sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Precoces "Amélias"

Faz sanduichinho, serve até a mesa (impecável, posta pela mesma), espera ele comer enquanto belisca apenas um aperitivo aqui e ali (imagina engordar, né gente? não, não - vai ouvir reclamações de como antes era mais esbelta e atlética) enquanto espera que ele termine a refeição, ou peça mais, e lava a louça, para depois secar e sentar bonitinha ao lado do querido enquanto ele assiste qualquer pocaria de esporte na televisão. Opinião? Esqueceu o que significa. Melhor deixar assim, pensa. Ele sabe o que faz, o homem é quem decide, se quero o amor dele, preciso fazer jus. Menos de 25 anos e uma persona Amélia em andamento. Acho é triste.

Deixa que ele diga quando e onde vão, com quem sairão, e que roupa irá vestir. Se ficam quase do mesmo tamanho e ela de salto alto, que tire. Mulher dele não usa roupa curta, não fala com outros homens, e se não agir conforme o que julga perfeito, já se torna ex. Algumas deixam que pelo passado negro ou uma baixíssima auto-estima, o cara domine o relacionamento na palma das mãos, com a rédea entre os dedos (assim como a própria personalidade, o companheirismo que deveria existir no relacionamento e qualquer comportamento espontâneo que desejar expelir). Fazer de tudo para agradar se torna o desafio diário a que precisam vencer. Grudam no namorado como geleca, pegando a mão do coitado a cada cinco minutos e fazendo um papel de dengosa que não convence a todo momento, ojerizador a quem de fora assiste. Desocupadas, se firmam em dissecar a vida alheia com detalhes inventados e vislubres inexistentes (para, claro, iludir pensando que vive uma maravilha quando, não). Passam a fingir que curtem as mesmas músicas, gostam dos mesmos programas, e começa até a imitar as frases ditas pelo cônjuge. Buscam o que pedem (um copo d'água, uma revista, um casaco), agem como eles esperam e se anulam, totalmente. Tudo em troca de um pouco de amor torto em troca. Zinho. Grande não pode ser um sentimento que oprime e sufoca, a ponto de a pessoa querer ser uma versão de si mesma que agrade, certo?

Amélia é que era mulher de mentira, se pararmos para pensar, caracterizar e colocar um pouquinho da música de Mário Lago na vida de atualmente - presumo que todos saibamos, mas a composição é antiga. Enfim, mulher verdadeira se resume ao ápice feminino como completa sendo trabalhadora, guerreira, esforçada, e que encontre tempo e boa vontade para ser bem-humorada, vaidosa, amiga e parceira simultaneamente. Homens buscam estar ao lado de quem tem uma vida própria afim de se somar à sua exclusiva e não uma imaturidade de quem sabe brincar muito bem de casinha, arrumadeira, chiclete de tão "atenciosa" (é assim que se definem) age como mãe em alguns momentos e não emite opinião nenhuma (feito criança, escuta um "não é não" e ainda agarra o choro, não desprende uma única reclamação). A clausura do pertencente ego chega a exalar quando perto de quem se nega a ser capacho e a falta de assunto se torna, então, uma constante. Falar sobre o que? A roupa que passou, o último prato pedido que cozinhou ou como se distanciou tanto das amigas como da própria existência para viver por osmose a do amado? Eu juro que me poupo. Levantar a bandeira de Amélia atualmente (ainda mais, quando em tempo precoce) está longe de alçar a paz interior e mais ainda, um equilíbrio sadio a dois.