segunda-feira, 28 de maio de 2012

Quem não quiser mais, que deixe: em paz




Uma amiga, quando se sente insegura dentro do próprio relacionamento costuma fazer uma mesma pergunta pra mim, sempre que o barco balança: e se ele não quiser mais saber de mim? Aí, colega, eis que a vida vai continuar, trato de dizer. Segundas-feiras continuarão sendo massantes, por mais que a gente não saia da cama. Pragas de mãe continuarão a ser nossa mais temida assombração, assim como o "eu te avisei" que vem sempre depois e as contas logo que um novo mês se inicia. Os ciclos do amor vão continuar, e convenhamos: se o cara desistiu assim tão fácil no menor sinal de turbulência, talvez fosse um babaca, certo? E se caiu fora mesmo de vez, que cedo se vá.

Livres de sermos deixamos a sós não estamos nenhum de nós, que respeitam um amor ainda em formação ou zelam pelo compromisso firmado. Ele pode se apaixonar na fila do pão hoje mesmo e querer fugir pra Boston, pode mesmo. Assim como você tem alguma mínima chance de esbarrar sem querer no amor da sua vida, na razão da sua existência, ou numa tórrida paixão que a deixe cega, mas enfim, iluda. Meu pai pode deixar minha mãe, sem eira nem beira, nem motivo plausível? Lógico que pode. Angelina Jolie pode seduzir o marido de outra bela atriz e desejar mais do que nunca começar de novo, assim como Brad tem o direito de querer um descanso, uma paz, solteirice ou se apaixonar sem querer, na inconsequência de cometer duas vezes o mesmo "erro". Dizemos sim, usamos alianças douradas, andamos de mãos dadas, mas a loucura humana de alguns segundos é tão sensitiva que foge de explicações plausíveis.

Digo sempre que, sim, ele pode te deixar. Nada impede de uma ligação que toque não somente o telefone mais a mais temível das frases como "andei pensando, e é melhor cada um seguir a sua vida". Nadinha. Ou mensagem. Encontro que começa com "precisamos conversar" e acaba com cada um indo no lado oposto, coração em frangalhos, a dúvida de não saber o que é realmente certo, algumas ou muitas lágrimas pelo aborto indesejado daquilo pra que se tinha tantos planos, uma poupança de sentimento e amor, amor e tanto. Estar preparada é a melhor opção, aconselho. O medo bate na porta de vez em quando apenas pra que a gente não se esqueça da condição vulnerável de todos nós.

Muitos planos na cabeça, felicidade profissional, alguns amigos pra se contar e a família por perto como bálsamo e dosagens de equilíbrio; bom senso e uma racionalização que a gente deixa voar sempre que os pés pedem deixar o chão nessas de se ter o peito preenchido, praticamente tatuado por quem a gente acha que é da gente. Não é. Faz bem de vez em quando esses sustos do amor pra não cair na rotina nem considerar garantido aquilo que pulsa e oscila conforme o momento. Quem não quiser saber mais que nos deixe em paz, oras!