quem ama errar desta maneira? E se errou, é possível se arrepender sinceramente? E não seria o amor capaz de perdoar tudo quando a pessoa merece pelo que sempre foi? Ou errar desta forma põe a pessoa numa posição imperdoável pelo resto da vida? Sseria eu mesmo burra?

As respostas: pessoas que amamos erram, e algumas vezes, nos machucam sim. Agora, se ele foi procurar algo fora da relação de vocês, é porque, para ele, algo estava faltando. Isso é fato. Tendo então errado, claro que é possível se arrepender (ainda mais quando o faz sem nem ao menos pensar direito em quem realmente importa). Se você ver nos olhos que há sinceridade ali, e sentir que deve perdoar, perdoe. Confiança, é como dizia a Lady Gaga à Beyoncé naquele clipe, e eu reafirmo: depois que estraçalhada, difícil de colar todos os pedacinhos e voltar a ser exatamente a mesma. Imperdoável para o resto da vida é tempo demais, deixe que os dias corram, e quando você conseguir, de coração não pensar mais nisso tudo com raiva/nojo/ódio, caminhe em frente e deixe isso lá atrás porque o passado é uma roupa velha que não nos serve mais - canta também Belchior, esse lindo. Burra nada, você ama e ponto. Tem gente que é traída, nem sabe e posa por aí de bem entendedora dos relacionamentos e o caralho a quatro.

Mesmo depois de quase dois anos, essas questões ainda me incomodam, apesar de hoje - modéstia à parte - ele e nosso relacionamento continuarem sendo tudo de bom. Ele diz que daria tudo pra apagar a burada que fez da nossa história.

Pena que não pode. Até eu queria apagar junto com ele, mas só dá pra abandonar o que já passou e pensar em futuro, ao invés de passar simplesmente uma borracha. Se ainda a incomoda, mas não é tanto, tente conversar com ele. Não esconda essa sensação, fale o que a aflige e quando. É justo com ele que entenda o que se passa no seu comportamento por tudo isso que não fez bem.

Andressa, te considero uma pessoa de boas opiniões e sentimentos, gostaria de saber sua opinião e visão desta situação... Aguento qualquer coisa, mas por favor, me diga de coração o que você acha? Muito, muito Grata!

Não conheço seu namorado, o que impede uma visão mais crítica e que a minha intuição auxilie a sua. Porém, é complicado. Eu imagino a barra que deve ser. É o tipo de situação onde a gente julga e fala o que faria e o que deixaria de fazer, porém, quando na pele, ficamos perdidas. Dei algumas dicas de como (eu acho) que procederia, ao longo do seu e-mail. Dizia até pouco tempo, que pra mim, traição não tinha perdão - frase manjada que muitas pessoas por aí dizem, mas poucas seguem a risca quando o barco afunda pro seu lado. Hoje, pensando super criticamente, vejo coisas muito piores a dois do que uma fraqueza momentânea. Ele poderia a xingar, bater, puxar pra baixo, ser indiferente, e tantas outras coisas que também nos ferem acentuadamente. Se você está pronta para perdoar mesmo, vá em frente: arrisque e esqueça. Enterre o assunto e pronto. Caso contrário, peça um tempo, pense bastante, cuide bastante de si mesma, e reavalie BEM o que deseja pro seu futuro. Acho as duas atitudes bem válidas. Boa sorte!

Beijoca,

Andressa Gonçalves

Quer enviar sua pergunta, dilema ou desabafo também? Escreve direitinho e send it pra dessagoncalves_@hotmail.com que é só aguardar.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Relationshit







Se auto enganar é arte de moça. Junto ao bordado, à limpeza e aos dotes culinários, vem com aqueles valores arcaicos repassados pela vovózinha, sem ter espaço no dia a dia louco do século XXI. Ele vai mudar com o tempo, ou quem sabe, eu apenas tenha que compreender que é o jeito dele e fim de papo. Me traiu uma vez, duvido que faça a segunda. Vou dar só mais essa chance, não consigo viver sem o homem dos meus sonhos (melhor com, pior sem), e assim, está exercitado o caminho espacial pra ver o relacionamento se tornar, aos poucos, uma bela merda.

Além da vontade de chacoalhar essas meninas que se enganam em amores tóxicos com gente instável, relações de poder onde não possuem o menor espaço seja para opinar, ou tentar qualquer inovação, eu sinto muita pena. Tendemos a achar que os problemas que enfrentamos a dois são os piores do mundo, até que: escuta-se amigas próximas. E não entende como aquela colega aceita ser chamada de exu pelo cara que ama. Ou, como pode aguentar calada a cabeleireira apanhar de vez em quando, porque pro marido - a quem ela não denuncia, nem revida, nem nada disso - um tapinha não dói e sadomasoquismo está em alta como fetiche masculino. Tem aquela amiga que namora, mas mal faz sexo. E pior: acha normalíssimo. Assim como aquela outra que finge estar tudo bem e tudo lindo, quando no fundo (e a gente que é mulher, sempre sente) está é bem conturbada e triste porque, mesmo depois de meses, nada de o rapaz falar em compromisso, apresentar pra família, ou essas pequeninas paranóias que os padrões plantam na mente feminina - e que a gente sempre cai.

