terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Andressa Responde: Traição, namoro à distância e a culpa


Olá, Andressa! Acompanho seu blog há algum tempo e diante da minha indecisão, do momento que estou enfrentando, decidi enviar o email. É sempre bom ouvir a opinião de alguém que admiramos. Enfim, minha história é longa e cheia de pontos de interrogação.


Mas então bora lá tentar desvendar esse enigma, né?

Namoro há quatro anos com o mesmo menino, ou seja, desde os 16. Meu namorado é uma pessoa admirável, parecido comigo em diversos aspectos, querido, me apóia sempre e nunca me deu motivos para desconfiar do seu caráter. No início do relacionamento, me mostrei uma namorada ciumenta (também pela imaturidade, afinal, nunca tinha namorado antes), implicava com coisas banais e por N motivos. Terminamos após quase dois anos de namoro e nos afastamos por seis meses.


A imaturidade era algo normal, você era novinha quando começaram. Voltar depois de afastamento é que acho complicado. Reatar, inclusive, é algo que não recomendo e nem confio: penso que quando algo tem que acabar, é porque teve motivos - e foi a hora certa. E mesmo porque, sempre quando retomamos algo depois de um espaço de tempo onde preenchemos com outras pessoas, costumes diferentes, experiências novas, tanta coisa se perde no meio do caminho, não é mesmo? Mas continuemos.


Nesse meio tempo, conheci e me encantei por outro rapaz, bem diferente de mim. Sempre fui tímida ao extremo, com um círculo de amizades mínimo. Passei minha adolescência trocando baladas e meninos por livros e noites na frente da tv. Ao meu contrário, ele era popular, conhecido, já havia vivido muita coisa, conhecido muitas pessoas. Dono de um currículo enorme, estava sempre rodeado de muitas garotas.


Opostos tendem a se atrair, mas só permanecem juntos se estiverem mesmo dispostos, como diz alguma frase que circula por aí. O diferente nos encanta, mas será mesmo que tem força suficiente para se manter? Fica a dúvida.

Enquanto eu estava solteira (quando havia rompido meu namoro), o interesse partiu apenas da minha parte. Conversamos pouco, mas o encantamento imediato só partiu de mim. O tempo passou, e logo voltei a namorar. Sofri muito durante o término e me senti imensamente feliz quando voltamos. Tudo ia bem, até que em uma conversa no MSN, esclareci para este outro rapaz minha fascinação e ele enfim disse que sentia por eu ter voltado a namorar, pois gostaria de ter me encontrado. Sentia muito pelo que nunca havia acontecido. 


E quando você foi iniciar essa conversa, estava namorando, certo? Se sim, me explica, amada: por quê? Poxa, se voltou com o "mor" não era pra nem pensar em mais ninguém, não concorda? Desculpem se sou cega e fidelíssima ao extremo quando apaixonada, mas pra mim apenas a pessoa existe e deu. O resto masculino do mundo - e as piriguetes - que se explodam.


Desde então, me senti confusa e levei a história em 'água morna'. Continuei mantendo as conversas, confessando que me sentia dividida.


Wrong, wrong and wrong way...Tipo da coisa que não se faz, até porque, se fosse o TEU namorado, aposto que rolaria briga, né? Achei muito feio, sorry.


Certa noite, meu namorado que mora em outra cidade, disse que não poderia vir no fim de semana e então, decidi sair um pouco com algumas amigas pra fazer qualquer coisa simples.


Algo a ser chamado a atenção: eu não acredito em namoro a distância. É, isso mesmo: descreio. Isso sempre acaba acontecendo. Quem precisa ir buscar amor onde não vive é porque muito já colheu na própria cidade, essa é uma das minhas teorias - mas que, parece não se aplicar nesse caso, ok. Mas gente, não insistam: sempre acaba dando merda. É assim, numa saída banal pra fazer qualquer coisa que não seja estar com o namorado, opa, traiu. Namorem se realmente puderem ter tempo e ficar com a pessoa sempre. Do contrário, é complicado demais manter acesa a confiança, o amor e o desejo. Fora as piriguetes, é claro. Sempre algo a se comentar.
Como uma peça pregada pelo destino, encontrei o dito cujo na primeira esquina e, ao me ver sozinha, logo me chamou para conversar. Com o coração prestes a pular pela boca, fui sem pensar duas vezes. Ele foi claro, disse que não se importava com o meu namoro, que gostaria de ficar comigo. Não resisti e aceitei. Minha consciência 'dizia', 'gritava' que aquilo era errado, mas ao mesmo tempo, sentia que era necessário.


Putz guria. Me perdoa se eu for grossa, mas é que poxa, dá até certo nojo de ler essas coisas - mentiria se dissesse que não. Traição é o tipo da coisa que eu me recuso a entender e fico puta. Realmente incompreendo POR QUÊ, guria. É sério. Se tinha esse desejo e mantinha essas conversas, que acabasse o relacionamento vigente e fosse ser feliz, afinal, era um alerta de que, com o seu cornamorado não estava rolando.

