segunda-feira, 21 de maio de 2012

Se for trair, favor não namorar

 



Pela lógica, trai apenas quem namora. Reúne certa coragem em cometer o carnal e libidinoso ato aquele que não só pensa, mas peca por colocar no plano real aquilo que rodou no lado B da vida, nas fantasias e eroticismos. Sem lógica alguma, vai atrás de uma certa adrenalina, do perigo que faltava no dia, da emoção que sumiu de repente por entre a rotina do relacionamento, e erra. Opinião, um recado, mais respeito: se for trair, favor não namorar.

Fechar negócio nesses lances de amor requer muito querer. Parece complexo, só que na verdade é simplíssimo: quer? Quer. Muito? Bastante. É recíproco? Se sim, acordo praticamente assinado: faremos um ao outros felizes o tempo que for pra durar, as DR's não serão constantes, nos veremos tantos dias durante a semana e vamos tentar manter os amigos por perto, sabe como é - às vezes o barco fura, de vez em quando a curva aperta, e vai saber quando não se é necessário queimar todas aquelas palavras do calor de um momento onde um passa a ser do outro, ao menos na teoria. Ou seja: tendo certeza de que o perfume da criatura é o cheiro mais pedido na hora de dormir, raciocinando conforme os pinotes que o peito dá cada vez que chega a hora de se rever após 48h distantes e qualquer outra pessoa interessante se torna magicamente mais uma que passa, ok. Apaixonados, um ao lado do outro, sendo mais que amantes; cúmplices. Bem mais que apenas namorados: melhores amigos. E é por esse pensamento que não passa a ideia de que adultério é algo que se justifique. Que firmar uma parceria requer aceitação com esses pequenos deslizes. Até porque na prática, o concurso engasga quando a trama envolve um de nós, não é mesmo?

Claro que existem brigas, a distância pode incomodar os mais carentes, existem coisas piores que trair dentro de um relacionamento. Sim, tudo verdade. Nada menor que o amor, porém. Motivo nenhum melhor que ser louca pelo cara que, não é perfeito, mas nos cuida como nenhum outro quando a barra pesa. Desculpa nenhuma mais grandiosa que sumir nos finais de semana porque ao lado daquela moça meio maluca o mundo fica apertado, de tão pequeno. Existe espaço pra outra pessoa quando um casal é na íntegra, inteiro? Eu duvido. Como se sentir decente e boa pessoa, conseguir dormir leve e manter a consciência limpa tendo enganado quem nem ao menos imagina a fragilidade frente a uma (ou mais) tentações? Questão que passa longe do meu entendimento. Está infeliz? Falta algo? Termine. Deixe. Acabe. Sem confiança, não há muita chance de futuro próximo. Livre a pessoa de um amor que nasceu torto e mais tarde se tornará um peso morto, mais um dos tantos problemas diários. Vá atrás de uma liberdade digna e que possa ser aproveitada de corpo e alma, se é isso que o grito interno pede.

Se for namorar, favor não trair. São anos e anos de homens achando que podem tudo só porque são sexo forte e todo um discurso babaca que merece o lixo como trono. O mundo cada vez mais igualitário, o amor real, desses de verdade mesmo, cada vez mais escasso. Preservem seus pênis intactos, meninos (assim como a mente sã, por favor). Mulher é sinônimo de alarde, e mais de uma, dor de cabeça. Que a sensação de fazer algo errado se resuma em trabalhar demais, sumir de vez em quando, estar cansado do papo antes de dormir e esses pequenos deslizes. A gente aceita.