segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Andressa responde: traição - há perdão, ou não?



Oi Andressa! Tudo bem?
Acompanho teu blog há dois anos e sou fã incondicional. Após ler tantos depoimentos e pedidos de ajuda sendo gentilmente acolhidos por você, tomei coragem e vim deixar o meu. Na verdade, não preciso decidir nada, mas é algo que me incomoda então vim abrir meu coração para saber a sua opinião sobre o assunto.

Olá, garota. Claro, claro. Fico feliz que leia desde o comecinho, e goste bastante. Pois então, vamos lá.
Namoro há mais de três anos um rapaz que me trata como qualquer garota gostaria de ser tratada: carinhoso, companheiro, compreensivo. Nosso relacionamento é tranquilo e na medida certa, com seus níveis de ciúme e diferenças controlados. Tudo sempre foi muito intenso. Estávamos sempre juntos. Quando eu não dormia na casa dele, era ele que dormia na minha. Tínhamos finais de semana harmoniosos, de diálogo, colo e carinho mútuos e o sexo sempre foi bom para os dois. Saíamos e nos divertíamos sozinhos ou com amigos em comum para todos os lugares: de boates a viagens a dois. Eu o ajudava com os estudos, ele me ajudava com coisas do trabalho que eu levava pra casa...Enfim: era o relacionamento - modéstia parte - que todos os nossos amigs julgavam perfeito. Com planos futuros, inclusive.

Ótimo. Aqui aqui, tudo bem. Até demais.
Só que na metade do relacionamento, aconteceu uma coisa inexplicável. Um dia, sem mais nem menos, ele ligou avisando que estava chegando...E não chegou. Fiquei preocupada, esperando, ligando e só consegui falar com ele no dia seguinte. Foi aí que ele apareceu com uma história duvidosa que eu vim descobrir ser mentira dias depois.

Putz. Mentira é péssimo. Não sei como conviver. Acho que passaria a questionar tudo até então, se não foi mentira também e eu é quem nunca tinha olhado mais atentamente.
 

Ele havia me traído. Sem mais nem menos, no caminho de casa, passou numa festa com o amigo, conheceu uma pessoa e ficou com ela.

Meu deus, mas assim, do nada? Tipo, vou ali na esquina comprar pão, e de repente peguei aquela gostosa que estava ao lado do orelhão? Ou, fui lá fazer a revisão do carro e voltando pra casa, resolvi entrar numa festa? Não entendi muito bem. Mas aí que tá: as pessoas não estão aqui no mundo pra que a gente as entenda, mas sim, que as compreenda. Erros são humanos, porém, assim, de repente, me assustam. Acho que meu mundo desabaria e eu teria ido comprar correndo uma passagem pra Europa, num país bem distante.

O mundo desabou. Terminei tudo com muita, muita raiva. Meu coração ficou destruído, ele parecia enlouquecido. Não sabia dizer porque havia feito o que fez e eu não entendia como isso podia  estar acontecendo. A partir daí, foram meses de pedidos de perdão. Ele aparecia na minha casa chorando, implorando, me enchia de flores, de cartas e dizia que reconhecia o erro, e queria apenas uma chance para provar que era mesmo amor o que sentia por mim.

É fácil cometer o erro, em poucos segundos, e depois se arrepender por meses, né? Talvez, tenha faltado espaço pra singularidade e sinceridade ao longo do relacionamento, o que acabou resultando nessa explosão de sentimentos guardados em que figurou a traição dele. Pense comigo: você faria a mesma coisa? Sequer cogitaria entrar numa festa ao invés de ir ao encontro do cara? Tenho certeza que não. Quando a gente está namorando, é essencial ainda estar apaixonado. E se não está, alguma coisa errada anda ocorrendo. Ou simplesmente é um prenuncio do fim que a gente se recusa a captar. Deve ter sido difícil não ceder aos apelos e choros, e afins. Mas sabe, e voltar confiando no moço, será que dava? Eu não conseguiria.

Andressa, eu sempre achei que quem ama não trai. E nunca achei explicação pra isso. Porque não sou do tipo que se engana e sei que nada que vivi foi uma farsa.Mesmo tentando entender, perdoei e reatamos. No início foi uma situação muito dificil. Apesar de ele permanecer como sempre foi comigo, a minha insegurança chegou a mil por hora.

Olha, segurança bem justificada. Como disse antes, a confiança não se restaura assim, num piscar de olhos. A fase ruim roda na cabeça sem parar, a imagem que tínhamos da pessoa, com certeza, muda. Tudo bem compreensível da sua parte. Só, como eu disse, não teria reatado o relacionamento. Quem faz uma, pode facilmente e já sabe o caminho para fazer duas, três..

