quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Como esquecer um homem em dez dias







1º dia
Então, você tomou o pé na bunda, ou ele foi morar fora, quem sabe o relacionamento não estava mesmo dando certo: não importa. O relevante agora é a sua solidão que samba no peito mais que qualquer coisa. Se ainda houver resquícios de um amor mal acabado, vai se triste. E difícil. Caso você também não soubesse mais se deseja tanto assim, a companhia não fosse mais lá essas coisas – e nem os momentos de maior intimidade, pense: nem foi tão ruim assim. A tristeza vai aparecer, é claro. O vazio vai apitar, e até que a ficha caia, o estado é de imersão em monotonia. Por isso mesmo é que, quando sozinha ou ao menos longe dele, chore. Bastante. Até que se sinta a tristeza saindo pelos poros, desaguando no queixo e expurgando o agora “ex” aí de dentro. Lacrimeje até dormir feito criança, cansada de sofrer. Se tranque, compartilhe consigo mesma o próprio momento de fragilidade. Faz parte do processo de cicatrização.

2º dia
Você acordará exausta. As músicas de amor não farão mais aquele sentido; darão raiva. Ou nojo. Casais vivenciando o amor pelas ruas deixarão você com náuseas. Esteja preparada, pois esse é o dia do extermínio. Coloque numa caixa tudo que gera forte lembrança do cara. Tá certo, até as suas coisas trarão memórias de alguma frase dita por ele numa tarde de domingo ou numa segunda-feira pela manhã. Porta-retratos, bichinhos de pelúcia, roupas dele que ficaram na sua casa, cartões, tudo para a caixa. A limpa virtual também pode ser uma boa, caso você deseja que uma melhora rápida. Tire fora da sua lista de amigos, dos contatos do celular, dos e-mails enviados. Recalque nada: é tudo temporário. Se um dia houver espaço, circunstância ou vontade de uma amizade, é só reconectar. Deixe o espaço mais vazio do seu passado recente para, logo em seguida, completá-lo única e exclusivamente com você, num futuro também breve. Não ter que encarar algo que a fará estremecer de tristeza a cada dez minutos só ajuda no fechamento da ferida.

3º dia
Trabalhe bastante. Ou estude muito, caso você não possa. Se você está de férias, leia. Compre aquele livro que há tanto tempo quer e tem esquecido. Gaste suas horas numa livraria procurando por literaturas que te deem algum prazer. Culinária, moda, gramática, biografias, histórias de vida. Só fuja dos manuais de relacionamento ou livros dramáticos. Investir em algo leve é também uma boa. Caso escolha por arregaçar as mangas e fugir para o mundo burocrático, seja prestativa e pró-ativa, impedindo que a mente fique vazia e o demoninho tente adentrar – ou lembrar do querido. Se jogue em novos projetos, se esforce para focar em algo que realmente trará benefícios e prosperidade lá na frente.

4º dia
Compre. Ainda desconheço melhor terapia. Ao menos para mulheres. Caso o dinheiro esteja curto, seja final de mês, ou você não esteja dispondo de verba suficiente para se esbaldar com alguma nova roupa, acessório e afins, dê um passeio pelo shopping, ao menos. Experimente roupas, veja vitrines, passeie por gente diferente, observe a vida em movimento passar por você enquanto as horas também pedem passagem. O importante é abrir um espacinho, mesmo que pequeno, para que o consumismo – nem que seja de um doce na praça de alimentação – faça você se sentir momentaneamente no céu. É capitalista, mas também é hipócrita quem contestar que um novo par de sapatos luxuosos ou um vestido que caia perfeitamente bem conseguem elevar a autoestima de qualquer uma.

5º dia
Mexa-se. Atividade física libera endorfina, o que deixa qualquer pessoa mais relaxada e contente. Acho válido desde academia com direito à musculação ou aulas agitadas como pump ou jump, pilates, yoga, futebol, natação, caminhada, corrida, artes marciais, balé. Contanto que a concentração seja exercida e o corpo se movimente. Ter saúde só faz com que a gente ache a vida mais tolerável. Melhor de tudo: ainda dá para ficar sarada, cuidar mais de si, e invejar o povo por aí. Talvez tenha até o cara arrependido mais tarde, notando tudo que tinha e perdeu. Depois é só caprichar no bronzeado.

6º dia
Dia de beauté. Marque um dia para realçar a linda que existe aí dentro. Ou ao menos mude o cabelo, o que sempre nos dá aquela sensação boa de vida alterada, né? Cabelo, unhas, sobrancelha, massagens modeladoras, depilação: um dia pra você sair de lá se sentindo a musa suprema com certeza aumenta as chances de o pensamento deixar de ser “sou baranga, perdi o homem da minha vida” para “ele é só o idiota que deixou uma mulher dessas passar”.

7º dia
Saia com as amigas. Nada melhor que o humor contagiante de quem nos conhece bem, junto com os papos colocados em dia, e a reafirmação dos laços com essa partezinha de família que a gente acaba escolhendo para figurar também como pessoas importantes. Rir, beber uma cerveja, sair para dançar, bater perna no shopping, ou simplesmente nada melhor do que não fazer nada, mas só estar na companhia daquelas queridas que tanto nos fazem bem. Podem vir ótimos conselhos e deve vir muito colo junto no kit, então, é bom aproveitar e se divertir!

8º dia
Viaje. Nem que seja um final de semana. Ou mesmo um dia. Se puder, suma por um mês. Vá conhecer novas cidades, ver novas culturas, aprender um novo idioma, desafiar à si mesma longe dos lugares já demarcados com tantas lembranças. Só tende a fazer bem, além de enriquecer a experiência, lidar com situações novas e ter a ótima oportunidade de, quando voltar, ensaiar um recomeço de vida tendo apenas você como protagonista. Costuma funcionar bem.

9º dia
Faça coisas que gostaria de fazer mas, que com ele, era impossível. Vá ao cinema, mesma que sozinha. Caminhe naquele parque em que ele detestava. Aproveite para comer também as coisas que, estando com o moço, você deixava de lado - ou porque ele não gostava, ou para se manter lindinha. Vá em festa gay, fique em casa feito mendiga, durma até não poder mais. Flerte com outros caras, caso você já esteja bem suficientemente para. Comemore tendo um dia anti-o-nome-do-seu-ex, fazendo tudo que antes você tinha que tirar da cabeça.

10º dia
Aceite. Só então, pare para refletir. Pós, contras, listas do que você amava no relacionamento e daquilo que já estava dando vez à sua impaciência. Mas tente não ficar triste: ciclos são assim mesmo, e quando termina, é porque era para acabar. Dê a chance de alguém por quem você teve um sentimento forte de ser feliz, coisa que, pelo visto, com você não estava acontecendo. Pense nisso só um pouquinho. Olhe para trás e veja os dias ótimos e momentos resgatados que você viveu, o quanto também valhe a pena exercer a própria independência, a grandiosidade de estar em conjunto com a única pessoa por quem o amor será incondicional, sempre e cada vez mais: você.