sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

De primeira


Eis que um dos casais mais requisitados de bonitos da televisão brasileira sobreviveu anos em cima de um tabu, agora revelado. Fernanda Lima afirmou, com todas as letras, que teve sexo no primeiro encontro com seu - hoje então - marido, Rodrigo Hilbert. Um casamento e dois filhos depois, e tudo em ordem e em paz: frear o desejo em troca de uma falsa garantia, ou fazer o que bem entender e arcar com as consequências depois? A segunda opção me parece, um tanto quanto mais arriscada, mas muito mais libertadora. Além de autêntica.

Quanta menina que espera, espera, e quando deixa se ter a tal intimidade, é largada dias depois? Sexo "cedo demais" hoje em dia não diz nada mais nem de a personalidade de um homem, e muito menos, dos princípios de uma mulher. Deu vontade, foi lá e pronto: que saia de cabeça erguida e dignidade intocada, mulher valorizada hoje em dia é a que realmente sabe o que quer. Quem disse que é vagabunda essa só porque o papo foi ótimo, a química a mil e de repente aconteceu? Vadia hoje em dia é moça que se joga em cima demais, que não mede nunca o próprio valor e esquece os bons costumes, dando em cima de cara comprometido, falando mal depois de experiências ou beijando três, quatro, numa mesma festa. Ao menos ao meu ver, claro. É importante saber bem o que se quer antes de qualquer atitude drástica? Sim. Conhecer o cara pelo menos um pouco? Também. Mas decidir é um passo individual, e numa análise corrida entre quem se é, com quem se está e como proceder, sou muito mais a escolha corajosa de ir em frente guiada pelo próprio desejo do que parar justo quando as coisas começam a esquentar - e prometer - só porque "é o certo a se fazer".

São várias as histórias em que, num primeiro momento, casais que eram na verdade muito improváveis ou que não se deixaram levar pela pressão que a sociedade faz para que a ajamos "nos conformes" que resultam em momentos futuros de felicidade, fidelidade e também - e por que não, religião? - amor. Muito mais vale uma menina que não se preocupa demais com opinião, tabus ou comportamentos ditados como conselhos de amigas que dizem sempre "faça ele esperar para ver qual é a dele" e age conforme o que o corpo pede, uma intuição desabrocha, ao invés daquelas que voltam pra casa se corroendo de vontade, e se seguram porque é mais propício numa primeira impressão.

Se hoje em dia, o tempo consegue nos enganar, as palavras acabam por nos iludir, e atitudes, muitas vezes (ou quando faltam) nos surpreendem, como confiar tão cegamente num pensamento tão arcaico? Acontecer numa primeira vez pode evitar muito tempo gasto em vão lá mais na frente, abre espaço pra uma intimidade que muitas vezes se faz necessária, e convenhamos: é só ir com o pensamento focado no momento e na própria segurança de ser quem se é, que errado, pouca coisa pode dar. Há tanta coisa pior quanto a relacionamentos, possibilidades e o que pode ocorrer, e além do mais, aquelas que mais falam, são as que menos servem de exemplo (ou podem). Agir conforme as "invioláveis" regrinhas babacas do sistema apenas as fortalecem cada vez mais. Que o feeling diga mais que as más línguas, que a gente perceba detalhes e sinais e deixa que ocorra naturalmente, sem freio ou aceleração, o que tiver que ser.