segunda-feira, 5 de março de 2012

Andressa responde: Casar, morar juntos ou simplesmente, viver?



Andressa, você é muito talentosa, curto demais seus textos. Justamente por este seu talento todo é que venho te pedir uma opinião de amiga pra amiga (apesar de não sermos).

Claro, menina. Vamos lá então.

Primeiro de tudo, alguns adendos: namoro há quase quatro anos; ambos temos 19 anos; fazemos faculdade (faltam 2 anos pra cada, terminar); ele trabalha, por enquanto eu não; vamos ao cinema todo sábado; dormimos juntos uma vez a duas vezes por semana; temos uma certa rotina, mas não vemos problema nenhum nisso, somos dois românticos caseiros incuráveis (hehe) e, até a aí tudo bem, concorda?

Concordo, sim. Parece ser um relacionamento bem saudável. Ainda mais por ter durado quatro anos. O ritmo de vida dos dois é parecidos, se vêem com uma rotina boa de sábados e afins, e ok: é um namoro como qualquer outro que está dando certo. Até aqui, tudo ótimo.

Porém, o problema é justamente este: por sermos tão caseiros e tal, nossos pais acham que devemos arrumar logo "nossa vida" (leia-se: devemos ficar noivos, comprar uma casa e blá, blá, blá). Para eles, namoramos há uma eternidade e temos uma certa intimidade, por isso deveríamos "ajeitar" a nossas vidas - sem nem ao menos perguntar o que achamos da ideia.

É uma ideia consensual dos pais do casal? Poxa, acho meio triste esse pensamento retrógrado. Vocês são super novos para pensar em qualquer coisa seríssima. Estão bem assim, e evoluindo aos poucos, como os melhores relacionamentos devem crescer. Pressa pra quê? Pra daqui três ou quatro anos a pressão ser "um netinho"? Quem namora são vocês dois, e não os quatro genitores de ambos. Essa vida de estudo-trabalho cansa também, e pelo amor de deus: não estamos mais na década de 50, onde mulher que ia morar junto tinha que seguir "as normas da sociedade" e noivar, pra depois casar e, só então, viver com o amado. Façam o que VOCÊS tiverem vontade e deu. Ponto.

E não, definitivamente, não é isso que queremos. Queremos viajar primeiro, viver muitos anos juntos, construir uma vida legal antes disso tudo, sabe? Não na base de obrigações. Nem grávida estou, e pela nossa vontade - e se tudo der certo - demorará muitos longos anos para que isso aconteça.

Vocês estão é certos, sabe? Claro, dá uma vontade de viver juntinho sempre, rola aquele aperto na hora de dar tchau e uma eforia desmedida e ansiosa sempre que vamos nos ver a cada dois ou três dias separados. Mas, ás vezes (e, principalmente, na nossa idade) é isso que mantém aceso relacionamentos. Eu acho que as fases da vida de cada um devem andar alinhadas ao que temos como prioridade e nossas vontades. Então, viagem muito, curtam bastante um ao outro, sintam-se livres dessas obrigações passadas de estilo de vida e que muito pouco tem a ver com a modernidade dos dias de hoje. Preservar o amor que vocês tem com paciência e parcimônia é que deve ser a maior preocupação aí. Deixar que os pais se metam demais é um erro, o amadurecimento da relação tem que vir de vocês, oras.

Por isso, peço a sua opinião: já que somos maiores de idade e temos uma graninha, seria sensato arrumar um lugar bacana pra morar (seja alugar uma casa, por exemplo), e esperar toda a revolta familiar do "morar antes de casar"( isso porque já dormimos debaixo do mesmo teto sob o consentimento de todos da casa), ou sucumbir a vontade deles, do "casar pra depois morar" e dançar conforme a música, sem confrontações, sem gritaria, sem chororô?

Olha, tu perguntou pra uma revoltada de carteirinha. Não ajo conforme o que os outros esperam. Vou levando o barco conforme eu, e com quem me relaciono, desejarmos. Acho que vocês devem fazer o que bem entender e o que, a dupla romântica, achar melhor, né. Pensa comigo: quem sabe de vocês, são os dois. E não pai, mãe, tio, papagaio, irmão ou seja lá quem. Se vocês querem morar juntos, ver no que dá, pode ser válido mesmo. Com a grana de vocês, tentar é uma alternativa bacana, se vocês almejam algo mais sério pra logo mesmo. Agora, sucumbir a vontade alheia pode ser um veneno lento ao bom do que vocês tem. A convivência diária é muito mais intensa que se ver de dias em dias. E pra tomar uma decisão dessas, é preciso ter ao menos uma grande certeza, coisa que parece não ser o caso de vocês. Essa é a minha opinião. Converse com o gato, e se ele estiver na mesma frequência, deem um jeito de frear essa vontade louca dos pais de vocês, ou simplesmente não deem ouvido. Um dia a ficha deles cai. Toda boa sorte do mundo e muito amor procês dois, lindona!

Quer enviar o seu dilema/pergunta/desabafo pra mim também? Escreve linda pra dessagoncalves_@hotmail.com que daí, é só aguardar!