quarta-feira, 14 de março de 2012

Que seu melhor amigo seja o seu amor



Enquanto faltam alguns metros pra que a gente se alcance, é possível avistar o sorriso que vai se abrindo feito sol quando é de manhãzinha e as nuvens colaboram. Desligamos a poucos minutos no celular, mas mesmo depois de quase sempre, a tensão de chegar pertinho ficando um dia ou dois longe palpita feito tamborim: não sei se é sistole nem diástole, acho mesmo qu...e é a ansiedade de quase sempre com efeito aumentado, fruto do tanto que quero ele longe e ainda mais quando posso agarrar praticamente o que de melhor o mundo me proporciona com meus dez dedinhos afobados.

Depois passa rápido a conjunção entre beijar apertado, abraçar meio sem jeito - mas forte - e sair de mãos dadas pra qualquer lugar onde não esteja calor demais, nem frio de rachar. Contar todos os detalhes já antes titulados se importantes ao longo do dia, mas não feitos de forma tão minuciosa. Rir sempre, e de qualquer lembrança que tope em meio ao assunto ou ocorra no caminho. Poder compartilhar um silêncio ou outro, mesmo que em algumas sinaleiras debruce o queixo sob o ombro que dirige o volante, saber que a intimidade cresce com o passar dos dias e não cabe enganação, não existe nojo e muito menos tédio é sorrir feliz cada vez que perguntam porque ando distraída, olho tanto para horizontes ou simplesmente os olhinhos brilham quando falo em amor.

Num olhar que pode atravessar uma sala cheia de gente, centenas de centímetros de distância ou instantes de tensão, é fácil telepatizar e encontrar ele me olhando como quem decifra antes mesmo que eu me resuma a pensar. Combinar os detalhes para o próximo final de semana, planejar um futuro no qual a gente nem mesmo sabe que existe - mas que é inevitável, sonhar pra que cinco, dez anos passem correndo tem tornado a realidade ainda mais encantadora, a cada dia. Tendo as particularidades acertadas, algumas concessões feitas, e uma grande amizade que nos permite um amor sincero e real, de algumas brigas mas de um bem inestimável quando resolve que é dia de paz. Porque além ter escolhido a dedo um namorado, faça questão de que este também seja o seu melhor amigo.

Que seu melhor amigo seja sim, o seu amor, eu disse esses dias. Sem arrependimento nenhum, porque eu sinto e logo precisa sair daqui do peito e das ideias pra tomar vida própria. Até porque, só aumenta a intensidade aqui. Enquanto ele faz o fogo e eu lavo e corto a salada, foge junto comigo pra não tão longe mas pra onde a gente consiga ser tão nós mesmos que é impossível não ir embora sorrindo ou simplesmente me levanta quase no colo numa festa onde toca música ruim, é sentir se aumentado em cada ato de ternura proporcionado. Mesmo que haja mosquitos, nada de muito bom na televisão, o latido dos cachorros lá fora ou comece a chover enquanto a ideia inicial era torrar o bronzeado do verão todo num único dia de piscina. Debaixo das sete chaves do meu peito, entre as primeiras pessoas que penso em contar as coisas boas que me acontecem, no meio dessa bagunça que tem se tornado a minha trajetória mundana, é ali que ele está: vindo na minha direção numa noite qualquer pra me levar pra passear um pouco onde o mundo se torna repentinamente bonito e a realidade desaparece.

Desde a minha força quando tudo vai mal, ao colo exato onde saberei que posso de vez em quando ser mimada e diminuir um pouco, pequenininha, ele que nem sempre pensaeá como eu, mas tem me ensinado um bocado sobre essa loucura que é a vida - e aprendido um pouco comigo, um tanto quando diferente, também - é que vale a pena num final de noite suado onde pensar não cabe mais de tanto que já foi o resto dia. Só quero um banho, qualquer coisa pra comer, e paz. E ele, e um filme, ou horas gastas antes de dormir com conversas esquisitas onde a gente se diverte falando sobre gostos em comum, discutindo acerca de opiniões nem sempre concordantes ou mesmo ouvindo a rádio de jazz e soul pelo computador e comentando o quanto era engraçado quando ainda não éramos tão cúmplices, mas desde lá, felizes construindo a solidez que tem essa paixão que ainda não morreu nem deve, mas que cada vez mais é amor.