Ou lavar uma louça em água morna enquanto você acende a lareira, maratona de filmes, alimentar os peixes, silêncio sadio enquanto leio e ele dirige: tudo pacifismo puro onde antes a minha mania impetuosa doente via problemas, o meu estado de espírito irrequieto complicava sem cerimônia, pudor, pedido; agia sem uma fagulha de pensamento durável, o desejo de permanecer no embalo da rede, matando a sede na saliva. Sorrir sem cansar e, ao se dar conta, ver no sorriso do outro a única figurinha repetida que a gente não cansa de arquivar na coleção. Viver de bandeira branca amarrada no peito, muito melhor acordar sem caber no espaço de tempo que passamos juntos espaço para mau humor, chatices já conhecidas e melindres totalmente desnecessários. Rir com as imitações ao telefone, agora gostar dos antes tão detestáveis domingos, quase voar quando junto, tamanha a leveza que com erros, ganhos, situações e a mesma vontade de que não quebre nunca e dure pra sempre (ampliada, gigantesca, gritante) de sempre fizeram chegar até a parte mais doce e segura, até então.
De olhar a vista nebulosa do friozinho da noite e lembrar momentos de um passado ainda próximo, e gargalhar um pouco, se proteger do sereno e fazer a dancinha. Ser pão, comida e todo o amor de uma vida enquanto durar, conseguir ultrapassar árduo do inferno até chegar a esse céu de alguns dias - assim, limpinho e azul, sem ventos que nos enrolem as ações, nem o frio de palavras impensadas, atitudes intempestivas. De um colorido tão clarinho que nos ilumina e do tanto de bem que tem, nos faz querer ser pessoas cada vez melhores. Porque é dessa calma aguda que preciso sempre, de pés de meia que roçam e esquentam os meus, da fortaleza de sossego que são dois braços fortes que me envolvem, sólidos. Serenos. Tranquilos. Felizes.