Sou parte dessas gentes que é revolucionária na vida, e também com quem compartilha a vida. Sempre a favor de um melhor entendimento,  tentar adequar as manias, irretocar o já maravilhoso para que não se perca nunca o brilho interessante de quando se começa a descobrir o outro; ser uma eterna insatisfeita tem algum lado bom, querer sempre mais do que existe de melhor não me agrega culpa nenhuma, muito pelo contrário: é um perfeccionismo para o bem geral, não apenas egoísmo disfarçado. Me revolto com essa aceitação, pois comigo não teria vez: feito fagulha no feno, de repente incendiaria. Minha alergia a meios-termos seria fatídica para esses relacionamentos, aceitar o que me aflige, idem.

E a gente é mulher e, justamente por isso, se engana pensando que só porque é feminina tem charme de Miss e é capaz de mudar o mundo. Mundo esse, que quando visto pelas lentes de apaixonada, se torna praticamente um só: ele. Notícia ruim: não mudamos ninguém. A parte boa: nos relacionamos apenas com quem bem entendemos. Ou seja, ou conversamos e pequenas mudanças possíveis em prol de bons sentimentos são realmente efetivadas, ou, com o fator do sábio tempo, veremos aos poucos ruir as bases não tão sólidas construídas em cima de algo que foi se tornando frágil, e deixou-se de notar. O embrulho do estômago, a fadiga constante, a instatisfação crescente: sintomas presenciais, sinais de que o que era flor, tem se tornando então, apenas adubo.


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O dia em que eu saí de casa


Decidida. Era segunda-feira, dia de Miss Universo, e eu iria sair de casa. Ideia arquitetada já há dias na cabeça, conversada com os queridos mais próximos e enfim, peguei o ônibus, saltei na parada e entrei em casa confiante. Numa loucura de não ser pega em flagrante - odeio despedidas - arrumei feito participante de gincana as "malas" em que levaria, primeiramente, o necessário que poderia ser urgente: pega dali, vasculha de lá, dobra, amassa, joga, faz força para fechar. Ainda assim, tanta coisa. Praticamente uma vida num quarto: como transportar assim, em apenas meia hora, em algumas malas e num táxi chamado pelo telefone, até um lugar que o posso chamar de meu? Não sabia lidar, e até hoje não posso afirmar que aprendi.

Já não me sentia mais em casa na própria residência. À vontade no meu próprio quarto. As brigas eram constantes, e a melhor saída que encontrei, foi dar um tempo fora do ambiente que já me fez bem e então fazia mal (atitude até hoje incompreendida, mas que, imagino ter sido melhor, pensando em futuro). No dia que sai de casa não chovia, mas, torrencialmente, era sob minhas bochechas rosadas que vi cair uma tempestade. É tão complicado estar sozinha nesse mundo e contar com pouquíssimas pessoas - a gente deve escolher as melhores possíveis para que, entendam caso a gente enlouqueça, não rejeitem nossa solidão compartilhada, nem mesmo a carência que aumenta quantitativamente.

Se disser que me arrependo de algo, seria mentira. O tanto que amadureci comodidade nenhuma faz jus. Sou minha maior preocupação, até porque, se assim não for, fico à mercê da própria deriva. Sinto muita saudades, mas não é a mesma de tempos recentes. A independência que sempre existiu em mim achou hora para gritar - pena que o encontrou, antecipada, um lugar. Ou o melhor momento: alguma estabilidade. No meio do caos, mais um barulho para chiar numa comunicação onde as coisas já não fluiam como deveria há algum tempo. Ter que ser forte, mais que nunca fui, também tem me dado uma visão a respeito do mundo que antes nem cogitava ser compatível com meus ideias, minhas opiniões e bagagem cultural. Tem sido um ruim tão bom que, na verdade, são os ossos frágeis de um ofício árduo, que é se desligar do que nos estagna para nos conectarmos com aquilo que, a longo prazo, tende a apenas nos engrandecer.

No dia que sai de casa, nada foi paz: o carro ficou, o ônibus demorou, o banho em outra casa não foi dos melhores, a falta de companhia deixou o coraçãozinho apertado por instantes. Assisti à estupenda beleza das beldades que desfilavam de biquíni pela televisão num choro compulsivo o por me humilharem, caso ficassem ao meu lado numa praia, mas sim porque o estigma de pertencer ao mundo e, agora, não ter um lugarzinho que seja pra chamar de meu fez uma troca com outras (antes) tão "importantes" ideais dessa minha vivência. Me virando sozinha com a grana que ganho, vindo trabalhar sozinha, voltando da faculdade também solitária, é nessa mesma individualidade que tenho feito de dentro da fraqueza, força.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Símplices


