quinta-feira, 3 de março de 2011

A piriguete


Ela vai tentar roubar as suas amigas, cativar o cara que você está ficando e toda e qualquer pessoa que cruzar tanto o seu caminho, quanto o dela. Você com certeza não fez a besteira de criar laço algum com um tipo barato desses, porém, da maneira que menos esperava, a vadia está na sua vida: a piriguete.
Não tem nada a ver com reputação, e falso moralismo. Mas sim, personalidade. Todos já erramos, já passamos da conta em algum momento, cometemos cagadas homéricas. A verdade é que, rotulada, ou não, vai bem além disso.
Ela não é sua amiga. No máximo, a aproximação que vocês tem é sair com amigas em comum. E olha que você evita o contato, eu sei. Faz de tudo para não expor a sua vida, não falar em demasia, e se manter longe. Ela parece simplesmente adorar estar perto, para provocar. A voz alta, mais um de seus trunfos para chamar atenção. Dá gritinhos estridentes e insuportáveis, abraços falsos e efusivos, e nem liga pro que o mundo pensa dela. Aliás, a única coisa que faz de correto na vida. Estudar? O sonho dessa rapariga é ser madame. Socialite. High society, rotina vazia e um homem rico ao lado. Amor, é para perdedores. Faz questão de salientar que está apenas pelo sexo casual, e só. Para conseguir o que almeja, passa por cima do que pintar pelo caminho. Poucos sabem que, quando não atinge sua meta, não acerta seu alvo, chora assim que bate a porta do carro, alto e péssimo som. Se debulha em lágrimas, e compressa o coração apertadinho, jurando que vai cair na sacanagem, e que a vida vai ser ainda melhor. Que a solução pro desamor que a deixou por uma moça célebre e conhecedora do mundo, culta, se encontra no fundo da garrafa de vodka que descerá na noite seguinte, amanhã. Todinha. A mesma habilidade que possui para enganar, seduzir, manter cinco caras em equilíbrio e na espreita, não é a mesma para conquistar sentimentos estáveis, duráveis. E claro, ela incompreende a sua felicidade quando apaixonada, e sua tristeza, de coração partido, tudo porque a superficialidade já veio embutida na vagabunda: é de nascença.
Como cantam, e reconheçamos: a piriguete não sente frio. Pode estar quase nevando, que lá está ela, de roupa curtinha e ju-ran-do que, tá tudo bem, tudo legal, e o frio? É psicológico. Melhor fingir que entende, a ouvir uma explicação cabulosa e esfarrapada sobre o look da garota. Roupas coladas, make pesado, e histeria, seus fiéis escudeiros. Sutileza, um desconhecimento. Exagera nos acessórios, extrapola o bom senso das combinações. É brega sem notar, pensa (será que pensa mesmo?) que arrasa, quando na realidade, chama atenção justo pelo contrário: pela desarmonia que sua figura caricata constrói. E piora, a cada dia.
Status, para ela, é luxo. Dinheiro na carteira, para a criatura, é lei. Inteligência, cultura e um bom papo, dispensáveis. Para a piriga, o corpo é a chave de tudo. Ou, bem, na verdade, a fechadura.
Acha chique bancar a má. Influência das novelas que assiste uma a uma, sem perder um só capítulo. Se a nova modinha entre as meninas de balada é beijar outras meninas na boca, lá está ela. Fuma por charme, não por gosto. Nem tragar o faz com sapiência daqueles que sorvem do cigarro tudo o que podem. Sem prazer algum, se para ser hype é preciso fazer uso de drogas, lá vai ela. A personalidade? No ralo, com todo o vômito de restos de comida, bebida e batom que exala, periodicamente. O que importa é sair e beber, e beijar quantos puder, quem vier. Mesmo sem grana, arranca a de quem estiver por perto. Bom mesmo é manter distância.