terça-feira, 24 de abril de 2012

Malabares



Funciona mais ou menos assim: a vida anda equilibrada, você se puxa para ir bem no setor acadêmico, nunca teve melhor momento entre família e as amigas parecem todas fazer parte do melhor grupo do mundo. As saídas à noite, fantásticas. Memoráveis. Quer só um namorado. Deseja com toda a força alguém que dê um sentido maior a tantos dias que passam devagar e à essa corda bamba, sempre estreita mas firme: estável. Também entediante, vulgo certinho demais que só a insanidade cega, mas deliciosa do amor nos proporcionar. Nós, que precisamos ser malabaristas também, sempre. Mulheres.

Até que, então, aparece: ganha o coração, conquista espaço, revira nossa cabeça, mostra que veio para dar ao amor um novo patamar - fazer com que a gente equilibre não mais três bolinhas, mas agora, quatro. Quem disse que houve preparo para um arroubo de um afeto cheio de momentos fabulosos? Nada. Tem mesmo é que correr atrás das amigas como uma louca, fazer o que dá pra não ouvir da família a distância que não é sentida pela sua pessoa, mas todo o resto do mundo diz ser o calo momentâneo. A faculdade não tem mais a mesma graça de antigamente, não. Depois que aprendeu a pensar no outro a cada cinco minutos, a mania domina a mente, as ações, nós por completo.

Pronto. Na desordem da vida, tempo perdido para juntar do chão aquilo que caiu sem avisar não compra passagem de volta. O sentimento de nunca nada ser suficiente, de decepcionar em troca de uma felicidade possível, atende a chamada, marca presença e raramente cabula aulas. Ou a gente aprende, ou pega ritmo. Melhor ainda se um trouxer o outro embutido. Quatro não dá nunca. Três é bom, três é que é demais. Fica difícil, mas a gente lá, firme. Eis então: reprovamos numa cadeira do curso. As amigas sorrindo, a família alegre, o namorado, lindo. Cortamos relações com os pais: amizades foram feitas pra horas difíceis também, lógico que o amor da vida entende bem e dá um desconto quando escolhemos pirar um pouquinho, e a pensamos encontrar a tal profissão dos sonhos. Ou então, basta uma quebra de laço afetivo com todos os os amigos em questão para o namoro nunca ter sido tão lindo, os momentos com os irmãos em casa, um ninho e a universidade começar a nos surpreender, positivamente. Três é número da sorte, forma triângulo: quadrado pede maiores rotas, uma corrida inteira para que descubramos o que importa mais na estação provisória.

Surpresas nós, mulheres, ficamos ao ver o quanto administram bem todas essas sessões da vida o companheiro. Nunca tão gritante a diferença homem e mulher, assim como o aprendizado nobre e saudável dos conselhos e do colo quente, de quem não é pai, irmão, amigo ou colega mas o brinde especial que focalizam as coisas boas toda pra uma caixinha onde a gente guarda tudo de melhor que nos acontece.