terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

E então a gente ama mais

Gostei numa primeira vista do moço distraido, brincalhão e de preto que eu mal conhecia. Era quase final de ano, e então, mesmo tendo gostado bastante de vê-lo ali, um tanto quanto distraido e também um pouco dentro do mesmo momento libertinoso, trocamos poucas palavras. Levemente alcoolizados, em uma festa. Vi esse mesmo rapaz algumas outras vezes depois. Eu queria muito que ele deixasse um pouco aquela tranquilidade toda de lado e conversasse um pouco comigo. Um pouco porque o que me desafia também me excita. Conversamos tanto, alguns dias e um pouco bêbados e hoje, somos namorados.

Depois de 3 meses, o cara "tranquilão" me faz rir quando séria, quando a hora é leve e nos paralisa num daqueles repentes onde a veemência é tanta que o resto perde automaticamente o sentido. Junto com a primeira impressão, e aquele gostar que de tão fermentado virou amor. Coisa que se comemora em 14 de fevereiro no mundo todo, que não aqui. Mas só pra quem não quiser. Na verdade, acho que a curtição de se apaixonar não mais precisa ser esporádica: necessita ser diária. Renovada a cada amanhecer, colocada na escala entre assuntos importantes e que merecem, mais que relevo, carinho e mais carinho para suprir, fortalecer e, confiante, chegar ao estágio maduro daqueles que sentem sem recibo em troca por simplesmente possuírem todas as certezas do mundo no olhar prolongado da tal pessoa.

Da atração de ver o menino de uma seriedade tão bonita que me incomodava, eu hoje compartilho meu mundo com o homem que - descobri - também sorri muito e tem sentimentos. Faz algum tempo, e parece ter sido ontem, mas que quando menos se percebi já vai fazer um ano que a minha vida mudou e se sentir sozinha deixou de ser o meu pior pesadelo suado, o carma que não me largava de mão e quando soltava, grudava na ponta do pé. Tudo porque, um belo dia, um cara resolveu que ia a minh companhia para sair. Me defender de alguns tarados idiotas.

É um fenômeno um tanto raro, esse troço de intimidade. Ao mesmo tempo que nos faz cúmplices, completos numa felicidade vibrante de quando tudo vai bem, expõe, fio a fio, os defeitos tecidos silenciosamente e que, com a lente colorida de um encantamento profundo, vamos ajustando o foco: e só então, a gente ama. E ama mais ainda, porque amor nenhum é suficiente que não o maior de todos, o mais imenso do mundo, infinito e multiplicado para aceitar até mesmo aquilo que a gente jamais abriria mão em outros casos, noutros tempos, com nenhuma outra pessoa, que não aquela escolhida.

De vez em quando ele insiste em beijar e beijar e beijar a minha mão, assim do nada. Fica difícil não fantasiar, mesmo que por segundos, que sou uma dessas princesas meio aventureiras, muito femininas e de história familiar um pouco dramática (como praticamente todas). E me faz ficar na ponta dos pés para beijar, e tudo isso encanta. . E disse esses dias a amigas, quando expliquei que me sentia pequena demais perto de muita gente - e era no sentido literal e figurativo mesmo do trauma de infância todo - porque sempre fui menor que todos os coleguinhas, as meninas do colégio e tudo, ele disse que era bobagem minha, porque ele adora o meu tamanho. Suficiente para a minha felicidade por dias e mais dias, mais eficaz que muito "eu te amo" dito por aí pelas esquinas. Sinceros, sérios, ciumentos: obrigada, obrigada e obrigada, príncipe teimoso.
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