Muitos apoiaram a decisão, inclusive minha familia (com quem ele fez questão de conversar). Mas ao mesmo temp, fui julgada por outros que adoravam a gente como casal antes. Fui chamda de burra e "conformada" por perdoar uma traição e recomeçar.

É a cruz a se carregar. Pessoas julgam as outras, e quem diz que não o faz, mente - o que também resulta em pecado no final das contas. Se sua família é importante pra você, e a apoiou, já consideraria um fato de grande importância. A opinião alheia nos serve muito pouco, não é feita sob medida. Em primeiro lugar, prime pelo bem estar da sua consciência, atenta à sua intuição e ao que seu radar feminino capta ao redor. Se voltaram, e estão bem, e as paranóias conseguiram sumir da sua cabeça, viva o momento e deixe o passado lá atrás mesmo. O que vai, volta, e pode não ser por você, mas corno o moço também há de ser um dia, oras.
Na sua opinião Andressa, é possível quem ama errar desta maneira? E se errou, é possível se arrepender sinceramente? E não seria o amor capaz de perdoar tudo quando a pessoa merece pelo que sempre foi? Ou errar desta forma põe a pessoa numa posição imperdoável pelo resto da vida? Sseria eu mesmo burra?

As respostas: pessoas que amamos erram, e algumas vezes, nos machucam sim. Agora, se ele foi procurar algo fora da relação de vocês, é porque, para ele, algo estava faltando. Isso é fato. Tendo então errado, claro que é possível se arrepender (ainda mais quando o faz sem nem ao menos pensar direito em quem realmente importa). Se você ver nos olhos que há sinceridade ali, e sentir que deve perdoar, perdoe. Confiança, é como dizia a Lady Gaga à Beyoncé naquele clipe, e eu reafirmo: depois que estraçalhada, difícil de colar todos os pedacinhos e voltar a ser exatamente a mesma. Imperdoável para o resto da vida é tempo demais, deixe que os dias corram, e quando você conseguir, de coração não pensar mais nisso tudo com raiva/nojo/ódio, caminhe em frente e deixe isso lá atrás porque o passado é uma roupa velha que não nos serve mais - canta também Belchior, esse lindo. Burra nada, você ama e ponto. Tem gente que é traída, nem sabe e posa por aí de bem entendedora dos relacionamentos e o caralho a quatro.

Mesmo depois de quase dois anos, essas questões ainda me incomodam, apesar de hoje - modéstia à parte - ele e nosso relacionamento continuarem sendo tudo de bom. Ele diz que daria tudo pra apagar a burada que fez da nossa história.

Pena que não pode. Até eu queria apagar junto com ele, mas só dá pra abandonar o que já passou e pensar em futuro, ao invés de passar simplesmente uma borracha. Se ainda a incomoda, mas não é tanto, tente conversar com ele. Não esconda essa sensação, fale o que a aflige e quando. É justo com ele que entenda o que se passa no seu comportamento por tudo isso que não fez bem.

Andressa, te considero uma pessoa de boas opiniões e sentimentos, gostaria de saber sua opinião e visão desta situação... Aguento qualquer coisa, mas por favor, me diga de coração o que você acha? Muito, muito Grata!

Não conheço seu namorado, o que impede uma visão mais crítica e que a minha intuição auxilie a sua. Porém, é complicado. Eu imagino a barra que deve ser. É o tipo de situação onde a gente julga e fala o que faria e o que deixaria de fazer, porém, quando na pele, ficamos perdidas. Dei algumas dicas de como (eu acho) que procederia, ao longo do seu e-mail. Dizia até pouco tempo, que pra mim, traição não tinha perdão - frase manjada que muitas pessoas por aí dizem, mas poucas seguem a risca quando o barco afunda pro seu lado. Hoje, pensando super criticamente, vejo coisas muito piores a dois do que uma fraqueza momentânea. Ele poderia a xingar, bater, puxar pra baixo, ser indiferente, e tantas outras coisas que também nos ferem acentuadamente. Se você está pronta para perdoar mesmo, vá em frente: arrisque e esqueça. Enterre o assunto e pronto. Caso contrário, peça um tempo, pense bastante, cuide bastante de si mesma, e reavalie BEM o que deseja pro seu futuro. Acho as duas atitudes bem válidas. Boa sorte!

Beijoca,

Andressa Gonçalves

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