Não podia manter um namoro com aquele ponto de interrogação, aquele desejo pelo que poderia ter sido e não foi. Era necessário passar por aquela situação para que visse o que era melhor. Enfim, sei que pode parecer errado, mas foi o que pensei na época.


Acho que não ameniza o que tu fizeste, mas talvez sirva como consolação, sei lá. Nunca passei por isso, e realmente, acho que não conseguiria. Penso que sempre há um jeito de que a gente possa frear essas vontades repentinas e que depois virão só arrependimento. Enfim, feito, acho que terias é que terminar com o namorado. Pensa também nele, coitado. E falar a verdade, que é pra não sobrar remorso nenhum dentro de ti.

Me senti extremamente culpada depois. Contei tudo para minha mãe, a única pessoa que iria me ouvir sem me julgar. Decidi deixar aquele momento arquivado na lembrança, como único, raro e bonito, mas levar meu namoro em frente, porém o problema seguiu comigo - os pontos de interrogação se multiplicaram e não consegui esquecer o rapaz em questão, assim como tinha a certeza de que não queria terminar meu namoro.


Por honra e respeito ao teu namorado, na minha opinião, o melhor era ele saber e deixar que ele terminasse contigo se não conseguisse perdoar.

Acabei cometendo o tal erro mais algumas vezes, fiquei com o moço e no fim das contas, saia com a sensação de que aquilo havia terminado ali, mas sempre procurava notícias através de redes sociais, mensagens no celular, ligações, notícias recebidas através de amigos em comum e etc.


Ou seja, você até quis que acabasse ali. Mas não. O inconsciente procurava a sarna pra se coçar e os estragos a serem feitos. Acho complicadíssimo, mas mantenho minha opinião. Deu peninha do seu namorado.

Ele continuou seguindo da mesma forma, ficando com várias, frequentando noitadas, bares, sempre na companhia de vários amigos. Meu namoro resistiu à tudo. Algumas vezes, confesso que descontei no meu namorado a minha dúvida, camuflada em distância, brigas, indiferença.


Mais pena do seu namorado que, por mais que more em outra cidade, parece realmente gostar de você. É complicada mesmo essa carência que a gente sente e não consegue suprir, e de repente, acha que quem estar perto acaba servindo, quando tudo que sobra no final é culpa e remorso. Achei tudo triste.


Iniciei um tratamento psicológico, pois não aguentava mais viver com aquilo. Segundo a terapeuta, eu sofria pois idealizava o rapaz como alguém perfeito, gostava do proibido e apesar de amar meu namorado, era escrava das minhas idealizações e desprezava o que estava ao meu alcance, pelo simples fato de já possuir.


Concordo duas vezes: por ter procurado ajuda e uma opinião neutra e com a sua terapeuta. Mas acho também que é um tanto que imaturidade sua, e que, com o tempo, tu conquistas.

No fim das contas, quando olho para o lado, quando vejo um companheiro, um amigo, um exemplo, alguém que poderia passar a vida toda, quando me vejo velhinha, vejo meu namorado ao meu lado. Apesar de não ser perfeito, de estar longe do que imaginei um dia, ele é a pessoa que escolhi. Parece feio dizer isso, logo após relatar que o trai. Um amor egoísta, que feriu, que quebrou um elo quando cometi o erro de ficar com outro mesmo estando com ele (que não sabe e nunca saberá dessa situação). Me sinto culpada, suja, quando penso no que fiz, mas enfim, gostaria de pedir sua opinião de tudo isso. Não consigo me afastar do outro, para quem sou a última opção. Não sei exatamente o que, mas qualquer palavra, por mais simples que seja, significa muito, pois me sinto perdida em meio a uma situação que eu mesmo criei. Agradeço desde já.
Beijos, beijos.


Poxa, menina...Então. Fui pontuando ao longo do que me escreveste, como de costume, mas acho que, sabe o que é? Acho que tu deve curtir um desafio, isso sim. E ter uma auto-estima baixa, e estar com ela ainda mais lá no chão depois de tais acontecimentos. Tem contigo alguém que parece dar valor, que te curte, cuida e gosta, mas aceita ser pisada por um cara que não está nem aí, o típico bon vivant que toda mulher tem em sua história. Como já disse: fale ao seu namorado. A culpa diminuirá, e a consciência, ficará vazia. Limpinha. Foi bem feio mesmo o que fizeste, esqueceu a razão sabe-se lá aonde, mas: para não estragar ainda mais, para não deixar que outras pessoas o façam, fale você. Arque com as consequências dos seus atos, é assim que a gente cresce. E então, espere que o seu namorado decida se deseja continuar como seu parceiro, se além de aceitar, perdoa, ou se ele prefere ser chamado de ex. Dê ao menos esse gostinho a ele, já que o estrago foi você quem fez. Se gosta tanto dele como diz, o quer sendo otário por anos a fio? Acredito que não. Por mais duro e difícil que seja, espero que meus conselhos tenham servido para algo. E boa sorte!


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