Rotina é vilã. Casal que permite que a estagnação se acomode, lerdo. Surpreender é quase um elixir da renovação a dois: salva dias, melhora consideravelmente humores, marca na história de cada um pelo inusitado gostinho bom de uma demonstração concreta de amor. Que aliás, são importantíssimos esquecidos, esses manifestos de amor: palavras encantam, mas atitudes, com certeza nos vencem. ...Superam o premeditado do intelecto, saem na frente de promessas, frases fofas ou apelidos carinhosos. Gosta, então dê a perceber. Viver como advinha num campo minado onde reina a instabilidade machucará algum dos dois, mais cedo, menos tarde: em algum desses momentos onde se reprime tanto o que se sente, e acaba-se por se perder o horário exato de embarque na rotina do outro. Insegurança é o chamado para a paranóia, e precisa ser eliminada assim que aparecer.
Mãos dadas não somente para andar na rua, mas também pras horas em que o toque é o único salvamento possível, beijos que sigam apaixonados e estancadores do mundo em volta enquanto durarem, e a intimidade crescendo desmedida, porque é ao mesmo tempo culpa e autenticidade, com duas colheres de amadurecimento - justamente por conseguir amar com realidade a criatura humana e também errante que escolhemos. Reciprocidade, pra que nenhum dos dois sinta perdição de mais e cumplicidade de menos. Dias de calmaria e exercício, pra que ninguém embarangue apenas por estar num relacionamento, e a mescla de noites calmas onde o descanso é preciso, e de se ir pra rua, pra barzinho, festas e aniversários onde é possível sair um pouquinho do lado, pra sentir uma saudade não tão grande e que se mate logo em seguida. Minutos de silêncio, pra que se recupere o fôlego; e de fala incessante, pra que se divague em companhia, rodando pelos mais distintos assuntos.
Deixe o ciúme sob controle, as expectativas futuras fechadas com zíper num futuro que é pra mais tarde, a amizade vir antes de qualquer coisa, para que se suportar não seja uma árdua tarefa, mas sim, algo que se encare por gosto das diferenças, admiração em primeiro lugar. Mantenha o romantismo aceso, a confiança sempre em bom estado, e as brigas, o mais distante possível dos momentos bons que não merecem ser estragados. Liberdade, sem sufocamento, também faz bem e apenas renova a vontade de estar juntos, num prazo longo que tende apenas a se estender ainda mais.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Andressa responde: Fazer a difícil nem sempre dá resultado.

Olá Andressa (:


Antes de começar com a pergunta quero te parabenizar pelo blog - que eu simplesmente A D O R O - e pela iniciativa de nos atender. Você como todas nós, deve ter milhares de problemas e, ainda assim, arranja um tempinho para ajudar. Obrigada, MESMO.

Sim, gente: o tempo anda curto. Mas sim: eu ao menos leio t-o-d-o-s os e-mails que vocês me enviam, e vou guardando todos pra que sejam respondidos. Só peço paciência, pois como já disse, dividir minhas preciosas 24h com o trabalho, dormir, a faculdade, o namorado e amigos é complicado. Pois agradeço aos elogios, e vamos lá.


Vamos logo ao que interessa. Durante a semana trabalho em um lugar. Num final de semana sim e no outro não, trabalho em outro. E nesse meu emprego de fim de semana, meio que conheci um garoto. E digo 'meio' porque o vi apenas de longe (ele trabalha na loja em frente a que eu trabalho). Nós ficávamos o dia todo olhando um pro outro e arriscando uma paquera. Mas nada demais, eram só olhares e eu nunca criei (muita) expectativa.

Até aqui, apenas normalidade. Legal o interesse por quem passe o final de semana como você, ralando.
Nesse meio tempo de ‘paquera’, descobrimos que o melhor amigo dele era amigo da minha melhor amiga. Confuso, eu sei, mas foi bem isso mesmo. Foi aí então, que ele deu o primeiro passo: pediu pro amigo o telefone da menina e pediu para ela o meu telefone.


Ele foi atrás. Achei bem digno. Não é fácil pra um cara pedir pro amigo pedir pra amiga o telefone de quem apenas troca olhares. Pensa só.


Mas eu, louca de pedra que sou, apesar de estar com uma super-hiper-mega vontade de passar, resolvi bancar A difícil e mandei na lata um NÃO.

Sendo franca: se vocês estava REALMENTE afim, achei burrice. Que custava arriscar? Tem vezes que a gente se faz demais de difíceis e depois fica chupando o dedo, querendo quem já nos quis e agora não arrisca mais.

Ele não pediu mais, e daí em diante começou a conversar com essa minha amiga. Conversar até demais para o meu gosto. Fiquei toda enciumada, confesso. Ela diz que jamais ficaria com ele, e eu acredito (e mesmo que não acreditasse, o que poderia fazer?! Ele não é propriedade minha). Porém, acho que ele ficaria com ela. Que menino (normal) mandaria tantas mensagens pra alguém que ele não quer ‘pegar’?

Também acho que ele ficaria. É difícil homem ver apenas como boas amiguinhas quem não role um interesse, nem que seja secundário. Ele queria você, que não quis ele, e que tinha uma amiga pegável. Solteiros, eles arriscam até não poder mais - ou em quem não vingar, enfim.

Para tentar ‘reverter’ a situação, adicionei o garoto no Facebook e no MSN. Já até trombei com ele em balada e NADA. Ele nem olha pra mim.

Se adicionou e não disse nada, a situação deve ter ficado tensa mesmo. Ainda mais se você não sabia todos os detalhes das mensagens e do contato que ele estabeleceu com a sua amiga. Agora, se você arriscou um "oi", ou  coisa do gênero, e nem assim, estranho mesmo. Ou, ele simplesmente perdeu o interesse. Tem ocorrido bastante no mundo de hoje.
Na verdade, até olha, mas ignora sabe?! Como se nunca tivesse rolado nada. Tá, eu sei, não rolou muita coisa mesmo. Mas e os olhares? E o fato de ter pedido meu número? Foi pra que? Pra nada?

Por ele, teria sido. Por você, não foi. Ele tocou o barco. Como mulher, acho que você faria a mesma coisa. O erro foi ter bancado a durona até demais, amiga.

Andei stalkeando as fotos dele e sempre o vejo com uma menina. Ela parece ser apaixonada por ele, mas ele não demonstra lá muita coisa.

Provavelmente, alguma guria que ele está ficando, mas é mais pela comodidade que pela paixão. Ou ele não é de  demonstrar publicamente, ainda mais se não é nada sério.


