sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Andressa Responde: : A querida e o coitado típico






Oi Guria,
Primeiramente, gostaria de agradecer por este ano de 2011, pelos seus textos, tweets e afins. Tua paciência e solidariedade de doar um tempo do seu dia para responder e aconselhar à muitas leitoras em situações tensas! 


Ó, mas muito obrigada, dona moça.


Meu agradecimento vai um pouco mais além, afinal é a segunda vez que te escrevo. Segui seu conselho quando me respondeu sobre a ciumeira do meu querido e, it works! O ciúmes já não era mais um problema, foram outros fatores que me levaram a refletir e repensar a possível continuidade ou não de uma caminhada juntos, e eis o meu desabafo e pedido de ajuda.


Vambora, então.

Quatro meses de namoro, tudo estava correndo bem...Se não fosse pelo "coitadismo" dele (sim, depois de ler o seu texto sobre o assunto decidi que era a melhor hora para escrever). Por 4 meses acho que pude sentir o que é "ser o homem da relação" e você entenderá bem o porque disse isso.


Ui, medo. Vamos adiante ver o porque então.



Sempre fui uma pessoa positiva, "pra cima", que gosta de rir e fazer piada até da própria desgraça, alegre, e super ativa com tudo, tentei fazer da minha vida uma aventura a cada dia, correndo, conquistando e lutando até o fim por algo que queria muito! Essa sou eu: típica sonhadora que, quando quer algo, não apenas sonha, mas torna real. Já ele, é uma pessoa "tranquila", prefere o silêncio. Sempre com um motivo para lamentar e cheio de crises existenciais e problemas familiares. Um Don Juan, galanteador com as palavras (aliás, sabe usá-las como ninguém) mas com atitudes de menino, e não de homem.


Daí, realmente complica. Acho difícil lidar com os problemas alheios. Tá certo, ter um companheiro ao lado ameniza, faz com que a gente se sinta mais confortáveis, enfim. Agora, cada vez que surge algo, mínimo ou não, fazer disso um mimimi que não acaba nunca, não dá. Cadê momento de felicidade à dois que antes existia, né? É complicado ver morrer assim relacionamentos porque as pessoas querem ser 2 em 1. Individualidade, gente, é bacana também e deixa que o namoro respire.

Todo mês (sim, TODO mês) tinha algo para se lamentar: era o fato de termos vidas diferentes financeiramente (ele tinha uma condição inferior à minha, o que pra mim não é algo tão relevante assim) ou o fato de estarmos em cidades diferentes...


A vida financeira ser diferente é um pouquinho hard level, ok. Mas nada que muito amor não supere. Essa coisa de relacionamentos entre classes sociais distintas tem muito que a telenovela injetou no comportamento cultural do povo, não acham? Hoje em dia, se as pessoas se esforçam, isso quase nem transparece mais - a não ser que seja algo absurdamente desnivelado. Agora, cidades diferentes, pra mim ainda é o que já disse: BEM complicado e digo por experiencia própria por sofrer com isso diariamente. Em algum momento acaba sendo péssimo e a distância abre a porta para a carência que deixa a janela aberta, e quando vê, se não souber lidar, já era o relacionamento.



E quando ele não tinha esses espasmos emocionais, de repente apareceu (do nada) a mãe dele (que o abandonou com a irmã há uns 3 ou 4 anos atrás) que encontrava-se no hospital por causa de um acidente de carro e..E enfim: sempre um chororô diferente, todo mês! Naturalmente eu, como uma boa namorada, sempre apoiei e ajudei, consolei e fiz de tudo que estava ao meu alcance, mas tem uma hora que cansa né? E essa hora chegou...


Se a vida dele tá sendo barra e coisa e tal, ele vai ficar ainda mais arrasado e ser mais "coitado" do que já aparenta. Agora, se está fazendo o encantamento em relação ao amor que sentiam sumir, não tem mesmo jeito. A gente já tem problema demais pra que, a pessoa que a gente escolheu pra dar leveza ao dia-a-dia o pese. Se quiser terminar, a hora é mesmo agora. Final de ano cai bem pra essas situações.

Se for pra ser assim 2012 inteiro, prefiro parar por aqui. Triste, mas não posso carregar um fardo maior que meus ombros conseguem suportar. E depois de demoradas conversas por telefone, ele disse que viria pra minha cidade para terminar de modo decente, afinal, terminar por internet e telefone é muito comodo. Tudo bem, aceitei.


Só espero que ele não te faça mudar de ideia. Claro, é mesmo uma covardia acabar por telefone, celular, internet. Mas sabe, ao vivo a gente tende a não cair a ficha, a cair na conversa, cuidado. Vá certa do que quer.


Acredito que seja a melhor forma, até porque, tem coisas que a gente se adapta, mas caráter e personalidade são coisas imutáveis e se quatro meses já foram iguais, porque deveria acreditar que seria diferente daqui pra frente?


Verdade, eu concordo. Não acho que o falte esses dois componentes, mas sim que, ele não dá crédito à si mesmo. E conviver com quem a gente constantemente tem que ficar colocando pra cima é dose, né? Não nos acrescenta, assim como a pessoa não evolui.


E tem outros dois fatores que agravam a situação: meus pais não aprovam nosso namoro (mas permitem mesmo assim) e ele não tem o perfil de trabalhador (não quero alguém rico, mas que seja trabalhador, que se sujeite) e como conviver assim, eu trabalhando e lutando pelo meu espaço na sociedade, ralando o dia todo e ele no facebook e twitter o dia todo, estudando à noite e dando aula de Ed. Física uma ou duas vezes na semana? (até porque ele não se sujeita em trabalhar em outra coisa que não seja "na área dele")


Ah, daí não dá MESMO. Os pais não aceitarem mas vocês conseguirem contornar a situação, ok. Agora, isso de ele ter uma tendência ao vagabundismo também é algo que não rola. Como pensar em futuro com quem não se esforça? Ainda mais quando a gente o faz. Não, não, não..Procure alguém que seja como tu, que compreenda o teu esforço. Acho que te darás melhor.

Ok, ele vem amanhã e resolveremos tudo, sem levar problemas para o ano que se iniciará...Mas como dizer pra ele tudo o que te disse? Não sei como colocar em palavras concretas e coerentes na hora H. Me dá uma luz amiga!


Olhe, só fale. É isso. Você quer terminar mesmo. Não serão amigos de uma hora pra outra, né? Ele já vai estar com raiva, acho que é a deixa perfeita para que você transpareça tudo isso que me contou: que era um peso ele colocar um tanto dos próprios problemas em você, que ele não se esforçava para ser alguém na vida, que ainda tem os seus pais que não aprovam, enfim..Acredito que esteja bem nítido que tu consegues coisa melhor e que, se ele sofre MESMO de coitadismo, era só um vampiro emocional desses que sugam todas as nossas energias boas, até não poderem mais. Enfim, boa sorte, um ÓTIMO 2012, acho que dará tudo certo e o melhor a se fazer é ser sincera - pra ver se ele amadurece um pouco e pra ficar como dica pros relacionamentos futuros do próprio. Beijoca!


Quer também participar do Andressa Responde? Vem bem linda com a história redigida em e-mail pra dessagoncalves_@hotmail.com e espere que daqui um pouco, aqui está.