quarta-feira, 1 de junho de 2011

To Marilyn


 

Que deu em você pra se ir assim tão cedo? Poucos sabem, mas mesmo por trás dessa beleza infinita, e tão inveja por nós, mulheres, havia alguém com sede de aprendizado. Desacredito que as milhares de fotos em que lê livros, revistas e scripts sejam à toa. Das suas biografias que pude assistir e folhear, a perpetuação do mito de ser ainda mais que o rosto de boneca e o corpo curvilíneo invejável: alguém. Estão para lançar uma coletânea de escritos seus há algum tempo. Lá fora, já está nas mãos - e na linguagem - do povo. Por aqui, ainda nada. Quero tanto poder ser leitora de seus fragmentos e conseguir decifrar um pouquinho que seja da personalidade irradiante que representou ao cinema, às artes, à fotografia. A verdade é que você nos deixou cedo, mas como tanto sonhou, estrela: em grande estilo, lindíssima.

Daquele seu medo de solidão, se viva hoje, uma multidão de admiradores, fãs e gente que te colocasse no colo, e desse todo aquele carinho escasso na infância, em retribuição - o que nos falta hoje, é dado amanhã; confio demais nisso. Quem sabe mesmo até a sufocassem, ou enlouquecessem: há maldade hoje, sim. Porém ruim foi quem conseguiu, nas distantas décadas e no que era incomum para o tempo, deixar que os vícios a acometessem, e que a ideias paranóides na sua mente já confusa se instalassem. Veja bem, você era boa. De uma inocência até mesmo incoerente, para quem realiza caras e bocas, e frases ardentes em filmes luxuosos. Por dentro, tão menina quanto o maior mulherão que amostrava ser externamente. O caos em forma de diva.
É sem pena que escrevo tudo isso. Em sua passagem pelo mundo - o que faz algum tempo, claro - e ainda assim, uma admiração tamanha. Um acervo rico em detalhes e trabalhos, cartas e amores intensos. Que deu em você para largar o bom marido que a queria em casa, como moça do lar? Sede de trabalho. Que pedido foi aquele para que o escritor, então seu conjuge, sobre você não redigisse uma linha que fosse? Autopreservação. E as ligações urgentes, imploradas, ao então presidente dos Estados Unidos da América? Um suplício, a fome de ser primeira dama e ampliar a importância glamourosa a que exércitos chineses e filas e filas de gente à beira de tapetes vermelhos lhe dirigisse.

Marilyn, das suas peripécias, à sua loucura doce, do seu batom carmim berrando vaidade ao seu vestido que esvoaça naquela sua cena marcante, do seu salto propositalmente cortado de um lado para requebrar melhor o andar, a glorificação de um ícone, o amor incondicional que acarreta jovens que tem apenas a possibilidade de se deliciar com sua voz e imagem por filmes antigos em DVD e aqueles de mais idade, que a puderam ver no cinema (ou mesmo ao vivo). Tantas almejam um pouquinho que seja desse seu brilho, da leveza com que atuava a senhorita. Não tem, nem de longe conseguem. Você, que com tanto fervor desejou pai e mãe decentemente, que ousou ao posar nua em segredo, e mesmo casada, para fotos de um calendário da época. A responsável por nos fazer ainda mais orgulhosas de que, com certeza, os homens preferem as que tem personalidade e um pouco de volúpia dá ainda mais charme e sedução, imperecível e atemporal, ainda encanta continentes e criaturas com o estonteante enigma de: por que tão magnética, Mrs. Monroe?

Outro famosa cena sua é o polêmio 'parabéns a você' cantado em palco e festa ao então seu affair, J. F. Kennedy. Uma grande musa, ao homem que, em termos de poder e política, foi também monumental. Hoje então, quem a deseja sou eu, mesmo finada: happy birthday, Marilyn Monroe, happy birthday to you.