quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Herói


Nem Capitão América, Super-Homem, ou Lanterna Verde. O meu herói favorito apareceu na hora certa antes que desistisse eu de acreditar que podia ser mocinha e salva desse tédio todo que era a minha vida sem a adrenalina que ele trouxe junto que é gostar com correspondência certa e remetente exatos: aos poucos, os dois. Simétricos em sentimento, desiguais em quase nada. Daí que surgiu ele sabe-se lá de onde pronto para resgatar a minha felicidade e a parte colorida desses meus dias que são normais quando não tem tanto dele, e perfeitos, quando ele aparece ao vivo. Talvez justo quando fosse eu cair naquele clichê das meninas infelizes que não encontraram quem valesse a pena - mesmo penando a procurar, há tempos na busca - e se desbaratinam desvalorizadas, adquirindo prontamente aquela atitude-masculina-clichê-promíscua em troca de direitos iguais que na verdade não existem, não no mundo de hoje, não na sociedade em que vivemos. Sabemos também: é vazio. Voltam pra casa mais incompletas, menos mulheres e totalmente vazias, querendo apenas ter quem as tire do limbo que deve ser fingir gostar de ter vários, mas na verdade mesmo, não possuir nenhum.
Ele é quem tem tirado o risco que tenho na metade do nariz do mundo artificial das maquiagens, captado meus brincos e tarrachinhas desses chãos pisoteados por aí com seu olhar observador e servido meu prato acatando aos "mais" ou "pouquinho" ou "não tanto" que mio da cadeira ao lado, quando a missão se resume em matar a fome (ainda não a do mundo, mas a nossa) - e que ele, claro, cumpre mil vezes melhor e em maior quantidade que a senhorita que aqui redige. Sem nome complicado, ou alusão à animal (raposa, quem sabe?), mas apenas aquele apelido que chamo e se resume em apenas uma palavra, diminutiva do seu sobrenome, e meu diagnóstico do mundo como um local a ser habitável, sem medo dos enormes perigos e riscos aos quais sucetíveis estamos diariamente. Nada de capa voadora ou roupa justinha: é você com a camisa do trabalho, ou algum dos moletons do seu cabide - que mais parece árvore, aos meus olhos embriagados - quem livra o mundo de ver apenas o que é feio para de repente avistar ali a sua beleza despreocupada, e ainda assim presente.
Nem nave, teias que conectam prédios ou batmóvel, mas que quando você liga pra que eu desça porque está chegando e eu espero alguns minutinhos, vale a pena: que quando o seu carro para o cenario se transformar gradualmente no único lugar onde eu sei que realmente estou segura e salva do caos urbano que tenta nos engolir. Continue sendo ele o meu motivo maior pra rir no meio de uma ou outra desgraça que apareça no meio do caminho, prossiga sendo o único herói capaz de espantar lados ruins, neuras e sintoma de estabilidade. Voe apenas sobre quatro rodas, me tire do sério para me elevar ao nível de mansa e nada feroz quando ao seu lado. Que ele capte as frases desconexas que falo enquanto durmo, cuide para que qualquer possível gripe que se anuncia corra pra longe, abra aquele sorriso depois de alguns segundos de silêncio para que eu sorria um pouco também. Meu herói favorito tem o dia atribulado, me vê quando pode, e ainda assim, me livra de tudo quanto é mal.
O seu silêncio primeiro aumenta minha loucura, apenas para depois, logo na sequência, com o seu abraço extirpar qualquer vestígio do que possa realmente me enlouquecer – e não seja charme ou um drama à toa.
Meio que por telepatia, muitas vezes lê o que penso ou faz justamente o que eu imaginaria ser perfeito. É nessa sintonia que talvez ando precisando tanto ser salva e solta desses tantos apuros, e de repente, me apareceu e tem surgido para me surpreender quem me isente de qualquer possível infelicidade. Quando quiser, assim que precisar, quando perto do nocivo: que eu o chame. E eu que só digo: lindo, lindo, lindo.