Minha amiga diz que ele é todo durão e que vive dizendo que não quer se apaixonar. Ela jura de pé junto que somos almas gêmeas, porque eu também vivo dizendo isso (apesar de ser só uma máscara, claro). Eu não quero é que ninguém me veja chorando pelos cantos por causa de um babaca qualquer. Visto essa fantasia para não ser frágil aos olhos dos homens, para que eles nunca se sintam capazes de me magoar.

Mas guria, não existe controlar isso de "não vou me apaixonar e deu". É coisa que simplesmente acontece, e fim. Algum dia vem um moço bem corajoso e te tira a venda dos olhos sem que tu nem notes, vai por mim. Se machucar é consequência de tentar viver algo maior, só isso. E passa. E a gente arrisca de novo porque a adrenalina de estar apaixonado é absurda.

O fato é que, apesar de negar e usar todas essas máscaras e fantasia de durona: eu estou MUITO afim dele. Não o conheço muito, mas sei que ele gosta de rock, tem um cabelo super bagunçado, e é de escorpião. Tenho essa mania de me apaixonar por quem não me quer – ou finge não querer, que seja. O que eu faço? Esqueço o que não aconteceu? Ou tento fazer com que aconteça? Será que ele estame ignorando (só) porque foi ignorado por mim, ou porque não quer nada mesmo?

Tudo ainda está bem vago. Hipóteses: se essa sua amiga, é tão amiga dele, por que não fala sobre você? Converse com ela, e se nunca o fez, peça. Ela pode ser o "cupido". Caso ela não ajude muito, arrisque-se, oras. Não insistentemente, que a maioria aqui é mulher, mas louca só de vez em quando. Arrisca uma vez, conversa numa boa, vê se o papo flui. Depois, é a vez dele. É simples. Flertando como com qualquer outro: sem expectativas, com os pés no chão, e neurônios no lugar de sonhos futuros. Sempre arrisque no lugar de temer; por mais que doa, ou a gente quebre a cara, a recuperação sempre traz força junto. Boa sorte, menina!

Quer enviar sua pergunta também? Mande pra: dessagoncalves_@hotmail.com e espere lendo, ao invés de sentado.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Namore uma mulher engraçada

Já que existe o belo e esclarecedor texto da inglesa Rosemary Urquico, "Namore uma garota que lê" (Date a girl who reads, no original), acho importante que, além de leitora assídua, homens se preocupem em estar ao lado de meninas bem-humoradas. Rapazes: namorem moças que os arranquem sorrisos, ao invés de lágrimas ou resmungos aos amigos. Talvez numa primeira impressão ela não chame tanta atenção por poder não possuir o bumbum mais torneado, o cabelo mais sedoso e brilhante, ou a roupa mais estilosa. Porém, de maneira autêntica e quase sempre esperta, preste atenção numa segunda ou terceira vez. Garotas que incorporam a graça nem sempre possuem vocação para Miss Simpatia - aliás, talvez seja até mesmo o contrário. A verdade é que por entre sua timidez aparente, ou acidez em comentários sucintos, pode existir se conhecida mais a fundo, a moça que o faça gargalhar por horas que tanto sonhou. Mulheres com PhD em fazer dentes, goela e risadas virem à tona estão quase em extinção, e as imitações andam à solta por aí.
Ela não se preocupa muito com frases de efeito, ou bordões de programas ruins de humor que passam na televisão. Criar seu próprio estilo de fazer rir das mais descabíveis situações é que é a sua marca registrada no caminho para o riso. Algumas frases bem pensadas, sacadas inteligentes na hora exata, ou as mil e uma expressões que a tornam quase um emoticon: são essas algumas características da garota engraçada. Especialistas na arte de gargalhar podem ficar tristes de vez em quando. E assim que passa, sabem que o melhor remédio para espantar qualquer resquício de tristeza, é começar a rir novamente - e logo. Usa da sua criticidade quanto ao mundo ao redor para, de uma maneira ao menos divertida, poder expressar sua opinião. Que aliás, são inúmeras. Difícil que a quem falte personalidade, sobre doses de uma atitude ativa que falta no tempo restante. Quando ficam bravas, se tornam furiosas. Perdem o colorido cômico que tanto as faz distintas. Caladas, até que se chegue o momento do confronto. Verborrágicas assim que aberta a ferida. E risíveis assim que você tentar com que ela deixe o lado emburrado pra depois, e o faça feliz como na maior parte do tempo juntos. É fácil, eu prometo.
Namore uma garota que faz boas piadas, no lugar de uma boa comida - você acabará vendo que, ao longo dos anos, é melhor ser servido de alegria e boa energia, do que uma moça de cara fechada e jeito blasé colocando os pratos na mesa. Que se vista da maneira própria e, às vezes, com roupas demasiadamente coloridas, ou excêntricas, mas que ria de um furo na blusa justo na hora de sair (esperar horas a donzela se arrumar é cansativo, e todas sabem disso). Namore uma garota que faça comentários aleatórios, zombe de ri mesma, e faça com que você ria de si mesmo também. Brinque de luta, saiba entonar várias vozes diferentes, ou não tenha medo da própria ridiculice, afinal estamos nesse mundo para viver cada segundo, e para sermos audaciosos, precisamos ser um pouco profundos - e esquecer quem nos assistem, tomar conta tanto das rédeas, quanto do próprio show (de stand up, ou não).
Se está em dúvida, a prova é simples: vá ao cinema assistir a um filme ruim, apenas para ver como a moça reage. Se dorme, é fã de letargia. Se facilmente cede ao tédio, será difícil aguentar a monotonia por muito tempo. Se reclama demais, o próximo passo será protestar quanto ao seu cabelo, seu carro ou suas roupas. Agora, se vê detalhes perdidos em meio a cada minuto do filme que, se reais fossem, seriam engraçadíssimos - e os nota, e os conta, e ri de tudo isso ao invés de ser negativa dentro do relacionamento: bingo. A chance é quase única, e aproveitar é acatar à sorte que quer ser pândega com a gente um pouquinho também. Afinal, se quando rimos por último, rimos melhor, quando rimos juntos devemos rir em dobro. Felicidade múltipla.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Bem de algumas brigas ocasionais

