quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Símplices


Rotina é vilã. Casal que permite que a estagnação se acomode, lerdo. Surpreender é quase um elixir da renovação a dois: salva dias, melhora consideravelmente humores, marca na história de cada um pelo inusitado gostinho bom de uma demonstração concreta de amor. Que aliás, são importantíssimos esquecidos, esses manifestos de amor: palavras encantam, mas atitudes, com certeza nos vencem. ...Superam o premeditado do intelecto, saem na frente de promessas, frases fofas ou apelidos carinhosos. Gosta, então dê a perceber. Viver como advinha num campo minado onde reina a instabilidade machucará algum dos dois, mais cedo, menos tarde: em algum desses momentos onde se reprime tanto o que se sente, e acaba-se por se perder o horário exato de embarque na rotina do outro. Insegurança é o chamado para a paranóia, e precisa ser eliminada assim que aparecer.
Mãos dadas não somente para andar na rua, mas também pras horas em que o toque é o único salvamento possível, beijos que sigam apaixonados e estancadores do mundo em volta enquanto durarem, e a intimidade crescendo desmedida, porque é ao mesmo tempo culpa e autenticidade, com duas colheres de amadurecimento - justamente por conseguir amar com realidade a criatura humana e também errante que escolhemos. Reciprocidade, pra que nenhum dos dois sinta perdição de mais e cumplicidade de menos. Dias de calmaria e exercício, pra que ninguém embarangue apenas por estar num relacionamento, e a mescla de noites calmas onde o descanso é preciso, e de se ir pra rua, pra barzinho, festas e aniversários onde é possível sair um pouquinho do lado, pra sentir uma saudade não tão grande e que se mate logo em seguida. Minutos de silêncio, pra que se recupere o fôlego; e de fala incessante, pra que se divague em companhia, rodando pelos mais distintos assuntos.
Deixe o ciúme sob controle, as expectativas futuras fechadas com zíper num futuro que é pra mais tarde, a amizade vir antes de qualquer coisa, para que se suportar não seja uma árdua tarefa, mas sim, algo que se encare por gosto das diferenças, admiração em primeiro lugar. Mantenha o romantismo aceso, a confiança sempre em bom estado, e as brigas, o mais distante possível dos momentos bons que não merecem ser estragados. Liberdade, sem sufocamento, também faz bem e apenas renova a vontade de estar juntos, num prazo longo que tende apenas a se estender ainda mais.