quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Abaixo á sedução.


Olhar por dois segundos, e desviar o rosto. Fazer algum contato corpo-a-corpo, imediato. Puramente físico. Sorrir até cansar o canto da boca; dentes à mostra, lábios imersos em algum gloss ou batom realçador (e durável). Fazer mistério, e ainda assim, ser simpática. Voz dengosa. Cabelos perfeitamente lisos, calças jeans da sorte, e o casaco preto que realça. Ainda assim, minha sedução premeditada e ao vivo se resume em zero por cento. Travar frente aos pulos automáticos do meu coração enorme, é comigo mesma. Seduzir o alvo certeiro, como se faz? Preciso, inegavelmente aprender. Ou não.
Auto-confiança, dizem ser essencial. Isso eu tenho - até de sobra. O amor que tenho por mim mesma chega a ser chato e cansativo, e já começo jogando errado: tenho que perguntar sobre o outro, e não falar de mim mesma. Parar de analisar todo e qualquer movimento do lado contrário, e cuidar minimamente, os passos meus. É tanto love myself, que procuro alguém perfeito. E sabendo que não existe, vou aceitando as tentativas no caminho, os trocos que me são dados. Amo meu cabelo mais do que tudo, tenho uma boa relação com o meu corpo agora, minhas roupas causam inveja alheia. Maquiagem, às vezes. Brincos e jóias, sempre. O defeito então, aí não está. Deve estar na minha burrice para crer que, posso ser atraente, caso assim me sinta (tarefa difícil quando já se foi tenebrosa algum dia).
Misteriosa, sou apenas de início. Se me derem corda, desando a falar, e falar, e falar. Se pílulas falantes existissem, certamente eu seria uma compulsiva. Faço enigma sobre algumas coisas, e noutras, me aprofundo com firmeza precisa. Sou mais curiosa do que gero curiosidade. E não sei até que ponto isso me favorece.
Algumas vezes, abuso da sensualidade; noutras, viro quase uma freira. Gosto de moda, e tento usar o que me favorece. Porém, experimente ter um corpo bem brasileiro ou melhor, "sinuoso" e vamos ver se você consegue passar longe da vulgaridade. É uma tarefa difícil. Sina também é isso.
Minha voz é alta, e nasal. O contrário do que é considerado "atrativo". Não sei falar calma e pausadamente, e muito menos, baixo. Se não conheço, não minto. Não finjo amar nada do que não gosto, e faço questão em mostrar que sou diferente. Não toco quem mal conheço. Detesto que façam o mesmo comigo, e associo tal atitude um pouco como falta de respeito. E me jogar em cima de alguém, não está realmente, entre as minhas projeções. Existe sim, uma diferença entre seduzir, e se jogar. Na segunda opção, você pode terminar atropelada - e as suas chances, completamente no chão. Jogos de amor não me apetecem. Ligar, e sumir dois dias. Rejeitar convites, e convidar pra jantar. Captar, e depois, ser pega. Não dá pra ser tudo mais simples, tudo mais leve, algo mais sincero? Na contramão, atraio quem não desejo. Talvez por não acatar às músicas que se misturam ao álcool e não sorrir com falsidade, insegura por dentro. Deixo de seduzir quem realmente quero, porque ser enfeitiçada é benéfico à alma também. E assim acato ao que me aparece no caminho. Com muito desapego porque nada me brilha, nem me faz caçar o tesouro mais à fundo.
Por enquanto, na beirinha das ondas, deixando que molhe os pés vez que outra. Quando mergulhar, que seja para ir ao fundo, e redescobrir todo um oceano. Com muito olhar desmedido e fascinação recíproca; porque submergir em companhia pode ser ainda melhor, e se descobrir no outro desvendando também o véu do outro lado é o que nos salva da promiscuidade desse mundo atual.