Sendo muito sincera: desconfio de casal que não briga. Em que ela é conivente com tudo, e ele acaba aceitando os piores desaforos possíveis. Sim, temos que ter uma paciência praticamente santa quando em um relacionamento. É preciso que se converse no lugar de gritar, e que se argumente, ao invés de apenas fazer cara feia e usar da rispidez para atingir o outro. Porém, quando escuto de um par qualquer à minha frente que diz se amar e nunca discordou, ficou de mal por alguns minutos e teve o gostinho das pazes logo então.
Claro que também não sou a favor de que dois pombinhos que sentem amor um pelo outro vivam em guerra, aproveitando juntos os poucos momentos de paz. Brigar dá aquela dor de cabeça latejante depois do choro escandaloso, muitas vezes deixa ferir nosso ego as palavras venenosas do outro, proferidas em momento de raiva súbita, e desgasta, a longo prazo, todo e qualquer relacionamento. É cansativo. Deve-se evitar quando a mulher está de TPM, e o time do cara perdeu. São os tais momentos em que a gente faz uma forcinha, e pensa nos momentos bons já passados juntos, e releva porque no final das costas tem valido muito a pena. Algumas discussões, de tão relevadoras, acabam até mesmo vindo para o bem. Nos fazem adaptar a própria personalidade à do outro, aos poucos, e conhecer nos instantes de fúria, quem é mesmo o rapaz carinhoso que se transforma quando cutucado sem querer - ou a mocinha dengosa que, de repente, se torna fera ferida.
No geral, contudo, conflitos a dois são normais. Falamos que nunca mais ocorrerão, prometemos que daqui em diante controlar os impulsos destrutores é mais importante que a dieta em prol do verão, e rumamos para a reconquista logo depois da reconciliação. E quem não briga, como funciona? Vai guardando para si tudo aquilo que detesta e não diz, acumulando um desgosto por fazer mais a vontade de quem ama que a própria, e denegrindo, aos poucos, a imagem imaculada que tenta salvar lá do início da relação, quando tudo se resumia em dias core-de-rosa, descobertas encantadoras e aquela sensação de novo que o cheiro, o toque e a singularidade de cada um nos dá. Não lutam por suas opiniões, deixam de discutir seus ideiais e aceitam tudo como quem não merece nada além. Até que um belo dia o motivo é grande, o bateboca é intenso e, numa explosão repentina: fim. Acabou-se o amor que aos poucos já andava se extinguindo e nenhum dos dois olhou atentamente.
Defendo então, de maneira inédita, o meio termo. Que se brigue de vez em quando, faça as pazes quase sempre, e desbrave o território do par com parcimônia, mas tendo em mente que o que importa é que se chegue ao comum acordo de vez felicidade tanto no próprio rosto, quanto no de quem a gente mais prefere no mundo. Que o mundo pareça o pior lugar para se estar, quando ocasionalmente os conflitos ebulirem o sistema nervoso, que a gente sinta a sensação de perda momentânea apenas para sermos homéricos e salvadores assim que deixemos enterrada no passado próximo o caos de momentos antes. Que a gente tenha ciência que o gosto amargo de agir com consciência própria e voracidade - de vez em quando - se torna sutil e suave, a longo prazo. Porque quem ama, é afeto inteiro. E quer a parte completa do outro também. Ainda que isso carregue consigo um tanto de atitudes que desaprovamos, ideias distintas ou manias insustentáveis. A amar ainda mais (apesar de, ainda que, mesmo assim), vai por mim: a gente aprende.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sumiço



Inesperadamente, ele sumiu. Atende o telefone apenas quando bem entende, responde quase nunca, e tomar a iniciativa em ligar de volta  ou a procurar, não faz. E tudo estava bem, você pensa. Era  o relacionamento dos sonhos: havia liberdade pro que se quiser e vier, o sexo era ótimo, e até onde você tinha noção, a convivência entre vocês, também. O beijo encaixava, o gosto musical na maioria das vezes, e eram fãs dos mesmos filmes. Você ria tanto quando juntos, que o fazia sorrir na maior parte do tempo também. Agora é a sua solidão atentando o celular a cada cinco minutos atrás de mensagens, o seu desespero checando de hora em hora as redes sociais e a melancolia de incompreender em que parte tudo pifou que nem momentos bons ou sentimentalidades conseguiram salvar o que vocês tinham.
Ele diz estar ocupado, mas passa horas atrás de um carro novo. Coloca a culpa nos familiares, que não colaboram. Nos amigos, que o chamam para mil e uma aventuras. Na faculdade, que anda chatíssima e com inúmeros trabalhos e provas. Ou mesmo, em você - caso tenham brigado, usou uma discussão que se resolveria facilmente entre quem quer ficar junto, e não se afastar cada vez mais, como estopim para zarpar fora. Daí que o rapaz pede um tempo, e você, paciente e amorosa, dá. E diz que irá ligar quando puder; o que reacende aquele tantinho de como era antes internamente. Ficar sem respostas e reações é complicado, eu sei. Porém, frente a um sumiço inesperado de quem deixa de se preocupar se estamos vivas, nos alimentando direitinho e felizes como manda a cartilha, o jeito é se ausentar do mundo, para submergir em si mesma - mesmo que, temporariamente.

Cafona, mas o tempo resolve. Decide nos mostrar o que não víamos, cegas de amor. Faz perceber a fraqueza e a covardia de quem despertou para vida e parou de enganar tanto a si mesmo, quanto aos nossos sonhos alimentados com palavras doces, elogios enganosos e atitudes exageradamente cordiais. Homens, quando somem, é por medo: de deixar que o rumo das coisas apresse, aperte e os prenda num cinto sufocante ao nosso lado. Simplesmente porque são fracos para encarar de frente a ilusão que os próprios teceram. Por pura percepção de que tudo estava ótimo, mas imaturo demais para se tornar maravilhoso. A má notícia é que reaparecem. A boa: quando estamos lindas, felizes da vida, e geralmente, acompanhadas por quem além de não sumir, não desgruda da gente.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Insatisfação crônica



Como manter a paz diante dos múltiplos desafios, das inúmeras inovações que precisamos, de todo e qualquer jeito ter para que estejamos dentro dos padrões que a sociedade tanto nos faz engolir? A pressa nos constrange superando a cada dia aquilo que recentemente conseguimos alcançar. Ou seja: o topo da montanha é interminável, a grama da vizinha, além de ser mais verde, é flo...rida, frutífera e com borboletas e beija-flores sobrevoando o ar ameno. Se tenho a bolsa do momento, me falta nos pés o sapato que é tendência. Assim que adquiro o vestido de caimento perfeito, e cor que favorece, noto a moça que na rua passa de terninho ajustado e calça jeans justíssima, salto alto nas alturas. Pensamento captado, sacolas ainda novinhas repousadas no colo: por que não eu? Num instante, a tal nova compra deixa de ser tão excitante como há cerca de meia hora atrás, assim que saí da loja.

Pinto o cabelo invejando as unhas cor de carmim da senhora chique de meia idade que deixa o salão de beleza. Se estou morena, quero a loirice. Quando loira, um lampejo de ser ruiva – de repente fica bom. Saio quente e grudenta pós depilação e meu desejo agora aponta o alisamento linear e perfeito (praticamente eterno) que a moça morena agora exibe. Adquiro pó e sombra com a vontade num novo delineador e no batom caneta vermelho que promete não sair mesmo horas depois de passado. Logo após da euforia e o cheiro de novo impregnado na sala da casa, o amor pelo novo computador. E a tristeza ao se olhar o telefone celular, e constatar – descontente - os pequenos arranhõezinhos e a velhice precoce do aparelho que uso para ligar, enviar SMS e sobreviver longe de casa. Quando na rua, almejo o friozinho breve do ar condicionado e a pele bem longe do suor; e já em casa, olho pela janela o belo dia lá de fora e o quanto está lindo o sol que agora se põe. Gostamos de ser solteiras, mas queríamos mesmo um namorado. Temos o melhor companheiro ao nosso lado, mas com os segundos impetuosos de liberdade já. Somos estes seres que querem a família por perto enquanto é tempo, mas contamos os dias para quando formos independentes e morar sozinha se faça nossa realidade. Umas confusas.

No resumo, mulheres que somos, precisamos da decadência antes de conseguirmos de fato a elegância. Que logo após, substituímos por o que quer que seja que nos deixe com o gostinho de coisa nova ou o frescor a cada dia. Vulneráveis, constantes apenas na própria inconstância, o importante é que nos conservemos desse jeitinho peculiar que somos: femininas.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Dos horários


 São 5h da manhã, e quem me desperta é a insônia, companhia de longa data. Quase confidente. Eu poderia dar um jeito de meter meu braço embaixo do seu e apertar bem forte, dentro de um abraço desajeitado de quem apenas quer dormir de novo logo. Só que, do outro lado da cidade e sozinha, me resta rolar de um lado ao outro da cama, dobrar o travesseiro fininho pela metade o...u, destapar uma das pernas porque o calor se intensifica ao longo  dos dias que passam voando. Você longe, e o meu sono inquieto que estremece a cada vinte minutos e impede o descanso necessário das horas reparadoras. Toca o despertador e amanhece a cidade lá fora pontualmente às 6h55. Mais cinco minutinhos, aperto o botão "soneca" - que poderia muito bem se chamar "preguiça". Caso estivéssemos dividindo o mesmo lençol, espiaria o seu dormir infantil e profundo como quem quer decifrar pintura de museu, até que lentamente, voltasse também para o estado de descanso dos finais de semana e me aquietasse em sonhos. Poderia fingir que acordamos, e enrolar um pouco até que cinco minutos mais tarde o seu celular nos lembre que temos mais um dia corrido pela frente. Me contento com uma aparição sua no meio da manhã tumultuada, conectados não por um olhar ou toque, mas pela virtualidade mesmo.

Olho para o relógio do computador, 08h13 e vou trabalhar. Produzo, respondo cordialmente aos infinitos e-mails que recebo ao longo do dia, excluo os milhares de releases que pra nada servem, escrevo um pouco, entrevisto via telefone. Bate uma saudade de como somos juntos, assistindo a televisão e comentando aleatoriamente sobre tudo de estranho e bom que vemos. A sua fome que vive intensa de um sanduíche triplo ou dois simples, ou de um pedaço de bolo, café e tudo que seu estomago consiga ainda digerir. Melhoria dos humores ao longo de um singelo bom dia pela manhã. A realidade nos trai, cinco dias por semana, com a ilusão de outros quase três que costumam salvar o recomeço insuportável de cada segunda-feira pela manhã, ou os finais de domingo. Hora do almoço. Não tem você, nem eu rindo do tanto que você come. Nem eu depois do banho de sol, e você, da academia. Ou a gente no sofá antes ou depois de comer assistindo a um filme qualquer, dominados pela preguiça de sair pra rua e aproveitar o dia. Que fica pra mais tarde, se a lertagia da sexta não invadir primeiro. Por enquanto, apenas o cansaço de trabalhar e trabalhar, quando a vontade é ir deitar.

Já 15h45. Horário bom pra ver as lojas, passear em ruas sem destino, tomar sorvete, ou o tal vicio de açai que ambos possuimos, ou dar uma volta de carro, se instalar num parque, na praia, se tiver sol. Ou ver o futebol pela televisão, caso seja dia de jogo. Como uma barrinha de cereal e tomo uma garrafinha de água mineral para enganar esses pensamentos saudosistas de quem sente falta mas suporta porque cada 24 horas diárias tem me assaltado e corrido sem que consiga nem ao menos sentir. Rumo à universidade às 18h40, lembrando de que você certamente diria que está com fome e quer o café da tarde, ou colocaria uma pipoca no microondas com cara de quem já conhece meu comentário a respeito.

De repente 22h18 e, indo para casa, poderia estar com você. E meus pés entre os seus , a mão fixa na sua perna enquanto conversamos, as conexões distintas de um assunto a outro, e ainda outro. Ou temida hora de ir embora, ou alegre momento de apenas reiniciar a contagem dos momentos que passam rápido, mas ficam fotografados no álbum das memórias-perpétuas-significantes. Já sabendo que aí pelas 23h11 se inicia novamente o ciclo que ou é de roubar coberta, calor perto e frio distante, acordar sorrindo ou é de ler e ler e ler até pegar no sono, solitária após tanto afeto e mal acostumada em ter quem me faça dormir bem feito criança depois de mais um reencontro e rapidamente, deito. Com a melhor pessoa ao lado, ou a possível luta até que o cansaço me vença, faço da imaginação quando ele não está o melhor amigo imaginário possível: além de reavivar momentos ótimos, e fazer com que os ruins menores pareçam, deixa a ausência minúscula se comparada ao tanto de sentir por ele que carrego comigo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A ex

Diz o ditado de autor desconhecido, e eu reafirmo então: feliz era Eva. Sabem por que? Adão não tinha ex. Me maravilho apenas de imaginar um passado todinho em branco onde mulher nenhuma de quem começamos a nos relacionar reapareça ou das cinzas, ou diretamente do baú de memórias nem tão boas, assim como não tão ruins, no seu todo, afinal: juntos estariam, se tivessem dado certo. Certo? Pra tais moças que acham bacana brincar de ser fantasminha e assustar a vida real (e presente) que não a inclui mais com mensagens repentinas - e às vezes, desesperadoras - ou, aparições premeditadas afim de incomodar futuros relacionamentos do pobre coitado é a única saída para viverem bem. Pura falta de amor próprio e noção em insistir no que o outro não quer. Uma pena para elas, uma dor de cabeça a mais para quem, quer ser feliz no agora e nada tem a ver com isso.

Mais tempo, menos tarde, e percebe-se que todo homem traz alguma louca no passado de brinde. Falo sério. Aliás, seríssimo: parece ser incontrolável a vontade de tentar destruir qualquer outra vivência que não a inclua. Ou pior, de tentar mostrar a todo e qualquer custo a "felicidade" em que anda vivendo (o que muitas vezes não passa de uma bela farsa onde a moça posta fotos nas redes sociais onde se acha uma diva - sensualizando com aquele toque especial de vulgaridade - bebidas nas mãos, o sorriso que não existe na maior parte das horas dos dias e as mil amigas que agora possui. Tudo isso para uma ilusão própria, ou anestesia no que não cicatriza nunca. Bem na verdade, anda infeliz e psicótica porque quem está ao lado do trono do rei, já não é mais ela própria, rebaixada a mera conhecida, mais uma súdita no reino que se chama "vida de cada um". Sem perceber, a relíquia do museu que se intitula "passado" passa até mesmo por humilhação: natural que ele reclame aos amigos, que fuja dos locais onde a inconsequente frequenta e que, alerte possíveis futuras namoradas de que, há quem talvez venha a incomodar.

Entedemos que deve ser complicado ainda sentir algo por quem não sente - ou talvez, nunca tenha sentido - o mesmo. Acontece todos os dias, nos lugares menos esperados, nos horários mais impróprios possíveis. Porém, para quem é atual na vida dessa outra pessoa, também é difícil. Deixar de imaginar momentos calientes ou de romance de talvez possam ter existido é um desafio diário, afim de evitar surtos momentâneos. Porém, há criaturas que pecam em, não se contentar seguindo a própria vida meses, ou até mesmo anos, após o término. Incomodam, então, para cutucar. Com o pior e mais perverso intuito de:  estragar o que não conseguiram ter. Ou quem sabe, manter. Um dos motivos talvez, que ex-namoradas deem tanta dor de cabeça, tanto ao homem, quanto à sua futura paixão é que mulher finge esquecer fácil, porém, para processar que deve liquidar com o que sente por quem não a quer, demora muito mais. A facilidade masculina, nesse sentido, chega a ser espantosa. Tanto que, são tão poucos os homens do nosso passado que enchem a paciência, se comparados aos milhares de meninas inconformadas que tentam o infortúnio da nossa felicidade. No mínimo, algo a ser pensado. Eles, já pensando no futuro; enquanto as queridas, presas em velhas fotografias e momentos que não retornam, estancam. Chega a ser triste.

A ex vai fazer o que puder, quando no início, para que tudo se torne no inferno em que a mesma se encontra enfurnada. Há as que conseguem ir em frente, e depois de certo tempo, até mesmo serem conhecidas agradáveis do cara. Porém, a meta das que não se conformam é, mirar na sua insegurança e acertar o que de tão especial há entre o casal. Até mesmo um tempinho depois, incomodará de vez em quando, indo nas festas em que vocês costumam ir, e seguindo seu namorado pela faculdade. Acho normal. Afinal, já que é um EXemplo do que não deveríamos ser, para que se preocupar? Mesmo que seja lindíssima, uma gênia ou cheia da grana. O que importa é nós. Os dois, o casal, "a gente". E que a escolhida, numa batalha com o pretérito já pra trás do outro, foi vencida por você. Mesmo que momentaneamente, congratulations!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

E assim, se origina mais uma biscate

Lá está ela, com o coração estilhaçado. Em mínimos pedacinhos que, nem que tente pegar a todos eles assim tão destituídos, no chão da sala, no vão entre a cama e a parede, por entre todas as roupas já vestidas, de fato conseguiria. Mal se move, tamanha a vontade de chorar e permanecer imobilizada na própria dor de ser o que se é, e que o outro desatenta as qualidades - tão únicas -, as características - tão peculiares -, aquele bem que só a gente sabe que gostaria de fazer, caso aceita fosse, dentro da vez que mais valia: a que se amou sozinha, e acabou por receber em troca uma dor de cabeça de quem não consegue silenciar o choro, um punhado de desconfianças quanto à si própria e um buraco no meio do peito, por entre a velocidade oscilante do coração atingido.
Ressentida, incompreende. Por que ela, e não eu? Que ela tem que em mim falta? Que diabos qualquer uma outra possui que se recusa de projetar em mim? Questionamentos, vários. Horas acordada dentro da madrugada solitária onde a atenção não consegue desfocar da desilusão de não ser suficiente pro amor de quem a gente escolhe. Por semanas, vive submersa dentro de uma tristeza tão profunda que ameniza até a pior das tepêemes.
Do aborrecimento, aos poucos vê a raiva tomar conta. Dominar o que antes era azul, e agora escureceu ideias e demais fofurinhas femininas que tanto adorava. De repende, fúria com o mundo. Ódio da sociedade, e dessa hipocrisia deslavada. Nojo da falsidade das pessoas, o dia cinza por dentro, mesmo o sol estando radiante lá fora. Gélida, descrê de todo outro relacionamento, afim de vingar a frustração do seu que não deu certo ou acabou por nem mesmo a ocorrer. Se enclausura numa infelicidade que vê apenas como a única saída possível para extinguir o pouco de sentimentos bons que guardou para momentos perfeitos que vieram a não existir.
E sai pra abstrair. Encontra com as amigas que sempre foram da noite, bebe mais para esquecer que pro prazer de ingerir o alcool. Em frente, dois caminhos: ou mantém seus princípios vivos, sua conduta ereta e a cabeça erguida, e por mais que beba e aproveite, não caia na vulgaridade. Ou, apela para o caminho menos indolor e com maior rapidez para que o bem estar momentâneo se aproxime, o de aproveitar sem nem pensar em consequência nenhuma. Ela, que nunca foi depravada, se vê fazendo coisas que antes nunca cogitou. Não é disso que os caras gostam? Então. Afim de ser desejada, vulgariza seu comportamento aos poucos; um olho nas demais biscates da balada, que beijam vários e saem com algum deles - geralmente o que tem o carro mais bacana, ou a carteira cheia da grana - noite à fora.
Pega o cara que uma conhecida é apaixonada, faz sexo em banheiro de festa lotada, beija outras garotas apenas porque é moda, e claro, pra acender a loucura masculina. Abusa da maquiagem carregada, nas roupas curtíssimas e no comportamento medíocre. Deixa-se filmar quando em privacidade, usa da promiscuidade como um escudo para se proteger de possíveis, porém maturadoras, frustrações. A moça procura a atenção que não recebe da família, o desgosto por perder ou nunca ter tido a reciprocidade no amor numa das únicas tentativas possíveis. Podia ter se conservado um tanto ingênua, e racionalmente, sentimental. Um pouco de cada coisa daria na mistura sensata de pessoa viva com afetos e vivências. Talvez, mais cedo que esperasse, alguém que valeria as lágrimas jorradas e o âmago de se sentir sozinha, mesmo com sete bilhões de pessoas habitando um único e extenso planeta. Ao tomar o rumo de ser assunto das mil e uma más línguas, de jogar fora junto com o bom senso um tanto de amor próprio, deita antes de dormir e, sem ter em quem pensar, vê que mesmo com alguns tantos sentindo desejo em tê-la na cama, porém por outros motivos, não há em quem pensar, ou ligar para desejar um simples (porém motivador do sono pacífico) boa noite.
Originada e sem sentimentos, segue a então biscate com seus saltos altíssimos, unhas afiadas e cores extravagantes destruindo corações de rapazes emocionalmente fracos, ou casais bem estruturados em que lança seu olhar ferino e atiça o veneno no pobre rapaz. Ou pobre de nós, que precisamos aguentar tanta menina vadia pelo mundo por pura desestruturação emotiva.